Cotidiano

Caso de indígena sobrevivente a ataque de onça é tido como milagre

O milagre em Roraima é atribuído a Bem Aventurado José Allamano, que está em processo de canonização

Na manhã desta segunda-feira (15) membros do Tribunal das Causas dos Santos se reuniram para última fase do Processo Diocesano para a Canonização de Bem Aventurado José Allamano, referente a um milagre que teria ocorrido em Roraima.

No dia 7 de março foi aberta a sessão de abertura do inquérito sobre a presumida cura milagrosa do indígena Yanomami Sorino, atribuída à intercessão de José Allamano, fundador dos missionários e das missionárias da Consolata. Onde foi considerado responsável pelo milagre que curou o índio após o ataque de uma onça.

A HISTÓRIA DO MILAGRE – No dia 7 de fevereiro de 1996, Yanomami Sorino, que tinha 25 anos na época, saiu pra caçar quando foi atacado por uma onça pintada, na cabeça, atingindo a parte craniana. O indígena chegou a lutar contra a onça, e conseguiu escapar.

Ao chegar em sua maloca com graves ferimentos na cabeça, foi socorrido pelas enfermeiras Felicita, Maria Silva, e Rosáuria, que faziam parte da congregação de missionários da Consolata, onde era conhecidas como Irmãs Missionárias da Consolata.

A Enfermeira Felicita, notou que Yanomami Sorino chegou à maloca com seu coro cabeludo arrancado e uma parte do cérebro para fora da cabeça, à enfermeira lavou a parte que estava para fora e empurrou para dentro da cabeça novamente e enrolou com a camisa que estava vestida.

Após fazer os primeiros socorros a enfermeira correu para ligar pedindo um avião para levar o Yanomami ao hospital. No entanto a ajuda só chegou pela tarde.

Quando o Yanomami Sorino chegou ao hospital em Boa Vista foi atendido por dois médicos que o levaram para o UTI , onde os médicos no primeiro momento os médicos acharam que ele não iria sobreviver, tendo em vista que o crânio estava todo exposto e com infecções.

Depois de dias na UTI, Yanomami Sorino acordou e começou a falar com os médicos normalmente. Após isso, os médicos fizeram uma tomografia e notaram que a parte que estava faltando do seu crânio era a parte que corresponde a fala, e a coordenação motora e o indígena estava correspondendo normalmente a isso.

Em maio de 1996, o Yanomami Sorino voltou para sua maloca depois de um longo tratamento, onde voltou fazer suas atividades sem nenhuma sequela. Os médicos concluíram o acontecimento como algo não explicável pela medicina.

As irmãs que fizeram os primeiros socorros em Sorino, começaram a pensar que talvez tenha sido um milagre, feito pelo Bem-Aventurado José Allamano.

As irmãs chegaram a essa conclusão quando notaram que o caso do Yanomami ocorreu quando elas estavam na novena do Allamano, e enquanto o indígena estava internado elas rezaram para José Allamano curar o Sorino.

COMISSÃO – Foram compostas para o comissão, o bispo Dom Mário Antônio da Silva; padre Lúcio Nicoletto, vigário geral da diocese de Roraima; padre Raimundo Vantuy Neto, chanceler da Cúria da Diocese de Roraima; padre Michelangelo Piovano, missionário da Consolata e notário; Elizabete Sales de Lucena Vida, secretária da Cúria diocesana; e doutor Augusto Affonso Botelho Neto, médico.

Além da comissão, também estiveram presentes o padre Giácomo Mazzotti, missionário da Consolata, o diácono Augusto Monteiro, as irmãs missionárias da Consolata Renata Conti e Maria José.

Bispo Dom Mário Antônio concluiu o tribunal dizendo que “este tribunal é algo que se conclui, mas que não finaliza, mas que se amplia, abrindo nossos olhos e o nosso coração para a missão”.

As caixas com os documentos relativos ao processo de canonização foram fechadas e lacradas e entregues a irmã Renata Conti para serem enviadas ao Vaticano para assinatura do Papa.

QUEM É JOSÉ ALLAMANO – José Allamano nasceu em 21 de Janeiro de 1851 em Castelnuovo D’Asti, ao norte da Itália. A pequena cidade dedicava-se à agricultura e ao cultivo de vinhedo que cobriam as colinas e campos. Allamano encerra sua vida em Turim aos 16 de Fevereiro de 1926 junto ao Santuário de Nossa Senhora Consolata.

O quarto de cinco filhos, perde o pai quando ainda criança, aos três anos de idade. Como estudante foi um ótimo aluno, exemplar, e muito aplicado.

Bem Aventurado José Allamano (Foto: Divulgação)

José Allamano passa sua vida em Turim, e é ali que inicia seus estudos ginasiais no Oratório de Dom Bosco, sendo o melhor da turma. Dom Bosco, descobre no garoto, de apenas onze anos, excelentes qualidades para torná-lo um membro da Sociedade Salesiana, mas o jovem Allamano tem outro ideal: “Deus me chama agora… não sei se me chamará outra vez, dentro de três ou quatro anos!” diz aos seus irmãos – e ingressa no Seminário Diocesano de Turim. Apesar da constituição física fraca, é espiritualmente forte e dedica-se com entusiasmo ao estudo e à oração. Pede sempre ao Senhor: “Torna-me santo e não somente bom”.

Em 20 de setembro de 1873 é ordenado sacerdote na Catedral de Turim, com apenas vinte e dois anos de idade. Desempenha com muita fidelidade sua função sacerdotal como Professor de Teologia, Reitor do Colégio Eclesiástico e Reitor do Santuário de Nossa Senhora Consolata em Turim, pelo período de quarenta e seis anos. Tinha projetos para o mundo. Com saúde frágil, impossibilitado de partir as Missões envia outros em nome da Consolata. Em 1900 Pe. José Allamano toma a decisão de criar um instituto missionário, que obteve aprovação em 29 de Janeiro de 1901 – o Instituto Missões Consolata dos padres, Irmãos.

Em 29 de Janeiro de 1910 nasce em Turim outro instituto para as Missões, o das Irmãs Missionárias da Consolata. Com a fundação das Irmãs, o trabalho missionário se estende a outros países africanos: em 1916 para Etiópia; em 1922 para a Tanzânia; em 1924 para Somália; em 1925 Moçambique; em 1946 para o Brasil e assim, sucessivamente em outros países da Europa, África, América e Ásia. Pe. Allamano dizia que seus missionários eram portadores de esperança: “Esta é realmente obra do Senhor”. Os missionários e as missionárias da Consolata est ão hoje presentes em 26 países do mundo.

Pe. José Allamano é uma das figuras mais marcantes da Igreja de Turim, no final do século passado e começo deste. Um sacerdote que soube doar tudo de si no serviço à Igreja e soube também abraçar o mundo com seu amor filial à Nossa Senhora Consolata.

Em 07 de Outubro de 1990 suas virtudes heróicas foram reconhecidas pela Igreja Católica Apostólica Romana, que o declarou Bem-Aventurado José Allamano.