Foto: Nilzete Franco/Folha BV
Foto: Nilzete Franco/Folha BV

Segundo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Serviço de Saúde (Siemesp-RR) cerca de 50 profissionais de saúde que atuavam do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste, estariam fora da escala de trabalho divulgada pela AgSUS para o mês de outubro. Segundo denúncia dos trabalhadores feita à FolhaBV, os nomes estariam fora da migração da força de trabalho para a AgSUS.

Entre os profissionais de saúde que se dizem lesados pela ausência nas escalas, estão técnicos de enfermagem e enfermeiros com mais de dez anos de trabalho em comunidades indígenas. De acordo com eles, o motivo dado pela coordenadora seriam os laudos de transtornos de saúde mental, processos judiciais ou afastamento pelo INSS apresentado pelos profissionais de saúde.

Denúncias e Migração para AgSUS

“A mesma me disse que quem tinha laudo médico, problemas judiciais, ou problemas no INSS, não iam ser migradas porque a decisão tinha vindo de Brasília. Eu não vou ser migrada porque eu tenho laudo? A gente escolhe estar doente?” destacou a enfermeira Kenia Gomes, que trabalha na área desde 2017.

“Nunca foi feita uma reunião pra conversar com os funcionários do DSEI. Então isso, isso pra mim está sendo as piores gestões que tenho. Uma falta de respeito muito grande.”, disse a técnica de enfermagem Verônica Uchoa.

Queixas sobre as Escalas de Trabalho no Dsei

Outra queixa dos profissinais seriam as escalas de trabalho, que estariam descumprindo o acordo judicial de 30×30 (trinta dias em área indígena, trinta dias na cidade) e trabalhando dez dias a mais, tornando-se uma escala de 40×20.

O que diz o Ministério da Saúde

Procurado pela FolhaBV, o Ministério da Saúde informou que a migração dos profissionais que atuam no DSEI Leste de Roraima seguiu critérios técnicos e de desempenho.

Apenas os profissionais que obtiveram avaliação satisfatória foram migrados, garantindo compatibilidade com as atribuições do cargo e assegurando a qualidade do atendimento prestado às comunidades indígenas.

Os trabalhadores que se encontram afastados por licenças diversas, incluindo aqueles com laudos médicos vigentes, serão incorporados à nova escala ao término do período de afastamento, conforme legislação vigente e normas administrativas aplicáveis.
A nova escala 30x20x10 estabelece que os profissionais atuarão 30 dias em campo, prestando atendimento direto às comunidades indígenas, seguidos de 20 dias de descanso e 10 dias dedicados a atividades funcionais, como capacitação, planejamento, ações estratégicas e educação em saúde. Este modelo fortalece a atenção primária, qualifica os profissionais, organiza ações estratégicas com base em dados epidemiológicos e assegura equilíbrio entre trabalho, descanso e atualização profissional, promovendo maior resolutividade e qualidade na atenção às populações indígenas.

A migração dos profissionais foi concluída em 1º de outubro de 2025, sendo que, posteriormente, foram realizadas apenas correções pontuais para ajustes cadastrais e retificações necessárias. O processo foi conduzido de forma transparente, garantindo a organização e o correto registro das informações.

Sede do Dsei Leste em Boa Vista (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)