Cotidiano

Caminhoneiros dizem que fiscais estão dificultando transporte de cargas 

A retenção de uma carga internacional destinada à Venezuela teria provocado transtorno aos motoristas e empresas

Caminhoneiros que transportam cargas pela BR-174, passando pelo posto fiscal do Jundiá, divisa com o Estado do Amazonas, procuraram a Folha para denunciar que uma das equipes de plantão do posto estaria humilhando e obrigando motoristas a descarregarem produtos perecíveis das carretas, sem nenhuma estrutura para garantir a sua conservação, o que coloca em risco a carga e causa prejuízo aos empresários.

À Folha, o porta-voz dos caminhoneiros, Admilson Aguiar, relatou ter conhecimento de casos dessa natureza e disse que são recorrentes apenas durante o plantão de uma das equipes de três fiscais. 

“Não são todos os servidores que trabalham no Jundiá, mas especificamente um trio que quando está no plantão faz questão de dificultar e sacanear com os caminhoneiros, atrasando as notas, gritando com os trabalhadores, e quando pedimos mais educação dizem que estão fazendo o trabalho deles e que não precisamos ensinar eles a trabalhar. Fazem tudo para nos prejudicar”, afirmou.

Ele citou que sempre que é plantão do trio de servidores é comum ver a fila de caminhões no posto de fiscalização e haver atraso e prejuízos, principalmente para quem transporta produtos perecíveis. 

“Isso só acontece no plantão deles. Mandam todo mundo que passa ir para a pedra (local onde é feita a retirada da carga para fiscalização quando há inconsistências ou irregularidades nas notas). Nos outros plantões ocorre tudo na normalidade”, afirmou.

Outro ponto destacado por Aguiar, e quanto ao descarrego que, segundo ele, é feito de qualquer jeito, jogando a carga no chão. 

“Quando pedimos para serem mais cuidadosos para não avariar a mercadoria, eles dizem que se houver prejuízo que coloque na conta do Estado”, disse. “A última que aconteceu, e que repercutiu por ter sido postado em redes sociais, foi a carga de tomate, que jogaram de qualquer jeito e prejudicou a carga, além do tempo que ficou parada. O caminhoneiro perdeu dois dias e o dono da mercadoria teve prejuízo”, disse. “E detalhe, não foi encontrada nenhuma irregularidade”, afirmou.

Aguiar disse que os caminhoneiros ficaram calados todo este tempo por não ter a quem reclamar.

“Os caminhoneiros não são de reclamar, e se reclamam eles nunca vão apurar, mas agora começamos a filmar e jogar nas redes sociais e pedir o apoio da imprensa para que acabe com esse abuso”, disse. “Resolvemos também fazer isso chegar ao Governo do Estado e estamos buscando a Corregedoria para tomar as providências, pois já identificamos os servidores”, disse, sem, no entanto, citar os nomes.

Aguiar afirmou que houve a retenção de uma carga internacional, destinada à Venezuela, e o motorista foi multado em R$ 30 mil.

“Carga internacional é só apresentar a nota fiscal, checar, e seguir viagem. Eles ficam inventando lei”, disse.

A Folha falou por telefone com o caminhoneiro Josemar Mezenga que confirmou ter tido problemas no posto de fiscalização e que isso atrasou sua viagem, na entrega de uma carga de farinha de trigo, em dois dias. 

“No meio das notas internacionais que apresentei havia uma nota de venda que ficou entre as outras e eles não aceitaram a informação, nem viram as notas internacionais, nem checaram as notas e já foram me multando em R$ 30 mil”, disse. “Como ele não falou que o carro estava retido, voltei para Boa Vista e falei com o transportador para resolver na Sefaz”, disse, ontem à tarde, quando seguia viagem para Venezuela.

GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado afirmou que tem conhecimento da denúncia. “A Fiscalização do Estado sempre atuou e vem atuando no combate à sonegação fiscal. A rotina de fiscalização segue um rito formal e deve ser realizada no estrito cumprimento da lei. Caso haja excessos, as medidas legais previstas serão adotadas”.