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UNIÃO OPERÁRIA BENEFICENTE

Patrimônio Histórico do Município de Boa Vista. 𝐈𝐌𝐀𝐆𝐄𝐍𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐑𝐄𝐒𝐈𝐒𝐓𝐄𝐌 𝐀𝐎 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎. 𝐓𝐫𝐚𝐛𝐚𝐥𝐡𝐨, 𝐝𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐚̃𝐨 𝐞 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐚̃𝐨. 𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐝𝐚 𝐔𝐧𝐢𝐚̃𝐨 𝐎𝐩𝐞𝐫𝐚́𝐫𝐢𝐚 (𝐒𝐨𝐜𝐢𝐞𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐁𝐞𝐧𝐞𝐟𝐢𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐨𝐬 𝐎𝐩𝐞𝐫𝐚́𝐫𝐢𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐁𝐨𝐚 𝐕𝐢𝐬𝐭𝐚).

Patrimônio Histórico do Município de Boa Vista

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐄𝐍𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐑𝐄𝐒𝐈𝐒𝐓𝐄𝐌 𝐀𝐎 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎.

𝐓𝐫𝐚𝐛𝐚𝐥𝐡𝐨, 𝐝𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐚̃𝐨 𝐞 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐚̃𝐨.

𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐝𝐚 𝐔𝐧𝐢𝐚̃𝐨 𝐎𝐩𝐞𝐫𝐚́𝐫𝐢𝐚 (𝐒𝐨𝐜𝐢𝐞𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐁𝐞𝐧𝐞𝐟𝐢𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐨𝐬 𝐎𝐩𝐞𝐫𝐚́𝐫𝐢𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐁𝐨𝐚 𝐕𝐢𝐬𝐭𝐚).

A história da União Operária Beneficente começou em 1949. Boa Vista havia recebido muitos operários da construção civil, vindos para construir os primeiros prédios públicos.

O Governador do Território Federal do Rio Branco era o Dr. Miguel Ximenes de Melo, auxiliado pelo Secretário-Geral Paulo Schimidt e pelo senhor Heitor de Sá.  

O Governador Ximenes de Melo deixou o governo em maio de 1951.

            Boa Vista era uma cidade pequena e os trabalhadores não tinham local próprio onde se reunir para tratar de assunto de seus interesses e também se divertir, até porque o único clube da cidade, o “Rio Branco” (onde hoje funciona o Clube dos Bombeiros militares – defronte a União Operária) era, a princípio, freqüentado pela classe mais abastada. Em face desta situação os operários resolveram fundar o próprio clube, e escolheram 12 operários com a missão de comunicar ao chefe de polícia que iriam fundar a “Sociedade Beneficente dos Operários de Boa Vista”.

Na Sessão de inauguração foi eleita a 1ª Diretoria, tendo como presidente o operário Raimundo Barbeiro – conhecido como Rubinho-, e como Secretário o operário José Alves Tabosa, auxiliado pelos membros Raimundo Filgueiras e Laurindo Pinheiro.

Após a eleição, foi franqueada a palavra. Mas, neste momento, o recinto foi invadido por um grupo de policiais da Guarda Territorial e prendeu toda a Diretoria e as demais pessoas que estavam presentes à Sessão. Levaram todos os livros e papéis que estavam sobre a mesa e conduziram as pessoas à delegacia de polícia, onde ficaram incomunicáveis.

Logo após a prisão, o governador Miguel Ximenes de Melo, mandou que o “Serviço de Alto Falante”, instalado no alto do prédio da Associação Comercial, na Avenida Jaime Brasil, passasse a divulgar a cada 10 minutos que o Governador havia prendido diversos comunistas, e que uma reunião com objetivo de fundar uma célula comunista em Boa Vista havia sido dissolvida.

Naquela época ser chamado de comunista era uma acusação séria e uma grave ofensa. Passados alguns dias os operários foram liberados. Mas, a “Sociedade Beneficente” parou por algum tempo as atividades.

            Em 1950 os operários voltaram a se reunir e elegeram para a presidência o senhor Milton Maduro, e a Sociedade passou a se chamar UNIÃO OPERÁRIA BENEFICENTE.  A diretoria alugou um salão na Praça da Bandeira. Cada operário fez uma mesa com quatro cadeiras para mobiliar o prédio. Como não havia muitos carros em Boa Vista, a mobília foi transportada em carros de boi, e nas costas dos operários.

Participaram: Ivo Cantanhede, Chico Gomes, os Irmãos Coutinho, Raimundo Filgueiras, Milton Maduro, Rubinho Carreiro, e outros. O carnaval de 1950 foi um dos melhores realizados pela nova diretoria.

            Em 1951 foi eleito para presidência o senhor José Alves Tabosa. Este conseguiu do Prefeito de Boa Vista, o senhor Estácio Pereira de Melo, um terreno nos lotes 6 e 7 da Quadra 47 (hoje a esquina da Rua Alfredo Cruz com a Rua Nossa Senhora da Consolata – Centro.  

A doação dos lotes foi publicada no Diário Oficial de nº 014, datado de 19 de setembro de 1951. E, para a  construção do prédio, o presidente conseguiu uma verba de 300 mil cruzeiros com o então deputado federal pelo Território, o general Felix Valois de Araujo. Mas, a verba só foi liberada no ano seguinte, 1952, e aplicada em 1953.

A conclusão do prédio aconteceu na gestão do senhor João Aprígio da Silva. Este presidente, com o apoio do governador do Território o senhor Hélio Magalhães de Araujo (1959-1961), conseguiu da Presidência da República as primeiras máquinas de datilografia e de costura para a União Operária. Além dos cursos de datilografia e de corte-e-costura, também era ministradas as atividades de crochê e de bordados com apliques em tecidos.

            Muitos operários que participaram da construção do prédio ainda estão vivos: Walmir Pimentel, Antonio Medeiro de Sampaio, Íris Galvão Ramalho, entre outros.

Durante 38 anos a União Operária Beneficente manteve elevado nível de atividades, e sempre com dirigentes responsáveis: José Tabosa, Newton Tavares (que depois seria o primeiro Presidente da Câmara Municipal de Boa Vista), Francisco Negreiro, João Aprígio, entre outros.

Os últimos cursos oferecidos foram os de Datilografia e de Corte-e-costura em 1988, com 60 alunos em sala. Hoje o prédio está semi-desativado, esperando reformas e atenção dos órgãos públicos.

            A Câmara Municipal aprovou a Lei nº 1184 de 21/10/2009, tombando para o Patrimônio Histórico do Município de Boa Vista o prédio da União Operária Beneficente, não se permitindo a venda ou modificações arquitetônicas.

Esta Lei foi sancionada pelo Prefeito Iradilson Sampaio de Souza, e publicada no Diário Oficial nº 2564, de 27 de outubro de 2009 (terça-feira).

Em 2010, os sócios fundadores remanescentes preocupados com a situação de deterioração do prédio, resolveram ceder em regime de comodato, a edificação para a Universidade Federal de Roraima UFRR, por um período de 50 anos, com todas as prerrogativas de administração e uso, e em contra partida, a UFRR, restauraria o prédio, dando-lhe a mesma finalidade. A obra foi concluída em 2013 e o espaço reaberto. 

            No próximo dia 15 de novembro deste ano de 2024, a União Operária completará 75 anos.