Cotidiano

Consumidores tentam se adequar a reajuste

Aumento de 41,52% no valor da tarifa de luz passa a valer em setembro, o que pode provocar reflexos na economia doméstica

O reajuste no valor da tarifa de energia elétrica para o boa-vistense tem causado preocupação à população. Isso porque, a partir do mês de setembro, o valor da cobrança mensal vai aumentar 41,52%, sem contar com o retroativo de dez meses que poderá ser cobrado pela Eletrobras Distribuição Roraima em cima da porcentagem estabelecida. Para os consumidores entrevistados pela Folha, se adequar a novos hábitos tem sido a melhor saída.

A família da comerciante Isadélia Monteira será uma das afetadas pela mudança. Dona de um pequeno estabelecimento no bairro dos Estados, zona Norte, a comerciante relatou que o pouco dinheiro que ganha no comércio é seu sustento. Com o aumento, ela teme não conseguir pagar todas as despesas, por isso pequenos hábitos foram alterados no cotidiano da casa.

Pela presença de crianças na residência, a comerciante relatou que os usos básicos de energia estão ultimamente voltados ao ventilador e a TV, em razão das duas crianças que residem no local. “Só ligamos o necessário. Diminuímos o uso de quase todos os equipamentos e só ligamos o básico. É difícil, mas não sei como será”, disse.

Com o aumento do valor da tarifa, a conta, que antes vinha em uma média de R$ 200,00, pode chegar a cerca de R$ 280,00. A comerciante ressaltou que até chegou a pensar em vender o estabelecimento pela falta de movimento, mas faltando dois anos para se aposentar a ideia não é convidativa. “As pessoas fazem compras básicas, um saco de arroz, ovos, o que mais sai é refrigerante”, relatou.

Para o funcionário público Augusto Freitas, as mudanças de hábitos também têm sido a principal saída para evitar uma despesa maior no final do mês. “Em casa nós já tiramos todos os eletrodomésticos da tomada, agora não basta só desligar pelo controle”, frisou. Segundo Freitas, o aparelho de rádio da residência não é mais utilizado com frequência e as centrais de ar deram lugar ao ventilador.

“Na verdade, é um absurdo. Com um salário mínimo ninguém consegue pagar todas as despesas direito, imagina com um aumento na conta de energia e esse retroativo”, declarou. Segundo Freitas, a questão deveria ser debatida entre órgãos públicos para que então pudesse ser autorizada. “Só um teste, eles veriam que nem todos têm condições”, disse.

ELETROBRAS – A Eletrobras Distribuição Roraima informou que ainda não há previsão de como será realizada a cobrança do retroativo. (A.G.G)

Especialista dá dicas para manter consumo consciente

Diante do aumento do valor da tarifa de energia elétrica, o professor mestre em Área de Sistema de Energia Elétrica da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Raone Barros, relatou que não dá para baixar o valor da conta de energia sem mudar os hábitos de consumo. No caso, se o cidadão passa seis horas por dia assistindo televisão e continuar assistindo durante este mesmo tempo, ele vai pagar mais. Mas, se reduzir para cinco, quatro ou três horas, ele pagará menos.

“O que o consumidor deve fazer é escolher os equipamentos que irá utilizar por mais tempo”, disse. Segundo ele, diminuir o uso do ar-condicionado e do chuveiro elétrico e evitar abrir e fechar a geladeira com muita frequência são hábitos necessários.

Quanto maior for o tempo de uso dos aparelhos, mais elevado será o consumo de energia por solicitarem mais energia do sistema elétrico. “Se aquela lâmpada que fica acesa o dia inteiro for de led, o consumo será menor do que deixar o ar-condicionado ligado por duas horas, por exemplo”, relatou.

A recomendação do professor é de não deixar os equipamento em stand-by, como a luz da televisão, do som e do rádio relógio, não deixar o celular ligado a noite toda na tomada carregando e que só fique conectado o tempo suficiente da carga, manter as luzes acesas não por muito tempo e evitar abrir e fechar a geladeira sem motivo.

No caso do ar-condicionado, é recomendável que só fique ligado durante o tempo de uso na temperatura de 23 graus. “Nessa temperatura ele trabalha bem na nossa região, ele leva um pouco mais de tempo pra gelar, mas ele gela”, relatou. Segundo Barros, a junção dos hábitos somados ao longo de um mês podem trazer uma redução de até 30% ao final do mês pela mudança na forma de consumo.

O professor também destacou a compra de equipamentos cujo consumo de energia seja menor, aparelhos que o Inmetro tabela com Selo Procel A, B, C, D e E, sendo recomendável a compra dos equipamentos de selo A. “Os aparelhos são iguais, só que o selo é mais caro porque o consumo de energia é menor, consequentemente ele vai pagar menos pelo uso”, disse.

Não é recomendada a compra de aparelhos com selo C, D e E ainda que o preço seja menor. Segundo o professor, além de pagar por um consumo maior ao final do mês, em um ano é possível comprar um A, que dura mais tempo e gasta menos energia. (A.G.G)

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