O agronegócio é um dos eixos centrais da programação do Amazontech 2025, que acontece de 4 a 6 de setembro no campus Paricarana da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista. A programação vai reunir centenas de atividades, com oficinas, palestras, seminários e painéis voltados à agricultura, pecuária, bioeconomia e ao manejo sustentável dos recursos amazônicos.
A proposta é discutir soluções que unam inovação tecnológica, ciência aplicada e saberes tradicionais para enfrentar os principais desafios da produção rural na Amazônia, promovendo o desenvolvimento sustentável e fortalecendo os pequenos negócios do campo.
Primeiro dia: ciência aplicada ao campo
O primeiro dia da programação coloca em evidência práticas essenciais para o aumento da produtividade agrícola e pecuária na região. Entre as oficinas, destaque para a
“Implantação de estação de monta e controle de parasitas de bovinos de corte na Amazônia”, conduzida pelo professor Renan Denadai, diretamente voltada para a saúde e o desempenho do rebanho. Outra atividade prática é o “Manejo na ordenha mecânica”, que será ministrada por Jalison Lopes, e abordará técnicas modernas para garantir qualidade e eficiência na produção de leite.
A agricultura também está representada em oficinas como “Controle de nematoides no solo” e “Seleção e manejo da mandioca”, com o professor Helton Fleck da Silveira. A mandioca, alimento de grande importância socioeconômica e cultural na Amazônia, ganha espaço em discussões técnicas sobre produtividade e qualidade.
No campo da inovação tecnológica, oficinas como “Uso de smartphone e machine learning em análise e autenticidade de alimentos” exploram como ferramentas digitais podem contribuir para garantir rastreabilidade e segurança alimentar, fortalecendo a competitividade do agro amazônico.
As palestras do primeiro dia também reforçam a relevância do tema. “Inovação em agricultura de precisão”, com o pesquisador Julio Cezar Franchini dos Santos, apresentará como o uso de dados pode reduzir custos, melhorar a gestão das propriedades e aumentar a eficiência do uso dos recursos naturais. Já “Mercado de carbono e biomassas” traz o pesquisador Alexandre Alonso Alves para debater alternativas ligadas à transição energética, bioeconomia e produção de bioprodutos, conectando o agro às novas demandas ambientais e de mercado.
Outros destaques incluem a palestra sobre edição genômica do tambaqui, que promete ganhos comerciais para a aquicultura, Tecnologias da reprodução animal para aumento de produtividade da pecuária Amazônica, com o professor Bruno Pena, tema fundamental para a sustentabilidade da pecuária. O primeiro dia encerra com painéis sobre mudanças climáticas e empreendedorismo verde, reforçando o papel do setor agropecuário no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Segundo dia: fruticultura, café e bioeconomia
A segunda etapa da programação volta-se para fruticultura, laticínios, café e sistemas produtivos integrados. O seminário “Estratégias de controle da vassoura-de-bruxa da mandioca” destaca a importância de combater doenças que afetam culturas estratégicas para a região. Já o tema “Mosca da carambola: impactos na fruticultura de Roraima
e perspectivas de controle” chama atenção para os cuidados necessários diante de pragas que podem comprometer a produção.
O papel do empreendedorismo feminino no campo também está presente em um encontro de cafeicultoras do Norte do Brasil, que discutem experiências e desafios na produção e comercialização do café robusta amazônico. A cadeia produtiva do cacau é abordada em “Sistema produtivo sustentável de cacau para a Amazônia”, enquanto o seminário sobre “Indicações Geográficas” mostra como a certificação pode agregar valor e promover o desenvolvimento regional a partir da valorização de produtos tradicionais.
As oficinas do dia incluem temas práticos como a ciência e degustação do café, a produção de ovos em conserva, o melhoramento genético de bovinos leiteiros e o uso de biochar em culturas agrícolas. Esta última técnica representa inovação importante para a melhoria da fertilidade do solo e a redução das emissões de carbono.
Nas palestras, ganham espaço tecnologias como o uso de inteligência artificial para manejo de florestas (“NETFLORA”) e pesquisas voltadas à classificação do café robusta, ao potencial socioeconômico do babaçu e ao manejo sustentável do cupuaçuzeiro. A culinária amazônica também aparece como elemento de identidade e valorização dos produtos da região.
Terceiro dia: clima, inovação e comunidades tradicionais
O último dia do Amazontech 2025 reforça a necessidade de integrar inovação, clima e comunidades tradicionais ao futuro do agro amazônico. Oficinas práticas abordam desde a identificação de plantas tóxicas para o rebanho até técnicas para produção de derivados do leite e o uso eficiente de ureias na produção de milho.
As palestras apresentam temas estratégicos como “Terraclass – Qualificação do desflorestamento na Amazônia Legal”, importante ferramenta para monitorar e planejar o uso da terra. A mandioca retorna como tema central na palestra sobre a técnica RENIVA (estratégia organizacional de produção em escala comercial de materiais de plantio de mandioca), que amplia a produção de material vegetativo em larga escala. Já a bioeconomia é discutida em “Valorizando a floresta em pé”, explorando modelos de negócio que conciliam conservação e renda.
O protagonismo das comunidades indígenas também é valorizado em atividades como “Sistemas produtivos de peixes instalados em área indígena Yanomami” e “Amazônia e seus biomas: sustentabilidade e renda para comunidades indígenas”. O seminário “Mudança Climática Globais e a Agropecuária na Amazônia” fecha o ciclo de debates, trazendo pesquisadores e especialistas para discutir os impactos do aquecimento global e os caminhos de adaptação para o setor produtivo.
Inovação com raízes locais
Com mais de 60 atividades voltadas ao agro em três dias de programação, o Amazontech 2025 demonstra que o futuro do agronegócio na Amazônia passa por inovação, mas também pela valorização das práticas locais, do conhecimento científico e da sustentabilidade.
O evento reforça o papel estratégico do Sebrae na promoção de ambientes de aprendizado, troca de experiências e construção de parcerias entre produtores, pesquisadores, startups e instituições públicas e privadas.
Ao reunir diferentes olhares sobre agricultura, pecuária, bioeconomia e comunidades tradicionais, o Amazontech 2025 se consolida como um espaço para repensar o agro amazônico, conectando a região às tendências globais de alimentos mais sustentáveis e valorizando o potencial único da biodiversidade brasileira.