Parabólica

Parabolica 03 10 2014 108

Bom dia! “O problema é que o crime é perto. E a justiça mora longe” – Millôr Fernandes Com o fim do Horário Eleitoral Gratuito e do corpo a corpo nas ruas, nada mais terá o poder de mudar a tendência que está se desenhando nas pesquisas eleitorais ou no sentimento que se vê nas ruas. Apenas um fato pode dar uma guinada no atual quadro: a chamada “BU” – termo muito usual nestes tempos e que significa “Boca de Urna”. É nisso que estão apostando os candidatos endinheirados. Pelas informações diárias que a Parabólica recebe, existem muitos figurões tramando suas estratégias a serem colocadas em prática nesses poucos dias que restam para a votação de domingo, 05 de outubro. É lamentável que se tenha criado uma cultura de vender o voto sob a alegação de que é preciso ganhar algo durante a campanha eleitoral ou receber uma compensação pelo que os políticos desviaram dos cofres públicos. Os políticos, sabendo disso, aprenderam como agir para “conquistar” o voto do eleitor nas últimas horas antes da votação. O mais preocupante nessa história é o que eleitor não se atenta para o fato que, vendendo seu voto, ele estará tão somente corroborando para manter todas as mazelas como estão, pois o dinheiro que circula livremente nos bastidores e na calada da noite não brota do chão ou cai do céu; ele vem dos cofres públicos, principalmente da saúde, da educação e da segurança pública. Cada escândalo que sai na mídia e o desespero de quem procura os hospitais públicos, por exemplo, são frutos de uma estrutura contaminada que visa bancar compra de votos em período eleitoral. Então, na hora em que o eleitor estiver recebendo uma “BU”, ele deveria ter em mente que se trata de um dinheiro que está faltando no hospital, na escola ou em outras obras que deveriam estar servindo para o bem-estar coletivo. CARA DE PAU Em relação a crimes eleitorais, uma acadêmica de uma faculdade particular não se intimidou e estava comprando votos na cara de pau na sala de aula e por onde ela passava pelo campus. A moça grampeava duas notas de R$ 100,00 no santinho do candidato e pedia para votar nele, que é contumaz nessa prática. É mole? REFLEXÕES Esse episódio nos remete a duas reflexões. Uma delas é a certeza da impunidade em estar cometendo crime em um local onde se deveria esperar mais das pessoas, que estão estudando não apenas para adquirir conhecimento, mas também consciência crítica e dignidade. Outra é a passividade de quem assistiu a cena e o comportamento de quem recebeu o dinheiro e ainda vai votar no candidato. É por isso que a compra de voto prospera nesse Brasil da esculhambação. ANTECIPADO A madrugada de quarta-feira foi de grande movimento na periferia de Boa Vista. No bairro Senador Hélio Campos, por exemplo, grupos de pessoas passavam nas casas comprando votos. Já que as autoridades estão preparando suas ações policiais e fiscalizadoras somente para a madrugada que antecede o pleito e para o dia da votação, os emissários dos compradores de votos decidiram agir antecipadamente. TÁTICAS Existem candidatos que nem precisam sair distribuindo dinheiro. Eles agem de forma mais discretas. Um deles pega cadastro de inadimplentes de consórcio de motocicletas e promete quitar as prestações em débito, caso eleito. Outro vai até uma loja de eletrodoméstico e também pega a ficha do cliente devedor e vai até a residência dele prometer pagar, na segunda-feira, o que estiver atrasado depois do pleito, caso eleito. Funciona, e eles não se arriscam andando com maleta de dinheiro por aí. FARRA Os políticos que disputam os cargos majoritários não estão nem aí para a fiscalização da Justiça Eleitoral. Ontem, último dia de Horário Eleitoral Gratuito no rádio e na TV, o tempo destinado à campanha dos candidatos a deputado federal foi literalmente tomado por propagandas para governador e senador. DE FORA Além de os candidatos a deputado federal terem abandonado suas próprias campanhas, gente que não tem nenhum registro de candidatura apareceu no Horário Eleitoral pedindo votos para cargos majoritários. Foi o caso da prefeita Teresa Surita (PMDB), pedindo votos para o governador Chico Rodrigues (PSB). Isso vale? ESQUISITO Os redatores da Parabólica não têm procuração para defender o deputado federal Luciano Castro (PR). Mas parece estranha a forma como agiu a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em torno de uma denúncia envolvendo a empresa de cujo filho daquele parlamentar é sócio. Tudo é esquisito partindo do denunciante, conhecido por ganhar dinheiro atacando os outros. NOMEADO O denunciante das possíveis irregularidades envolvendo a empresa do filho de Luciano Castro é conhecido em Roraima por viver pendurado em gabinetes sem trabalhar. Fontes da Parabólica indicam que ele estaria como cargo comissionado nomeado há menos de um ano no Gabinete Civil do Governo de Roraima. RESPOSTA 1 Em resposta às notas “Reforma 1 e 2”, da edição de terça-feira, a empresa responsável pela obra da Escola Maria de Fátima Andrade, no bairro Centenário, afirma que os trabalhos nunca teriam sido paralisados e que está em conformidade com o prazo estipulado no contrato. “Ademais, o valor a que se refere a coluna, de R$ 1,6 milhão, diz respeito à reforma e ampliação de quatro escolas municipais e não apenas da mencionada, quais sejam: as escolas Jânio Quadros, Centenário, Branca de Neve e a Maria de Fátima Andrade”, diz o e-mail enviado à coluna. RESPOSTA 2 A empresa contesta ainda a informação de um professor e afirma que não estaria faltando nenhum projeto para a conclusão das obras. “A empresa está contando com total apoio da Secretaria Municipal de Obras e o único empecilho encontrado até o momento é referente à retirada do isolamento das obras, que foi feito pela própria diretora da escola, o  que vem atrapalhando a execução do serviço e colocando em risco a segurança dos alunos das escolas municipais”, frisou.