Cotidiano

Camelôs continuam trabalhando sob tendas de lona no Centro de Boa Vista

Sem estrutura física adequada, vendedores ocupam uma área que ficou parecendo uma “favela” no centro comercial mais antigo de Boa Vista

Cerca de 30 vendedores ambulantes trabalham no Centro Comercial Caxambú sob tendas improvisadas, mas autorizadas pela Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV). Mais de um ano após a retirada de barracas irregulares do local, os camelôs receberam permissão para permanecerem em razão do cadastramento feito pelo município, mas ainda não possuem boxes fixos para a venda das mercadorias.

Há cerca de três anos na extensão do Caxambú, o vendedor João da Cruz informou que as tendas implantadas absorvem todo o calor e prejudicam tanto os vendedores como algumas mercadorias. “É quente demais.

Tem dias que as pessoas passam mal e não aguentam ficar aqui, elas acabam sendo prejudicadas”, disse. Contudo, apesar das dificuldades relacionadas ao clima, ele frisou que a PMBV foi a única entidade que agiu junto aos ambulantes.

O representante dos vendedores que trabalham no centro comercial, no espaço anteriormente usado como estacionamento, Marcelino Pontes, está há sete anos no local e foi o responsável por criar uma comissão de dez vendedores para, junto à prefeita, explicar a situação dos ambulantes, que receberam ordem do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) para desocupar as calçadas que usavam para se proteger do sol.

Após a primeira conversa, Pontes disse que o espaço do antigo estacionamento foi fornecido aos trabalhadores, tendo em vista que a maioria é formada por pais de famílias e pessoas mais velhas. Durante a conversa, os ambulantes também receberam as barracas para a proteção ao sol. “Esse estacionamento era dos trabalhadores do Caxambú, que chegam aqui cedo da manhã e só saem à noite”, esclareceu.

Pontes também informou que, pela diferença financeira entre os vendedores, o espaço usado pelos camelôs chegou a ter aspecto de favela. Já que nem todos tinham material adequado para a proteção, muitos usavam papelão para se proteger. Após a instalação de quatro tendas de tamanho padrão, que comportam oito ambulantes cada uma, os vendedores começaram a perceber que não seria suficiente.

“Ela está nos adaptando aqui. Quem sabe onde o sol entra somos nós, que estamos aqui o dia todo”, disse. Diante do exposto, Pontes foi apresentado à responsável pelo Programa Braços Abertos, que acompanha diariamente a rotina dos ambulantes para ter conhecimento das dificuldades e necessidades dos vendedores. “Agora eles estão fazendo toldos para dar suporte à tenda e nos proteger do sol e da chuva”, frisou.

Ele explicou que, junto ao Braços Abertos, os vendedores se reúnem e passam ao representante todos problemas. Pontes, por sua vez, transmite a informação ao responsável que passa o dia no local. “Foi esse o acordo que fizemos, de passar a eles as dificuldades. Agora estamos esperando os toldos chegarem. O que me passaram é que já estão feitos, então estamos no aguardo”, declarou.

CADASTRO – Os ambulantes foram cadastrados há cerca de cinco anos, quando ainda estavam nas calçadas. No entanto, Pontes ressaltou que muitas pessoas que não trabalham no local deram seus nomes para o cadastro. Diante do caso, um encarregado do Braços Abertos realiza, todos os dias, um levantamento para saber quem está presente e realiza a função de vendedor.

NOTA FISCAL – Outro problema citado pelos ambulantes diz respeito à apreensão de mercadoria pela ausência de nota fiscal. Segundo o vendedor João da Cruz, com a atuação dos agentes, os vendedores chegam a perder até R$ 3 mil com a detenção dos produtos. Entretanto, Pontes ressaltou que os vendedores dos boxes também não utilizam a nota e, mesmo assim, não são alvos da Receita. “Se a justiça é para todos, qual a razão de fiscalizar aqui e não dar cinco passos para chegar aos boxes?”, frisou. (A.G.G)

Prefeitura diz que local definitivo não foi construído por falta de recursos

Diante do caso, a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) informou que realiza ações periódicas no local e, por meio do Programa Braços Abertos, realizou operação para apurar se os vendedores cadastrados estavam no local exercendo sua atividade comercial. Na ocasião, foram retirados todos os que não estavam no cadastro. Em relação ao boxe fixo, o órgão esclareceu que ainda não foi construído em razão da dotação orçamentária do município.

Ainda assim, conforme nota, a Emhur mantém compromisso com os vendedores ambulantes e tem se empenhado em buscar, por meio de programas de convênios, os recursos necessários. “A intenção é que isso seja concretizado no primeiro semestre do próximo ano. Reforça ainda que visando melhorar a estrutura física e as condições de trabalho desses ambulantes, foram adquiridas novas barracas para substituírem a estrutura atual”, frisou. (A.G.G)

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