Cotidiano

Agentes penitenciários estão sem condições de irem trabalhar

A falta de salário de servidores estaduais vem afetando a vida principalmente daqueles que não podem paralisar, devido aos impactos quase que irreversíveis que isso poderia causar. Este é o caso dos agentes penitenciários, que estiveram protestando na tarde dessa sexta-feira, 30, em frente à Cadeia Pública de Boa Vista, no bairro São Vicente.

Ao todo, a manifestação contou com a presença de cerca de 20 agentes. Os manifestantes destacaram que muitos não puderam comparecer ao ato devido a dificuldades financeiras em até mesmo conseguir chegar ao trabalho, devido à falta dos salários referentes aos meses de outubro e novembro, além da primeira parcela do 13º salário.

No ato, boa parte dos manifestantes esteve encapuzada, com alguns desses armados. Toda a cautela serviu como uma forma de prevenção contra facções criminosas que visam os agentes. Além disso, a maior parte dos agentes se recusou a revelar seus nomes, também por medo de represálias dos faccionados.

Um dos agentes afirmou que além de apontar as falhas que o Governo de Roraima cometeu em relação à falta de salários e condições de trabalho dos agentes, o ato também serve como uma forma de chamar a atenção da equipe de intervenção federal em presídios.

“Os agentes federais resolveram algumas questões, como a falta de comida, mas eles também se comprometeram em regularizar nossos salários e fornecer combustível para nossas viaturas. Houve uma situação, na semana passada, de um presidiário que passou mal e acabou que foi preciso chamar o Samu para levar ele ao hospital, pois nenhum veículo aqui está com condições de uso”, explicou.

O único agente que aceitou revelar seu nome, Alison Santana, explicou que o próprio sindicato dos agentes penitenciários do estado de Roraima (Sindape) está sem receber repasses, descontados no contracheque dos servidores, há seis meses.

Outra agente, que optou por não se identificar, destacou que a pressão psicológica que a classe vem recebendo vem de todos os lados. Tanto de dentro dos presídios, com ameaças constantes de facções criminosas, quanto fora dele, em casa, quando não se há mais condições para pagamento de dívidas.

“Hoje só vieram três agentes para tomar conta de quase 700 presos dentro da Cadeia Pública, sendo que a capacidade dela é de 120. Nós somos os que ainda conseguem ir ao trabalho, e está ficando cada vez mais difícil. Temos pessoas aqui que costumavam ter todas as contas em dia, e agora estamos todas ficando endividadas, com cartão estourado e empréstimos”, explicou.

GOVERNO – A Sefaz (Secretaria de Fazenda) ressaltou por nota que o pagamento relativo ao mês de outubro dos salários de todos os servidores, inclusive os da administração indireta, depende de desbloqueios das contas do governo.

Uma demanda pedindo informações em relação às reivindicações que dizem respeito à intervenção federal em presídios foi encaminhada pela Folha ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que, até o momento do fechamento desta edição, não tinha dado resposta. (P.B)