O taxista Leandro da Silva, 30 anos, circula em todas as rotas de táxi-lotação de Boa Vista, que é seu único meio de sobrevivência. No período de inverno, o orçamento dele aperta por conta dos prejuízos causados pelos buracos nas vias públicas. A cada quinze dias ele gasta R$ 800,00 só com a parte mecânica do veículo, pois, caso contrário, ele não teria como transportar os passageiros com qualidade e segurança.
Para manter o carro em perfeito estado no período chuvoso, ela faz vários cortes de orçamento familiar, dinheiro que seria destinado a outras necessidades suas. “Para trabalhar no inverno aqui, em Boa Vista, tem que gastar, e muito. É sempre assim: começa a época de chuva, pode colocar dinheiro para fora do bolso”, disse.
Lorival Batista, 53 anos, disse que o carro dele quebrou a barra de direção ao passar em um buraco na Avenida Ataíde Teive, no trecho ao longo do bairro Caimbé, na zona oeste. Sem estar preparado para repor a peça, o veículo está parado na garagem há duas semanas. Ele não tem previsão de quando vai consertar o carro. “Eu fiquei sem carro. Sem dinheiro para consertar, a forma melhor que encontrei foi encostar o meu veículo e não sei quando vou poder consertar”, afirmou.
Gastos são maiores com freios, suspensão e pneus
Os problemas causados nos veículos pelos buracos na malha viária são inúmeros, principalmente nos freios e suspensão do veículo, conforme destacou o chefe de mecânica Cristhian Cona. Para orientar os condutores nesse período de chuvas, quando os buracos ficam submersos nas poças de água, ele aponta os principais problemas provocados por buracos.
SUSPENSÃO – “O que mais sofre é o conjunto de suspensão do veículo”, disse Cona. A suspensão é feita por um conjunto de mola e amortecedor, dentre outros itens, responsável pela aderência do veículo ao solo. Com a quantidade maior de buracos, a vida útil do amortecedor, por exemplo, diminui bastante, segundo o mecânico.
“Alguns fabricantes recomendam substituir o amortecedor a partir de 40 mil quilômetros rodados. Chegam muitos carros que a gente substitui os amortecedores com a metade dessa vida útil, por conta justamente de que o tempo de vida útil nessas ruas é ruim”, ressaltou.
O chefe de mecânica aponta que, se o amortecedor estiver “estourado”, o carro perde a estabilidade. “Até mesmo em uma curva simples ele já balança muito, já ‘canta pneu’ muito fácil”, destacou.
PNEU – O pneu é um dos maiores vilões do bolso por conta dos buracos, conforme ressaltou Cona. Quando os pneus sofrem impacto, pode desenvolver bolhas que podem estourar e prejudicar a segurança dos passageiros.
Outro detalhe em relação às pancadas no pneu é que torna-se necessário ficar atento ao aro. “Tem de ser uma coisa simultânea: levou uma pancada no pneu, tem de mandar desempenar o aro e botar um pneu novo”, alertou.
FREIOS – Chistian Cona destaca também que, por conta dos buracos e dos desvios, o motorista utiliza mais os freios, por isso a manutenção terá de ser em um curto espaço de tempo.
É preciso ficar atento aos sinais
O condutor de veículo precisa ficar atento aos sinais de que o carro sofreu prejuízos. Barulho no freio, trepidação da direção e carro que “puxa” para um lado são alguns dos sinais de que o veículo precisa ser levado a um mecânico, de acordo com os especialistas. Identificar problemas antes que eles piorem é uma das melhores maneiras de não gastar dinheiro com consertos.
Numa manutenção barata, como forma de prevenção, de freios, por exemplo, o proprietário pode gastar cerca de R$ 180,00 a R$ 200,00. No caso de uma manutenção por completo, como em um conjunto de freios, chega a R$ 500,00. A pessoa passa a gastar mais só por conta de uma não observância desses itens.
Estar atento ao conjunto de suspensão também é importante. A simples troca de uma bucha ou de um coxim do amortecedor, que não são tão caros, podem evitar prejuízos com o amortecedor. Em muitos carros, o amortecedor, no conjunto de suspensão, é um dos itens mais caros.