Cotidiano

“Chegamos a dormir em ponto de ônibus”,diz mãe de criança com microcefalia

Ana Cláudia e os filhos foram despejados após não ter condições de pagar o aluguel

Ter um filho com alguma deficiência não é fácil, imagina ser abandonada pelo marido com duas crianças e uma delas com microcefalia. Isso foi o que aconteceu com Ana Cláudia Sarmento, de 35 anos, que vem passando por dificuldades há alguns meses. Ela chegou a dormir em uma parada de ônibus com os filhos de pouco mais de 1 ano e outro de 6 anos, após ser despejada da residência, onde morava no bairro Conjunto Cidadão.

A situação da família começou quando o pai das crianças os abandonou e Cláudia teve que sair da residência em que morava por não ter condições de pagar o aluguel. Ela foi para outra casa e por não ter condições novamente de arcar com a locação do imóvel foi despejada e ficou abrigada em uma parada de ônibus com os filhos.

Nesse período, Efraim, de seis anos, que possui microcefalia, chegou a ficar um dia e meio sem se alimentar. A família comia através de ajuda de pessoas que passavam pelo local. “Nós ficamos comendo o que as pessoas levavam para nós”, relembrou.

Vendo a situação da família, uma pessoa os tirou da rua, colocou Cláudia e os filhos em uma residência e pagou 30 dias de aluguel, que vai vencer dia 29 deste mês. O aluguel é no valor de R$ 400. “Deus abençoou e apareceu essa pessoa na nossa vida e pagou o primeiro mês de aluguel, que já vai vencer agora. Eu não tenho condições de pagar, tenho medo de voltar para a rua com os meus filhos”, ressaltou.

No dia que a reportagem conversou com a família, Cláudia revelou que o almoço foi uma ossada comprada com uma doação de R$5 e que estão há 4 meses tomando água diretamente da torneira. “Na panela ali tem osso para comer. Consegui R$ 5 e foi o que consegui comprar”, se emocionou.

DIREITOS

Efraim teve o Benefício de Prestação Continuada (BPC) teve o beneficio suspenso, que está em fase de reativação. Os tratamentos como fisioterapia, fonoaudiólogo, entre outras especialidades não estão sendo feitos. “Nós só recebíamos o benefício, que era o que ajudava. Eu não tenho como trabalhar com essas duas crianças e uma delas deficiente, não recebo outra renda. Não quero voltar para a rua com os meus filhos”, destacou.

Cláudia relatou também que Efraim nunca frequentou uma escola. Ela chegou a procurar a Secretaria Municipal de Educação e foi informado que não tem vaga na Escola Municipal Eloy Gomes, que é a mais próxima da residência e teria vaga apenas em uma escola no bairro Cruviana. 

“Eu não tenho como me deslocar com ele até o Cruviana. O meu neném usa cadeira de rodas, eu não tenho nem uma bicicleta para leva-lo. Na Raimundo Eloy é mais próximo para mim”, explicou.

Além de não estudar, Efraim utiliza uma cadeira adaptada que é incompatível com a sua idade e peso. Cláudia disse que procurou a Secretaria Municipal de Saúde, porém aguarda a oito meses uma cadeira nova.

“Levei os documentos e estou aguardando essa cadeira que é importante. Ele não fica confortável na que tem, pois já é inapropriada para a idade e peso dele”, completou.

Cláudia entrou com uma ação contra o ex-marido, porém ele não foi localizado e ela não tem notícias dele desde então.


Efraim, de seis anos, que possui microcefalia, chegou a ficar um dia e meio sem se alimentar (Foto: Nilzete Franco/Folha BV) 

DOAÇÕES

Cláudia precisa de doações de cestas básicas, produtos de higiene pessoal, fraldas tamanhos G e XXXG. Além do pagamento do aluguel no valor de R$400. As ajudas para Cláudia e os filhos podem ser entregues diretamente no endereço da família, tendo em vista que ela não possui aparelho de celular.

Endereço : Rua CC-21, 156, Conjunto Cidadão.