Cotidiano

Atraso em pagamento afeta contratações de fim de ano

Economista aposta em possíveis válvulas de escape para manter a economia aquecida

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

Final de ano é sinônimo de festas, renda extra, movimento forte no comércio e contratações temporárias para dar reforço à forte demanda que as lojas recebem. Roraima possui uma característica econômica que o diferencia do restante do país e que neste ano pode fazer toda diferença nas contratações temporárias neste período de fim de ano: a economia de ‘contracheque’.

O economista Docílio Erik Souza diz que o atraso de pagamento dos salários de servidores públicos irá impactar sim o comércio, mas que haverá válvulas de escape para manter o comércio aquecido e consequentemente gerar empregos, ainda que em uma escala menor do que de anos anteriores.

“O atraso no recebimento dos servidores públicos do Estado impacta diretamente nas contratações temporárias típicas do período, mas há outros atos compensatórios, como o recebimento do décimo terceiro, de pessoas que trabalham no setor privado, que não está sentindo tanto esse impacto, como a agropecuária, a agroindústria, mas de forma geral impacta sim”, afirmou o economista.

Seguindo a linha de raciocínio de que há empresas privadas e haverá pagamento de décimo terceiro, o gerente de uma loja de roupas masculinas, Diniz Braga, disse que 20 pessoas devem ser contratadas para trabalhar durante o fim de ano nas lojas da franquia.

Já a gerente, Leidiane Moura, que também trabalha com vestuário, contratará oito vendedores, número maior que o de contratações de 2017, em que contratou sete pessoas. A gerente disse que o mês de novembro já trouxe impactos negativos nas vendas e atribuiu ao atraso do pagamento dos salários dos servidores, mas está apostando nas pessoas que devem chegar na cidade para as festas de fim de ano. “Vamos contratar porque não temos só as vendas daqui do Estado, esperamos quem vem de fora, como quem vem do garimpo e da Guiana”.

Para Souza alguns pontos do comércio de Roraima só irão sentir o impacto do atraso em novembro mesmo porque este foi um ano eleitoral e muitas pessoas trabalham de forma lícita em campanhas políticas.

“Do fim da eleição, no dia 28, para cá ainda é um curto período de tempo e o comércio ainda não sentiu todo impacto do atraso do pagamento dos servidores públicos porque houve outra gama de pessoas que estavam desempregadas, sem renda e tiveram acesso a uma renda baixa e temporária, mas foi uma renda que acabou compensando e então o comércio não sentiu ainda todo o impacto, mas agora em novembro sim, o comércio está sentindo”, comentou Dorcílio.

Se o setor de vestuário ainda não conseguiu sentir o impacto, o mesmo não pode se dizer do setor de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, por exemplo. A gerente de uma franquia local, Natalia Marques, disse que a venda de celulares já sentiu o impacto há meses e é provável que não haja novas contratações na loja, mas sim a realocação de funcionários de acordo com o fluxo de cada loja.

Já em uma loja de franquia nacional de eletrodomésticos e eletroeletrônicos o responsável pela loja, Iago Ruda, disse que as vendas estão 15% abaixo do mesmo período de 2017 e que as contratações só ocorrerão para completar quadro.

“No final do ano a nossa expectativa é pela Black Friday, porque trabalhamos mais com eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Estamos preocupados com os atrasos de pagamento porque já estamos com queda nas vendas, isso em relação aos números do ano passado”, lamentou Ruda.

E para quem está desempregado e tentando uma vaga temporária com a esperança de conseguir se manter no emprego, a dica é ser ‘proativo’. “O setor privado quer pessoas atuantes, proativas, que vejam outras ações, que não sejam totalmente inerentes à sua área dela, mas que veja o que está sobre o seu raio de ação e se puder resolver a situação, que resolva. A principal dica é que as pessoas sejam proativas”, afirmou Dorcílio Erik Souza.