Cotidiano

Ambulante se veste de garçom para vender água de coco no semáforo

Daniel Moura tem 33 anos e é roraimense. Com a roupa de garçom, ele oferece água de coco aos clientes

Todos os dias, Daniel Moura, de 33 anos, começa o dia disposto, pois sabe que irá passar o dia no trabalho. Ele tira a camisa branca bem passada do cabide, abotoa a camisa impecavelmente, coloca uma calça preta de linho e um cinto alinhado à cintura. Os sapatos brilhando complementam seu uniforme diário. E o diferencial é a gravata borboleta. O traje é o típico de um garçom de gala, pouco comum em Boa Vista, a diferença é que Daniel se prepara para vender água de coco no semáforo entre as avenidas Venezuela e Ataíde Teive. E para enfrentar o sol escaldante da capital, ele também adotou um boné.

A ideia criativa foi uma forma que Daniel Moura encontrou para o sustento da casa e se sobressair nas dificuldades dos trabalhadores que atuam como ambulantes. A ideia surgiu após um momento de dificuldade financeira.

“Eu trabalhava usando uma roupa normal, camiseta e calça jeans, e teve um dia que a minha irmã viu um cliente me destratando devido as minhas roupas, ela não gostou da situação, foi para casa, e conversamos sobre aquilo. E então ela pesquisou e trouxe a ideia de se vestir de garçom para trabalhar no semáforo e eu topei a ideia. E deu certo, conseguimos e vencemos essa barreira que surgiu depois de uma situação ruim”, contou.


Ideia criativa foi uma forma que Daniel Moura encontrou para o sustento da casa (Foto: Neia Dutra/FolhaBV)

Daniel está no ramo da água de côco desde 2011, mas já trabalhou em diversos serviços como lavador de carro, servente de obra, polidor de mármore, frentista e entregador. Ao lado da irmã Thais Batista, montou a barraquinha de venda de água de coco. Enquanto Daniel faz a venda, Thais atua no lado administrativo.

“Eu percebi que estavam zombando do Daniel, e é um trabalho muito pesado debaixo de sol, de chuva, eu fiquei muito chateada e cheguei a chorar. Daniel disse que era para deixar pra lá, mas não conseguia aceitar, porque ele faz o trabalho pesado, ele carrega os cachos de coco, ele passa o dia no sol para fazer nossas vendas. Foi pesquisando ideias inovadoras surgiu essa ideia, perguntei se ele teria coragem, ele sorriu e disse que sim. A partir daí nós executamos a ideia”, contou Thais.


Daniel Moura trabalha com a irmã Thais Batista (Foto: Neia Dutra/FolhaBV)

Daniel diz que a ideia agradou os clientes que ficam surpresos com a vestimenta. “Eu me sinto bem da forma que eu me visto, estou me destacando no meu trabalho, recebemos elogios e críticas, mas tudo é uma satisfação”, relata.

Daniel e Thais já tentaram abrir uma revendedora de bebidas, porém foram assaltados e não conseguiram manter um negócio. “Antes de trabalhar com o coco, tivemos uma distribuidora de bebidas e sofremos muitos assaltos, nós falimos, não tenho vergonha de dizer e desistimos pela falta de segurança ser muito grande”, conta Thais.

Ela também conta que as roupas se acabam muito fácil devido o trabalho duro. “É preciso ficar trocando as camisetas e principalmente os sapatos, ele passa o dia caminhando em pé, se perde fácil, o sol também estraga as camisetas”, disse Thais.

Daniel tem um filho de 18 anos, e quer ser um exemplo para ele e também para as novas gerações. “O exemplo que eu quero dar aos mais jovens é que tudo na vida passa, e nós temos que nos destacar com a nossa dedicação, nós temos lutado, por mais que a tempestade seja dura, um dia ela passa” disse.

Onde encontrar?

Além do ponto de venda na avenida Venezuela que funciona das 9h às 18h, os irmãos fazem a entrega de água de côco. A encomenda pode ser feita por meio do número (95) 99137-9144. As águas são vendidas em garrafas de 500 ml e 1 litro, a R$ 8 e R$ 15.