Cotidiano

Aumento no índice de prostituição no Bairro Caimbé preocupa moradores

Quem mora no bairro alega que muitas das mulheres envolvidas na atividade podem ser estrangeiras

Os moradores do bairro Caimbé, na zona Oeste da Capital, denunciaram à Folha o aumento do índice de prostituição no local, em especial os que trafegam próximo à avenida dos Imigrantes. Quem mora naquela área acredita que houve um acréscimo de casas de atividades sexuais, também conhecidos como “inferninhos” na localidade, e que com isso ampliou o número de pessoas dispostas a trabalharem com a indústria do sexo.

A reportagem da Folha foi ao bairro Caimbé, mais precisamente à rua Leôncio Barbosa, próximo à Feira do Passarão, e pôde comprovar o aumento na oferta de atividades sexuais. Por volta das 10h da manhã, mais de quinze mulheres aguardavam por uma oportunidade de trabalho. Ao avistarem a chegada do carro da reportagem, as envolvidas saíram do local.

De acordo com os moradores, o problema maior é que, com o oferecimento de serviços como este, também aumenta a criminalidade no ambiente, e que isso inibe a presença de famílias em seus ambientes públicos de lazer.

“Sempre gostei do meu bairro. Moro há 18 anos, mas agora está horrível. Quem mora aqui sabe o que estou dizendo. Fico imaginando em quanto tempo vamos ser atingidos por este tipo de atividade. Não sou preconceituosa, mas o Caimbé é bairro residencial, com muitas crianças”, disse uma moradora que publicou em rede social seu descontentamento. “Dureza ir na direção da avenida dos Imigrantes”, reclamou.

Outro ponto levantado pelos moradores seria a possibilidade de que as mulheres envolvidas na prostituição sejam estrangeiras, na sua maioria, da Venezuela e Guiana, e que estariam ilegalmente no Brasil.

Em julho do ano passado, a Polícia Federal em Roraima (PF) deflagrou uma operação de investigação chamada “La Sombra”, que visava desarticular esquemas de tráfico internacional de pessoas para fim de exploração sexual, em cinco estabelecimentos localizados também no bairro Caimbé, na zona Oeste da Capital.

Conforme o delegado da PF, Alan Robson, as investigações permanecem em curso. Além disso, o delegado afirmou que naquela ocasião não foi comprovado que as mulheres envolvidas eram vítimas de esquema de tráfico de pessoas.

“A prostituição não é crime no Brasil. A atuação da Polícia Federal foca no papel administrativo, se aquelas mulheres que estão exercendo esse papel estão sendo ameaçadas, se foram levadas do seu país de origem com promessas de que iriam trabalhar em outras áreas e foram obrigadas a prostituirem-se, tendo seus documentos pessoais, passaportes, retidos e se estão com o visto em dias, entre outras atividades que podem ser relacionadas”, revelou Alan Robson.

De acordo com o delegado, no caso da operação “La Sombra”, ficou comprovado que as mulheres estrangeiras estavam vindo ao Brasil de forma voluntária para obter uma renda própria e fugir da crise financeira que o país vizinho enfrenta. “No caso da operação realizada no ano passado, após a reunião de provas e pelos depoimentos das mulheres, foi observado que elas tinham vindo ao Brasil voluntariamente”, pontuou.

O delegado da Polícia Federal, Anderson Dias, também acrescentou que as mulheres também não moravam nos estabelecimentos investigados, estando instaladas em locais próximos, o que também não categoriza crime. “Apesar desses resultados, a atuação de fiscalização de prováveis crimes de mediação, indução e rufianismo – quando alguém participa dos lucros da pessoa que exerce a atividade sexual, a figura conhecida como o famoso ‘cafetão’ – continuará sendo exercida pela Polícia Federal, continuamente”, adicionou.

Os delegados também reforçaram que a população pode auxiliar a ação da PF denunciando possíveis crimes de tráfico de pessoas para a prostituição, entre outras ações ilícitas relacionadas, através do telefone 3621-1500. (P.C)

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