Parabólica

Parabolica 30 09 2014 88

Bom dia, “Por mais humilhado que seja o teu inimigo, ele será sempre temível” – Muslah-Al-Din Saadi Anos de abandono do sistema prisional e de sucateamento da Segurança Pública resultaram no que vem sendo divulgado pela Folha, há certo tempo, e que ganhou repercussão nacional neste domingo, no programa Fantástico, da Globo: a chegada do crime organizado a Roraima. A reportagem no programa dominical afirma que a quadrilha que age em São Paulo, matando e ameaçando policiais e juízes, abriu uma filial em Roraima e também começou a dar ordens e a recrutar criminosos, com reflexo imediato a partir do aumento do tráfico de drogas e de assaltos. O crime se organizou e age como um comércio competente, a ponto de um dos criminosos deixar bem claro o motivo do interesse em manter a facção articulada no Estado: por ser a porta de entrada para países como Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Tempos atrás, esse discurso da proximidade com países fronteiriços fazia parte dos discursos dos políticos, que inflavam o peito para dizer que Roraima seria um Estado estratégico por causa de sua posição geográfica. Mas, como não surgiram nem projetos de desenvolvimento muito menos investimentos para inibir o crime, então os bandidos colocaram esse discurso na prática, hoje impõem medo à sociedade e prosperam com seus negócios escusos. O sistema prisional tenta responder contra o avanço do crime. Porém, as estruturas estão defasadas e falta investimento de toda ordem. Pelo que se vê na campanha eleitoral, não há candidatos preocupados com esse tema, pois não se vê propostas ou alternativas destinadas a livrar Roraima desta perigosa realidade. O que existe, na verdade, são políticos mais preocupados com o desempenho de suas candidaturas do que com os graves problemas que o Estado enfrenta. É como se os problemas que Roraima enfrenta fosse “apenas” problema da imprensa. Definitivamente, o Estado que passa no Horário Eleitoral Gratuito está longe de ser o Estado que queremos. Ou a sociedade organizada e as autoridades assumem que existe um imenso buraco pronto para devorar a todos, ou continuaremos sendo uma terra sem lei, onde o crime organizado desafia os poderes constituídos e se estabelece de forma mais competente do que o comércio e os empreendimentos dos quais tanto precisamos. REUNIÃO A equipe de um candidato foi pega de surpresa, nessa reta final de campanha, quando recebeu ordem para o comitê eleitoral em Boa Vista desmobilizasse carros de som das ruas e promover cortes com gastos. Até então, ninguém sabia explicar o motivo de se reduzir as ações de rua no momento mais crucial na disputa por votos. Porém, a resposta veio depois de uma reunião com os caciques do grupo e seus subordinados de linha de frente. AS MULHERES Conforme fontes da Parabólica, nesta reunião ficou decidido que duas mulheres de inteira confiança de um político teriam R$4 milhões para montar um grande esquema de “boca de urna” nesses últimos dias até domingo. Uma dessas mulheres ocupa cargo em uma pasta (cuja sogra é sócia do filho de um parlamentar em uma empresa de sinalização) e outra é suplente do candidato, mas que há muito tempo atua como uma espécie de “procuradora” dos municípios do interior. SEM RECEBER Os funcionários terceirizados que estão há meses sem receber vão continuar do mesmo jeito: sem dinheiro. É que está havendo uma grande mobilização de empresas em torno da candidatura de um dos empresários e também para tentar reverter os números das pesquisas eleitorais na majoritária. Estão sendo enviados emissários para o interior do Estado a fim de montar as “bocas de urna” – chamadas de BUs. Só para Pacaraima o empresário determinou pagamento de R$400,00 para “BU” que inclui três candidatos. É mole? DECLARADA A guerra foi declarada na disputa pela vaga ao Senado. A prefeita Teresa Surita (PMDB) cancelou seus compromissos que tinha fora do Estado, na semana passada, para ficar em Boa Vista a fim de pedir votos para o deputado federal Luciano Castro (PR). Ela também gravou um programa eleitoral que começou a ser veiculado nesses últimos dias em que ela declara seu voto abertamente para o candidato do PR e explica seus motivos. CORPO E ALMA A prefeita entrou de corpo e alma em favor da candidatura de Luciano. Ela está indo a cada liderança política e empresarial sobre os quais têm influência para pedir apoio para a candidatura do PR ao Senado. Tornou-se questão de honra para Teresa tentar eleger o deputado que ela classifica como “candidatura sem ódio”. PREOCUPADOS Uma candidatura tem preocupado os caciques políticos mais experientes e promete fazer história na política local. Além de ser cotada a ter grande número de votos e puxar pelo menos mais um candidato de sua coligação, tem mexido com a vaidade de uma política local, a qual tem dito para os mais próximos que está pessoalmente empenhada em tirar os votos dessa candidatura. AGUENTA As disputas de bastidores entre candidatos ao Senado estão na base do “aguenta se for capaz”. Há muita grana rolando para todos os lados. O objetivo nessa reta final de campanha é comprar os cabos eleitorais de seus adversários. Tornou-se uma espécie de leilão aberto no qual quem dá mais leva o cabo eleitoral do outro. COFRES Uma importante figura do mundo político boa-vistense resolveu abrir os cofres. Ele está chamando os cabos eleitorais mais obedientes e está oferecendo para cada, um valor de R$5 mil para utilizar na compra de votos nessa reta final de campanha eleitoral. É mole? ENTREVERO As redes sociais foram tomadas ontem por uma onda de comentários sobre um entrevero entre o ex-governador Anchieta Júnior (PSDB), que também disputa a vaga ao Senado dentro do grupo governista, com o senador Romero Jucá (PMDB), no palanque eleitoral durante um comício no Sul do Estado, neste fim de semana. O clima esquentou e promete render desdobramentos.