Cotidiano

Carro apreendido ‘some’ do pátio da empresa terceirizada do Detran

Como houve demora em regularizar a documentação, o veículo que deveria estar apreendido já estava circulando na cidade na posse de outra pessoa

O autônomo M.T.D. procurou a Folha para denunciar que seu carro, um Fox ano 2009/2010, de cor preta, placa NOR 6437, de Manaus (AM), “desapareceu” do pátio da empresa terceirizada do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), depois de ter sido apreendido em uma blitz, em junho de 2013, por estar com documentação atrasada.
Antes que regularizasse a situação do veículo junto e o retirasse do pátio da empresa terceirizada CRD (Centro de Recolhimento e Depósito para Veículos), o carro já havia sido retirado por outra pessoa, conforme o Boletim de Ocorrência (BO) registrado na Polícia Civil, datado de 13 de maio deste ano. Ele disse que, dias depois de ter ido retirar o carro do pátio, sua esposa se deparou com o veículo pelas ruas de Boa Vista e tirou fotos e filmou o veículo. Depois de investigar, descobriu que o carro estaria de posse de um policial militar.
“Quem estava dirigindo o carro era um policial militar, que se identificou por Bruno, e disse que estava de posse do veiculo por empréstimo e que o mesmo havia sido comprado por uma pessoa chamada Pablo e me levou até sua casa”, frisou. Ao chegar à casa de Pablo, foi informado que ele estaria viajando para fora do Estado e que ao retornar devolveria o veículo, o que não aconteceu até o momento. “Eles se comprometeram a devolver o veículo, mas isso foi em maio deste ano. E até agora ele não recolheu o carro ao pátio do Detran para que possa legalizar a documentação e retirar o veículo”, frisou.     Com a demora em resolver a questão, M.D.T. , que já havia feito o BO, procurou a Polícia Militar e fez um Termo de Declaração, sob número 091/2014, na Corregedoria da Policia Militar. “No dia 14 de janeiro deste ano fui ao pátio do Detran para fazer vistoria do veículo e, no dia 25 do mesmo mês, o carro foi liberado de forma ilegal e foi visto rodando pela cidade”, reafirmou ao mostrar fotos que comprovam isso. “Segui o carro, investiguei e chegamos à casa da pessoa que está com o veiculo, que é um policial, por isso também fiz uma denúncia na Corregedoria da Policia”.
Ele informou que o próprio diretor da empresa terceirizada CRD foi quem entregou toda a documentação da liberação do veículo para que pudesse procurar as providências. “Estou de posse da documentação que liberou o veículo, mostrando quem liberou para quem e a assinatura de uma funcionária do pátio que não deveria ter liberado. Toda essa documentação foi repassada pelo próprio diretor do pátio onde os carros ficam retidos”, afirmou.
M.T.D. informou que a documentação do veículo ainda está em nome da primeira proprietária, que é amazonense, por isso houve a demora para resolver a pendência na documentação e assim poder passar o carro para seu nome. “Quando pude fazer isso, o carro havia sumido do pátio. Lá fiquei sabendo que outros casos deste tipo haviam acontecido, inclusive um motoqueiro estava procurando sua moto que também havia sumido”, frisou (R.R)     
Diretor da terceirizada afirma que investigou o caso ao assumir função
A Folha conversou com o diretor da empresa CRD (Centro de Recolhimento e Depósito para Veículos), João Figueiredo, que presta serviços terceirizados de depósito de veículos para o Detran. Ele informou que assumiu a diretoria da empresa em março deste ano e, ao tomar conhecimento de que um veículo havia sido entregue a outra pessoa, que não o proprietário, passou a investigar o fato. Ele chegou à conclusão de que houve a saída do veículo Fox NOR 6437 autorizada por uma funcionária para uma pessoa que não seria o dono do veículo.  
“Diante dos fatos, registrei um Boletim de Ocorrência na polícia e estamos aguardando o término das investigações”, disse. “Mas posso garantir que o dono do carro ainda não veio procurar o veículo, já que ele ainda não apresentou documentos nem procuração que comprovem que o carro é dele ou que esteja habilitado a reclamar o veículo”, frisou.
Quanto às providências administrativas contra a servidora que liberou o veículo, o diretor disse que, ao chegar à empresa, em março, a servidora já havia sido demitida.   OUTROS CASOS – O diretor da CRD afirmou que já foram constados casos de motos desaparecidas com anuência de funcionários, mas de carro teria sido o primeiro caso que ele tem conhecimento. 
“Como ficou comprovado essa prática por parte de funcionários da empresa, já demitimos quatro motoristas por justa causa e tomamos providências de segurança, como monitorar toda a área através de câmaras de vídeo para gravar as ações praticadas aqui dentro”, disse , João Figueiredo.   
DETRAN – A Folha conversou por telefone com a assessoria de imprensa do Detran, que informou que utiliza os serviços terceirizados de uma empresa para retenção e vigilância dos veículos apreendidos, mas que a pessoa pode procurar a Corregedoria do Detran para formalizar a denúncia para apuração dos fatos.
PM – A assessoria de imprensa da Policia Militar informou, por email, que após a denúncia será aberto procedimento apuratório para verificar o fato. “Se configurado o crime, será feita denúncia junto ao Ministério Público”, frisou.
Informou ainda que essas investigações levam aproximadamente 30 dias, prorrogáveis por mais 30. “Só as investigações vão dizer o que poderá ocorrer em relação ao caso”, afirmou. (R.R)
Homem se apresenta como advogado no Detran e vai parar na delegacia
Uma discussão acalorada, ontem pela manhã, iniciada no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), terminou no 5o Distrito de Polícia. É que um homem, bacharel em Direito, após discutir com uma das advogadas do setor jurídico da autarquia, alegou que também era advogado, mas não apresentou a carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), por isso foi parar na delegacia.
A delegada Darlinda de Moura, plantonista na Central de Flagrantes I, que funciona no 5o Distrito de Polícia, zona Sul, disse que o homem passaria a responder pelo crime do artigo 47 da lei de contravenções penais, pelo exercício ilegal da profissão e atividade.
“Neste caso, não ficou configurado a falsidade ideológica, por isso o homem assinou TCO [Termo Circunstanciado de Ocorrência] e foi liberado para responder em liberdade, pois se trata de um crime de baixo poder ofensivo”, explicou a delegada.
A discussão, ainda segundo a delegada, ocorreu porque o homem queria pegar a documentação do carro do pai dele, que havia morrido. Contudo, a advogada do Detran teria dito que ele deveria fazer um inventário para conseguir a documentação. Então, pela burocracia, ambos começaram a discutir.
A delegada observou que, se condenado, o homem poderia pegar uma pena de até três meses no máximo de prisão ou multa. A Folha não publicou o nome do bacharel porque não conseguiu entrar em contato com ele. (AJ)