Oito pessoas, entre dirigentes e funcionários da Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos (Coopebras), foram condenadas pelos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. As penas somadas chegam a 92 anos de prisão, todas a serem cumpridas em regime fechado.
Entre os réus estão:
- Edivaldo Pereira Vieira – 14 anos e 10 meses
- Esmeralda Menezes Vieira – 13 anos e 11 meses
- Maria Oélia Paulino de Lima – 13 anos e 11 meses
- Dimião Weber Zabolostky – 13 anos e 11 meses
- Valdan Vieira Barros – 12 anos e 11 meses
- Edilson Pereira Vieira – 8 anos e 11 meses
- Sérgio André Ferreira da Silva – 8 anos e 11 meses
- Jorrimar da Silva Amorim – 8 anos e 11 meses
A decisão é da Vara de Entorpecentes e Organizações Criminosas e foi proferida na terça-feira (7). Além da prisão, os condenados terão de pagar R$ 62,1 milhões por danos morais e coletivos, valor que será revertido ao Fundo Estadual de Saúde (Fundes).
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As condenações têm origem na denúncia do Ministério Público de Roraima (MPRR), apresentada em 2020 após a Operação Hipócrates, conduzida pela Polícia Civil, que revelou um esquema de desvios estimado em R$ 30 milhões da Secretaria de Saúde (Sesau). O contrato investigado previa a prestação de serviços médicos pela cooperativa.
O MPRR apontou que os valores desviados eram lavados por meio de duas empresas, a Contad e a Dendê, ligadas ao grupo. Para o promotor de Justiça Carlos Alberto Melotto, o esquema tinha como finalidade o enriquecimento ilícito de dirigentes e funcionários.
“O objetivo era claro: promover o desvio sistemático de verbas públicas que posteriormente eram lavadas no mercado e revertidas em benefício financeiro aos envolvidos. É de suma importância que os responsáveis respondam por seus atos, tanto com a pena de prisão quanto indenizando o erário”, disse.
Caso Coopebras
A Operação Hipócrates começou em 2019, quando a primeira fase investigou médicos que não cumpriam expediente nas unidades hospitalares entre 2015 e 2019. Ainda naquele ano, a segunda fase atingiu servidores da administração pública envolvidos na manutenção do esquema. Em agosto de 2020, a terceira fase revelou desvios superiores a R$ 30 milhões cometidos pelo núcleo administrativo da cooperativa.
Tal núcleo era formado por Edivaldo Pereira Vieira, vice-presidente em Roraima; Edilson Pereira Vieira, gerente operacional; Esmeralda Menezes Vieira, responsável pela filial na Bahia; Maria Oélia Paulino de Lima, diretora administrativa-financeira; Valdan Vieira Barros, contador da cooperativa; Dimião Weber Zabolostky, presidente da Coopebras; e os cooperados estratégicos Sérgio André Ferreira da Silva e Jorrimar da Silva Amorim, que atuavam no controle das escalas e plantões.
O relatório final da Polícia Civil, enviado ao Ministério Público de Roraima, apontou crimes de peculato, falsidade ideológica, corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Foram ouvidas 34 pessoas, entre servidores da Sesau, médicos cooperados e funcionários da Coopebras, que detalharam a dinâmica do esquema.
As investigações revelaram que os profissionais cooperados não cumpriam a carga horária contratada, mas recebiam dinheiro público pelos plantões não realizados. Também foram identificados superfaturamento nos plantões, sobreposição de escalas, uso irregular de equipamentos e instalações particulares, além de pagamentos por cargos de chefia e direção vinculados a plantões fictícios.