Cotidiano

Associação de Apicultores de Roraima exporta mel para empresa do Piauí

Piauí é o primeiro a comprar produção roraimense. Mel será vendido pelo dobro do preço, melhorando a renda dos produtores

O mel produzido em Roraima está sendo exportado pela primeira vez para outro Estado, o Piauí, na região Nordeste do país. Foram 28 toneladas do produto enviadas ontem, mas outras 47 toneladas já haviam sido despachadas no mês de janeiro. A parceria é da Associação Setentrional dos Apicultores (ASA), que reúne os produtores de mel do Estado com uma empresa piauiense, a Samel Indústria e Comércio. 

A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) deu suporte à negociação. O mel, que aqui é vendido a R$ 4,50 o quilo, por causa dos atravessadores, no Piauí custará R$ 8,00. É um lucro de quase 100%. Todo o custo do transporte, e até mesmo os tambores para o carregamento do mel, estão sendo feitos pela compradora piauiense.

O representante da empresa, Gilmar Neres, está no Estado desde o dia 20 de fevereiro. Ele precisou retirar a umidade do produto, por causa do clima da Amazônia. “Roraima poderia escoar mais produção, se não fosse a burocracia com o imposto em cima da fonte do mel, o que não existe no Piauí nem em outros Estados”, comentou.

O produtor e representante da ASA, Pedro de Freitas, concorda que ainda há muitos entraves para que o mel seja explorado com qualidade em Roraima. A situação sanitária e a autorização para a exportação estão em dia, mas falta mais organização. Dos 110 produtores associados na entidade, poucos emitem nota fiscal. Freitas disse que o ICMS, de 17%, em cima do mel é pesado para os apicultores, que fazem parte do grupo dos pequenos produtores. Se a Lei estadual 215/98 fosse cumprida, eles teriam isenção da taxa, o que seria uma grande oportunidade, segundo Pedro de Freitas.

“A apicultura é migratória. Eu posso sair daqui e ir para o Amazonas criar abelhas. Mas, com essa taxa, é inviável. Roraima só tem 0,2% do seu potencial de produção de mel explorado. Com 50 caixas de mel é possível obter R$ 2 mil, uma boa renda para quem vive no meio do mato. Assim se evita que a pessoa venha para Boa Vista passar dificuldades na cidade”, frisou.

Enquanto que em outros lugares se tira o mel da colmeia de uma a duas vezes por ano, os apicultores daqui fazem até oito vezes no ano. Todos os municípios têm produtores de mel com resultados semelhantes. O clima amazônico, sem inverno rigoroso, e a variedade de flores são os diferenciais. “O ipê roxo, por exemplo, faz um mel amarelinho e super gostoso. Então, em janeiro, fevereiro e março deste ano, conseguimos em torno de 120 toneladas, uma média de 35 toneladas mensais, considerando a entressafra. E tudo sem agrotóxico”, frisou.

Com mais de 50 anos de experiência, 40 de residência em Roraima e 24 de fundação da Associação Setentrional dos Apicultores, Pedro de Freitas trabalha duro, querendo provar que é possível criar abelhas no Estado. “Se fala tanto em preservação do meio ambiente e não se faz nada por ele. Aí querem plantar soja, criar fazenda, boi, mas tudo isso degrada a natureza. O mel não degrada”, defendeu.

ASSISTÊNCIA – O diretor do Departamento de Abastecimento e Comercialização da Seapa, Ismael Medeiros Dias, disse que atua com os apicultores em duas frentes. A primeira é no Programa de Aquisição de Alimentos, em que parte do que é feito é distribuído em lugares como hospitais e escolas.

A segunda é a parceria com a própria associação, assessorando nos trâmites burocráticos e trabalhando na melhoria da entidade. A mais recente delas é a ampliação do depósito de armazenamento dos tambores com mel. “Estamos com processo iniciado para que eles se regularizem na lei 215/98, também”, afirmou.

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