Pelo segundo mês consecutivo, Boa Vista registrou a cesta básica mais cara da região Norte e a 7ª mais cara do Brasil, chegando a custar R$ 441,60, em agosto. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), nos oito primeiros meses de 2016, a alta acumulada na Capital foi de 21,35%, a terceira maior do País, ficando atrás apenas de Goiânia (22,51%) e Maceió (22,28%).
Diante do quadro de elevação no preço do conjunto básico de alimentos, a Folha ouviu um especialista para tentar entender quais são os fatores que implicam no alto preço dos produtos na Capital. “Na verdade, é uma somática de fatores. Estão acontecendo situações atípicas em Roraima que não ocorrem no resto do País, como a demanda maior que a oferta”, explicou o economista Raimundo Keller.
Conforme ele, a “invasão” de venezuelanos no Estado e o aspecto sazonal de alguns produtos, como os cereais e lácteos, justificam o alto custo. “Os venezuelanos estão comprando muitos alimentos da cesta básica e isso influencia no preço, porque a demanda tem sido significativa. Além disso, produtos como o arroz, feijão, manteiga e queijo tiveram aumento no preço porque a produção diminuiu”, afirmou.
O economista citou que os estados da região Norte têm diminuído a produção de mandioca, o que eleva o preço de produtos como a farinha. “Esse fator também mexe com a produção de farinha. A verdade é que há menos incentivos fiscais e os produtores estão com a perspectiva de produzir outros produtos por conta das condições climáticas desfavoráveis”, justificou.
O fato de Roraima ainda ser dependente da importação de alguns alimentos e a alta no preço dos combustíveis foram outros fatores citados pelo economista. “Somos importadores de alimentos que vêm do Sul e da própria região Norte, então o transporte desses alimentos tem sofrido aumento de preço por conta do reajuste dos combustíveis”, disse.
Para Keller, não há outra saída para o consumidor economizar do que a pesquisa de preços. “Não tem melhor remédio do que pesquisa. O consumidor quando entra em um supermercado tem que pesquisar em pelo menos dois ou três estabelecimentos até encontrar produtos com preços acessíveis”, orientou.
O economista aconselhou aos consumidores somente a compra de produtos indispensáveis ou a compra fracionada durante o mês. “Não dá mais para fazer aquele rancho e estocar alimentos. Alguns supermercados distribuem panfletos e de fato tem preços bons, mas outros fazem armadilhas. É preciso haver um equilíbrio para preservar a renda”, frisou.