Cotidiano

Carteiros protestam em frente aos Correios

Questão sanitária no local de trabalho e segurança nas unidades dos Correios levaram os trabalhadores a se manifestar

Servidores filiados ao Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Roraima (Sintect RR) se reuniram em frente à Agência Central dos Correios de Boa Vista, na Praça do Centro Cívico, para realizar uma manifestação reivindicando melhorias nas condições de ambiente de trabalho. Os serviços da empresa pública não foram interrompidos durante o ato.

Durante toda a manhã, os trabalhadores distribuíram máscaras cirúrgicas no local, protestando simbolicamente contra o mau cheiro e a sujeira resultados da estrutura precária do prédio-sede dos Correios em Roraima. O presidente do Sintect e atendente comercial da unidade, Ariomar Farias, alertou para um grave problema de cunho sanitário na unidade, que envolve a saúde dos funcionários e clientes da empresa.

Ele afirmou que a agência não possui uma laje na área de atendimento, na parte frontal do edifício, nem na área do administrativo, na parte de trás. Segundo explicou, na região de atendimento existe uma espécie de forro que mescla uma tela com plásticos pretos, do tipo utilizado para a proteção de hortas. “Em cima desta estrutura não existe nada além do vão e do teto. Além de não ter nenhuma segurança, o espaço serve de abrigo para ratos, morcegos e pombos”, relatou Farias.

Segundo o presidente do sindicato, quando a empresa manda dedetizar ou desratizar o ambiente, as pragas morrem e terminam por apodrecer. Como a estrutura não suporta o peso de uma pessoa que possa limpar a área, o fedor se espalha a ponto de tornar-se insuportável. “É por isso que hoje, como forma de protesto, estamos distribuindo máscaras”, disse.

Ariomar Farias explicou que as condições de trabalho em todas as unidades dos Correios estão atualmente em péssimas condições. “Por exemplo, no CEE [Centro de Entrega de Encomenda, no bairro Mecejana], durante esta semana, o portão de aço dos caminhões quase caiu em cima de um trabalhador. Há alguns anos, tivemos um caso similar. O portão do CDD [Centro de Distribuição de Domicílio, no Asa Branca], desabou e vitimou um trabalhador. Por sorte ele não morreu, mas teve graves sequelas e hoje está aposentado por invalidez. Ou seja, o de hoje não é um caso isolado”, ressaltou.

Conforme ele, até agora nada foi feito para melhorar a situação dos trabalhadores da empresa pública. “Pedimos a reforma desta agência desde antes da atual diretoria regional, há mais de cinco anos. A empresa vive prometendo a tal reforma do prédio, argumentando que tudo dependia da autorização de Brasília e do orçamento da empresa”, afirmou.

O sindicalista comentou que a administração central dos Correios não está preocupada com as unidades da região. “Para eles, uma coisa é lucrar entregando Sedex no Sudeste do País. Outra é entregar cartas no Uiramutã [município roraimense isolado a Nordeste do Estado, fronteira com a Guiana], onde o que a empresa arrecada não paga nem o funcionário que está lotado ali. O descaso com a região Norte é muito grande”, frisou o funcionário.

O ato realizado pelos trabalhadores teve apenas caráter de denúncia sobre as condições do ambiente de trabalho. As atividades da empresa ocorreram de forma normal durante todo o dia. Ariomar Farias pediu o apoio da população na reivindicação por ser a principal usuária do serviço local dos Correios. “Já levamos também as denúncias para o Ministério Público do Trabalho e já estamos com nossa assessoria jurídica discutindo estas ações de reestruturação com a empresa”, frisou.

CORREIOS – Por meio de nota, em resposta à manifestação do Sintect no edifício sede dos Correios em Roraima, a Diretoria Regional de Roraima reafirmou que não houve paralisação ou suspensão de serviços e que tanto as entregas domiciliares e atendimentos em agências foram realizados normalmente.

Em relação à reforma na Agência Central, reivindicada pelo sindicato, informou que já tem previstos o cronograma e orçamento, aguardando apenas os trâmites para contratação. Ainda não existe um prazo confirmado para o início da reforma. (JPP)