Cotidiano

Descarte incorreto de pilhas prejudica meio ambiente

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

A pilha do controle da TV ou central de ar já não funciona mais nem é recarregável. O celular foi substituído por um novo. E o que fazer com as pilhas velhas e bateria sem uso? Para esse tipo de produto, é preciso um descarte consciente, feito através de coleta porque apresentam riscos para o meio ambiente e para seres humanos também.

A ação corrosiva destes materiais pode contaminar as águas de rios, por exemplo, e atingir diretamente quem consome água, através da ingestão ou de mergulhos. O material também pode cortar alguém e gerar uma infecção, assim como pode explodir por causa do lítio e gerar um incêndio ou machucar alguém.

Desta forma, pilhas e baterias de celular não podem ser descartadas de qualquer forma nem mesmo ficarem guardadas em casa. É preciso encaminhar para locais em que há uma coleta consciente. Todas as operadoras e assistências técnicas autorizadas são obrigadas a ter um coletor de baterias de celular.

Em Roraima, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também faz este trabalho desde 2011. Os servidores da instituição descobriram uma assistência de televisores que recolhia pilhas e então se inspiraram para criar o próprio projeto. A atitude chamou tanta atenção que é comum escolas convidarem a equipe para palestras sobre descartes de pilhas e baterias ou agendarem visitas ao local com intenção de conscientizar as crianças e adolescentes.

“Geralmente as crianças não sabem e nas palestras a dúvida mais comum é: por que não pode jogar pilha no meio ambiente? E a resposta é que leva anos e anos para que aconteça a degradação deste material e prejudica a natureza porque vai para o rio e aquele material metálico que pode ser ingerido até mesmo pelas crianças”, relatou Naira Melo, responsável pelo departamento organizacional do Senai.

A coleta é só o primeiro passo do descarte consciente. Duas vezes ao ano, os materiais são pesados e encaminhados para uma sucataria, que envia para Recife e São Paulo, que são os únicos lugares do Brasil que trabalham na reutilização deste tipo de material. Por ano, o Senai recolhe 20 quilos de pilhas e baterias.

“Se não tiver mesmo como reutilizar, as peças são separadas e vendidas com um aviso de que passaram por uma avaliação. Quando é possível reutilizar, são vendidas pela metade do preço como um produto de segunda mão. Este trabalho é feito em Recife e São Paulo apenas”, explicou Naira.

Os usuários de tecnologias dependentes destes materiais não podem ficar reféns deles. Não se pode descartar de qualquer forma, mas o material também não pode ser acumulado em casa porque há risco de explosões.

“É necessário ter cuidado em casa porque nós temos a mania de acumular, de guardar achando que pode ser necessário em algum momento e o ideal é não fazer isto porque não estamos preparados para reutilizar mesmo que seja só uma pilha ou bateria. O melhor é ir atrás da informação porque são materiais que não podem ser reutilizados, a não ser por profissionais”, recomendou Melo. (F.A)