
A presença da arte no ambiente escolar vai além do entretenimento, pois ela pode ser uma importante aliada no desenvolvimento emocional, social e cognitivo dos estudantes. Uma pesquisa recente realizada em escolas públicas e privadas brasileiras revela que atividades culturais como teatro, dança, música e artes visuais têm um impacto direto no engajamento dos alunos e no desempenho acadêmico.
A pesquisa “Arte e Cultura nas Escolas”, conduzida em parceria entre o Observatório Fundação Itaú e a Equidade.Info, ouviu mais de 6 mil estudantes, professores e gestores de diferentes regiões do país. A primeira etapa ocorreu entre os meses de junho e agosto de 2024, com 195 escolas, 3376 alunos, 451 docentes e 262 gestores; e a segunda entre os meses de agosto e setembro, com 198 escolas, 2715 estudantes, 362 professores e 214 gestores.
Os dados mostram que 85% dos alunos participaram de pelo menos uma atividade artística ou cultural promovida pela escola no último ano. Além disso, 96% dos gestores, 95% dos professores e 80% dos alunos acreditam que essas experiências contribuem para melhorar o rendimento escolar.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A avaliação geral é que as práticas culturais não apenas tornam o ambiente escolar mais atrativo, como também fortalecem a saúde mental dos alunos, ajudando a reduzir a evasão escolar e promovendo um espaço de maior acolhimento e expressão individual.
A arte também favorece a empatia, a cooperação, o senso crítico e o autoconhecimento, aspectos essenciais para a formação integral do ser humano.
Para os estudantes, a influência vai além da sala de aula: 46% relataram praticar atividades artísticas no tempo livre, o que reforça o papel da escola como espaço de estímulo ao interesse cultural. Entre os professores, 93% afirmaram que conseguem relacionar conteúdos artísticos com suas disciplinas, o que revela o potencial da arte como ferramenta pedagógica transversal.
Apesar dos avanços, a pesquisa também mostra que ainda há muito espaço para crescimento. Cerca de 9 em cada 10 alunos, professores e gestores gostariam de ver mais atividades culturais em suas escolas. Entre os gestores, esse número chega a 95%, o que aponta para uma consciência generalizada sobre a importância da cultura no processo de ensino-aprendizagem.
Contudo, o levantamento indica uma diminuição dessas práticas à medida que os alunos avançam na trajetória escolar. Enquanto 92% dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental apoiam mais atividades culturais, o percentual cai para 79% no ensino médio. Isso sugere a necessidade de políticas educacionais que garantam a continuidade do acesso à cultura em todas as etapas da educação básica.
Acesso democrático e diversidade cultural
Outro ponto positivo revelado pela pesquisa é o equilíbrio no acesso às atividades culturais entre estudantes de diferentes raças, gêneros e etapas de ensino, reforçando o papel da escola como agente de democratização do direito à cultura.
As atividades mais frequentes nos últimos meses foram apresentações de dança (57%), festas folclóricas ou manifestações da cultura popular (48%) e peças teatrais (42%). Outras experiências, como shows de música (25%), sessões de cinema (22%) e visitas a museus (18%) também estiveram presentes no cotidiano escolar de muitos alunos.
Por fim, a pesquisa concluiu que a integração da arte e da cultura ao ambiente educacional não apenas amplia o repertório dos alunos, mas também contribui para seu bem-estar emocional, senso de pertencimento e desempenho acadêmico. A pesquisa evidencia o desejo coletivo de fortalecer essa dimensão da educação, mostrando que investir em cultura nas escolas é, também, investir na saúde mental e no futuro das novas gerações.