Comportamento

COP 30: entenda polêmica que proibia venda de açaí, tucupi e maniçoba na conferência

Proibição causou revolta entre representantes do turismo e da gastronomia

Açaí estava proibido de ser comercializado na COP 30 (Foto: Reprodução Internet)
Açaí estava proibido de ser comercializado na COP 30 (Foto: Reprodução Internet)

A decisão de proibir a venda de três símbolos da culinária paraense durante a COP 30, em Belém, gerou forte polêmica nas últimas semanas. Inicialmente, açaí, tucupi e maniçoba estavam vetados por apresentarem, segundo a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), “alto risco de contaminação”. A medida revoltou donos de restaurantes, chefs renomados da região e representantes do setor turístico, que consideraram a decisão um desrespeito à identidade cultural e gastronômica do Pará.

Após a pressão, a OEI voltou atrás e publicou um novo documento liberando oficialmente a comercialização desses alimentos nas áreas oficiais da Conferência do Clima, que acontece em novembro de 2025, em Belém. O registro foi assinado pelo secretário da Comissão de Avaliação da OEI, Luiz José da Silva, e garante espaço para os sabores típicos do Pará na Blue Zone (área restrita a autoridades e delegados) e na Green Zone (aberta à sociedade civil).

A repercussão foi intensa porque a proibição atingia justamente produtos que fazem parte da base alimentar e da tradição amazônica. Restauradores lembraram que o açaí é consumido diariamente por milhões de pessoas, enquanto o tucupi e a maniçoba são pratos históricos, preparados há séculos com técnicas que garantem segurança alimentar. 

O Ministério do Turismo destacou a importância da decisão de revogar a proibição, lembrando que Belém é reconhecida pela Unesco como Cidade Criativa da Gastronomia e foi listada pela editora Lonely Planet como um dos dez melhores destinos gastronômicos globais em 2024. Além disso, dados oficiais reforçam o peso econômico do açaí: o Brasil responde por cerca de 90% da produção mundial do fruto, e só o Pará ultrapassa 1,7 milhão de toneladas anuais.

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COP 30 em Belém

A 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) reunirá líderes mundiais, especialistas, organizações sociais e representantes de mais de 190 países para discutir medidas de combate à crise climática. Será a primeira vez que o evento acontece na Amazônia, reforçando a centralidade da região no debate sobre preservação ambiental e sustentabilidade global.

Mesmo antes da abertura oficial, Belém já vive o clima da conferência. Diversos eventos pré-COP estão sendo realizados, incluindo encontros técnicos, debates acadêmicos, feiras de sustentabilidade e oficinas comunitárias que mobilizam populações locais, povos indígenas, quilombolas e movimentos sociais. Essas atividades têm o objetivo de preparar a cidade para receber os participantes, além de incluir a sociedade civil na construção das pautas que serão apresentadas em novembro.

Com a reviravolta sobre a gastronomia, os sabores amazônicos estarão presentes para receber visitantes do mundo todo e reforçar o protagonismo do Pará não apenas no debate climático, mas também na valorização da biodiversidade e da cultura alimentar da Amazônia.

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