LETRAS SABOROSAS

Receita tradicional de Roraima: Paçoca de carne de sol com banana

Receita tradicional de Roraima: Paçoca de carne de sol com banana

RECEITA DO DIA

Paçoca de carne de sol com banana

Denise Rohnelt de Araujo

INGREDIENTES:

01 Kg de carne do sol

01 cebola média em tiras finas

01 tomate cortado em cubinho sem sementes

02 dentes de alhos amassados

Óleo para refogar e fritar a banana

1/2 kg farinha de mandioca (fina)

Cheiro verde a gosto

Pimenta de cheiro ou biquinho a gosto

02 bananas da terra (pacovã)

MODO DE PREPARO:

Corte a carne em pedaços pequenos e leve ao fogo com água para ferver por aproximadamente 10 a 15 minutos e depois escorra a água. (Se achar que está muito salgada troque a água e ferva novamente).

Em uma panela refogue a cebola picadinha e o alho. Junte a carne e deixe fritar até ficar douradinha, mexendo sempre.

No processador ou no liquidificador, coloque os pedacinhos de carne e bata no pulsar até desfiar.

Leve a carne novamente ao fogo, na sobra de óleo do refogado e, aos poucos, acrescente a farinha da sua escolha, com cuidado para não ficar muito seca. Coloque o cheiro verde para finalizar.

DICA– Aqui em Roraima é servida com banana. Sugiro que sirva com banana pacovã frita para dar um toque adocicado à mistura.

A PAÇOCA DE RORAIMA É A MAIOR DO BRASIL

Para a maioria das pessoas do centro-sul a paçoca é doce, feita com amendoim. Mas na história da nossa alimentação, quem apareceu primeiro foi a paçoca salgada. No livro “Viagens Gastronômicas através do Brasil” (Ed. Senac), do escritor Caloca Fernandes, a origem da paçoca está na necessidade de preservar e transportar alimentos, como carne e peixe durante as longas viagens.

Os indígenas conservam até hoje a carne de caça e o peixe no moquém, uma técnica que além de defumar, desidrata a carne, mas sem sal, conservando o alimento por mais tempo.

Mas a paçoca é um dos responsáveis pela ocupação territorial do Brasil como presença nutritiva nos farnéis (saco ou recipiente com comida para viagem) dos tropeiros que cruzaram o país. Prova disso é que até hoje é consumido do norte ao sul do país. A origem do nome Paçoca vem do tupi-guarani “passoc”. Segundo o maior pesquisador da alimentação brasileira, Luís da Câmara Cascudo, ele descreveu o nome como: amassar, esmigalhar com as mãos, esfarelar, pilar.

Aqui em Boa Vista, a capital do extremo norte brasileiro, estamos na busca do recorde da Maior Paçoca do Mundo, que será pesada e entregue para a população da cidade amanhã, 24 de junho, na festa Boa Vista Junina.

A prefeitura de Boa Vista se prepara para quebrar mais um recorde da Maior Paçoca do Mundo. A meta desse ano é ultrapassar a pesagem anterior e colocar na balança mais de 1.131 mil kg da típica iguaria roraimense, que será distribuída na penúltima noite do Boa Vista Junina.

Neste ano, a estimativa para fazer a paçoca são de 800 kg de carne, 500 kg de farinha, 88 kg de cebola, 30 litros de óleo, além de dois mil kg de banana que também serão distribuídos para acompanhar a iguaria, assim como ocorreu em 2022. A Maior Paçoca do Mundo ainda carrega representatividade econômica, por que todos os ingredientes utilizados no preparo são regionais, de produções rurais do estado de Roraima.

A farinha de mandioca utilizada é produzida no P.A Nova Amazônia; a carne vem do interior do estado, e a banana, do sul de Roraima. De acordo com a superintendente da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista (Fetec), Alda Amorim, além de valorização da culinária roraimense, a Maior Paçoca do Mundo vem para fomentar a economia local, com incentivo à produção da comida típica roraimense.

“Na festa, é bonito bater recorde e ver a população saboreando a Maior Paçoca do Mundo. No entanto, esse projeto da Prefeitura de Boa Vista tem um valor muito maior, pois se trata da promoção da gastronomia local. Hoje, a nossa capital tem um sabor local, que é a paçoca. Estamos promovendo um produto turístico, sem contar o fomento à economia com o incentivo à produção da comida típica”, contou.

A Paçoca de carne de sol foi declarada Patrimônio cultural e imaterial de Boa Vista, a partir da Lei municipal n° 2.349, de autoria do vereador Bruno Perez (MDB) e sancionado pelo prefeito Arthur Henrique. O ato foi publicado no Diário Oficial do dia 23 de novembro de 2022 e a mesma lei contempla também como patrimônio a Damorida, prato tradicional dos povos indígenas do Estado.

A tradicional paçoca entrou para a história do munícipio na comemoração dos 15 anos do maior arraial da Amazônia em 2015 quando foi servida meia tonelada. Nos outros anos Boa Vista superou: em 2016, 775kg; 2017, 856kg; 2018, com 1.023kg; 2019, com 1.050kg. Durante a pandemia não houve o evento, mas em 2022, a paçoca alcançou mais de uma tonelada, cento e trinta e um quilos, confirmando o título da maior paçoca do mundo.

Neste sábado, 24 de junho, a intenção é superar a marca de 1.131kg. Alguém se habilita em dizer quantos quilos de paçoca serão servidos amanhã?