JESSÉ SOUZA

Parabéns, Boa Vista, pelos seus 135 anos de criação!

Praça das Águas, no Complexo Ayrton Senna: Boa Vista comemora 135 anos de criação (Foto: Divulgação)

Quem trabalha com o turismo tem a oportunidade de conhecer a opinião de quem chega para visitar Boa Vista, a Capital do Estado de Roraima. No que pesem os desafios, o visitante logo se encanta com o bom planejamento urbano e o ambiente relativamente seguro, em que as pessoas podem passear nas praças com celular (algo raro numa Capital), além da forte identidade cultural e as belezas naturais que podem ser conferidas sem sair da cidade.

Sendo assim, nesses 135 anos de criação da cidade, celebrados neste 9 de julho, a população tem motivos para comemorar, principalmente no que diz respeito à qualidade de vida encontrada em Boa Vista, considerada uma das melhores entre as capitais do Norte do Brasil, com base em indicadores sociais, econômicos e urbanos, apesar dos desafios, a exemplo da violência no trânsito, que tem feito vítimas constantes nos últimos dias.

O traçado radial da cidade, planejado entre os anos de 1944 e 1946, é um ponto destacado por turistas por facilitar a mobilidade na área central da cidade, proporcionando uma estética organizada, com avenidas largas e arborizadas, bem como praças que garantem um conforto urbano. Esse é outro grande motivo de orgulho do boa-vistense, apesar do custo de vida relativamente alto devido à dependência de produtos importados de outros estados, com preços elevados em itens como alimentos e combustíveis.

Considerada uma Capital-Estado, por concentrar cerca de 66% da população de Roraima (aproximadamente 470 mil habitantes, conforme o Censo 2024, Boa Vista é o principal polo econômico e de serviços do Estado, inclusive com a população dos municípios do interior e de países vizinhos vindo buscar atendimento médico, demanda ampliada a partir da migração em massa de venezuelanos, que é outro grande desafio não só de Boa Vista, como de todo o Estado.

Embora a migração tenha provocado reflexos na segurança pública, comparada a outras capitais brasileiras Boa Vista apresenta índices de criminalidade relativamente baixos, com taxa de homicídios menor que a média nacional (cerca de 20 por 100 mil habitantes, contra 27 no Brasil, em 2023), conforme as estatísticas sobre violência, o que tem atraído pessoas de outros estados a se estabeleceram na Capital roraimense.

Outro fator observado por quem chega diz respeito à qualidade de vida, que é enriquecida pela diversidade cultural, especialmente com influências indígenas, nordestinas e até de outros países. Nesse momento, estamos vivendo os festejos juninos, que se tornaram uma tradição e que atraem pessoas de outros estados, ajudando a alavancar o turismo e aquecendo o comércio local.

Boa Vista sempre teve a fama de uma cidade acolhedora, o que não poderia ser diferente por ser uma Capital com uma diversidade cultural única, que enriquece a sociedade, favorece a economia e constrói um ambiente propício para o turismo, além de fortalecer a coesão social. Tendo a migração em massa como um dos desafios, se os problemas foram bem administrados e superados com políticas públicas, no futuro teremos mais motivos para celebrar.

Afinal, essa realidade construída com a mesclagem de diferentes culturas poderá tornar a Capital roraimense em uma nova fronteira de desenvolvimento, com pessoas resilientes e com novas perspectivas. E isso já foi provado lá atrás, na década de 1980, quando houve o primeiro grande movimento migratório nordestino. É isso o que o boa-vistense precisa visualizar nesse momento de comemoração: os desafios, se bem administrados, se tornarão virtudes em um futuro bem próximo.

*Colunista

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