Com a popularização das redes sociais, os ataques virtuais ou cyberbullying tornaram-se uma preocupação crescente para a saúde mental de adolescentes. Um novo estudo publicado na revista BMC Public Health, conduzido pela Florida Atlantic University em parceria com a Universidade de Wisconsin-Eau Claire, revela que esse tipo de agressão online pode causar traumas semelhantes aos de experiências adversas da infância (ACEs), como negligência ou abuso.
A pesquisa analisou dados de 2.697 estudantes norte-americanos, entre 13 e 17 anos, e encontrou uma forte relação entre diferentes tipos de cyberbullying e sintomas de estresse pós-traumático (PTSD). Entre os ataques mais comuns estão exclusão de grupos de conversa, criação de perfis falsos e disseminação de boatos ou comentários maldosos, todos com potencial para provocar sérios danos emocionais.
Um dos pontos mais relevantes do estudo é que até formas menos explícitas de cyberbullying, como ser deixado de fora de um grupo online, podem gerar efeitos tão nocivos quanto ameaças diretas. Cerca de 87% dos adolescentes ouvidos relataram ter vivenciado pelo menos um dos 18 tipos de agressão analisados.
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Os pesquisadores destacam que o impacto emocional não depende apenas da gravidade aparente do ataque, mas também da frequência com que ele ocorre. Quanto mais vezes o adolescente é alvo, maior o risco de desenvolver sintomas como ansiedade, confusão mental, insônia e até isolamento social.
O estudo também identificou que meninas e adolescentes mais novos tendem a sofrer mais intensamente os efeitos do cyberbullying, embora o volume de agressões seja o fator com maior peso nos danos psicológicos.
Diante desse cenário, os autores recomendam uma abordagem mais ampla, que envolva pais, educadores e profissionais de saúde. Treinamento para reconhecer sinais de trauma, promoção de ambientes escolares seguros e apoio psicológico são medidas essenciais para proteger a saúde mental dos jovens no ambiente digital.
Para os pesquisadores, o combate ao cyberbullying exige mais do que alertas sobre segurança online. É preciso enxergar esses ataques como experiências traumáticas legítimas, com potencial para comprometer o bem-estar e o desenvolvimento dos adolescentes.