JESSÉ SOUZA

Politização da crise Yanomami e os crimes que deveriam preocupar as autoridades

Criminalidade em Roraima tem mostrado conexão direta ou indiretamente com o garimpo ilegal na Terra Yanomami (Foto: Divulgação)

Enquanto deputados federais de Roraima, que abertamente defendem o garimpo, integram uma comissão externa da Câmara Federal para supostamente investigar a crise humanitária do povo Yanomami, crimes advindos do garimpo ilegal que segue dentro da Terra Yanomami se tornaram uma grande ameaça à segurança e ao bem-estar da população roraimense.

É inconcebível que queiram politizar a assistência ao povo indígena vítima do garimpo ilegal, enquanto a criminalidade que surge diretamente da exploração criminosa de minério naquela terra indígena é ignorada por toda classe política, sem exceção, inclusive existe familiar de parlamentar, que fica em silêncio absoluto, fechando contrato de R$211 milhões com o Governo Federal na área de saúde indígena.

As mais recentes manchetes da imprensa local dão a pista da criminalidade que se enraizou no Estado, inclusive com suspeita de envolvimento de mais um policial militar. Trata-se do caso de um sargento da PM flagrado dirigindo um carro que possivelmente foi usado para executar com dez tiros um homem que era investigado por roubos, homicídios, garimpo ilegal e tráfico de droga em garimpo (o narcogarimpo). O crime ocorreu no dia 10, no bairro Piscicultura.

Nesta quarta-feira, 15, foi divulgado o caso de uma mulher presa pela Polícia Federal com 7,8 kg de ouro ilegal quando desembarcou no Aeroporto Internacional de Boa Vista Atlas Brasil Cantanhede. Também foi preso na mesma operação um homem que iria receber a carga de ouro. Flagrado com uma arma de fogo, ele havia sido alvo de uma operação contra o garimpo ilegal na Terra Yanomami em 2023

São apenas duas ocorrências recentes que mostram os reflexos da criminalidade que mescla vários crimes com o garimpo ilegal. Mas, ao longo dos anos, foram centenas de casos registrados, muitos deles com envolvimento de policiais sob suspeita de integrar milícias e grupo de extermínio em conluio com empresários de garimpo ilegal, os quais contratam policiais para garantir a segurança do bando ou mesmo para agir contra rivais.

Essa é a realidade que deveria estar preocupando as autoridades locais, pois os fatos mostram que grupos criminosos já estão com fortes ramificações dentro da estrutura do Estado, especialmente da polícia, onde ao menos uma centena de policiais são alvo de investigações, a exemplo dos casos recentes que ganharam ampla repercussão e indignação da opinião pública.

 *Colunista

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