A CASA ESTÁ VAZIA
(se um dia ler saberá que é para você)
Hudson Romério*
Não sei se era vício ou loucura? Sei que toda a noite ia até lá, passa em frente, andar naquela rua silenciosa e fria… sei que lá não tinha nada para mim – além de tristes reminiscências. Hoje não faz mais sentindo…(nem sei onde mora). Acho que você nunca morou lá ou era eu que insistia em pensar que você estava lá (pausa) – você estava dentro de mim…me corroendo…me consumindo…a casa está vazia…(triste) – como eu sempre estive desabitado…esperando você preencher esse infinito em mim.
Ontem, de novo, assim como nas incontáveis noites, passei despercebido lá em frente – a casa parece maior, a janela é uma só! Expia um passado de digressões tão amargas, desse tempo-presente que a todo instante passa como um filme em minha cabeça. Lembranças que se tornaram passado, como um futuro já tão próximo de tornar-se presente; e assim tudo se repete…esse pregresso que não passa, onde a cicatrizes ainda sangram nesse perturbador cenário! (desespero) Ciclo que só existe em mim, na memória daquela rua que de tão gasta se cansou de mim.
(silêncio) Já se passou um tempo, nesse pretérito imperfeito, onde fiquei por muito tempo: fomos dois, três, quatro…da casa onde um dia foi nossa – desse lar que nunca foi meu, dessa pouca intimidade que nunca foi minha…de longe eu só enxergava um resquício do teu semblante, num breve instante eu via o vulto da tua presença – não sei se isso me confortava ou me desesperava mais?
É inevitável! (o mundo gira!) Ainda está lá: a mesma rua, o mesmo bairro, a mesma cidade, o mesmo eu, e um dia o que foi você. Na proverbial ilha que permaneci por esse tempo, distante de mim, perdido em nós…até que um dia decidir sair dessa ermida que de tão minha tive medo de perdê-la, eu era um náufrago sem mar, sem porto, sem a jangada que me tiraria dali, mas eu sabia que precisava emergir para uma nova vida, tinha que romper com tudo isso (pausa longa).
Manhã! (esperançoso) O sol nasce…saiu pra caminhar…terminou minha clausura…minha longa penitência se exauriu. Então vi a luz! Depois de tanto tempo – vi pessoas, árvores, palavras, imagens, sentir a vida querer viver de novo! Novas perspectivas, novos planos, novos amores. Um novo eu surgiu dessa metamorfose que há tempo não acontecia. Me tornei um ser resiliente, uma pessoa que se adapta a tudo, a todas as verdades e todas as mentiras, porque verdades-mentiras são só palavras – uma elocução só não é nada. (pausa) Adeus! A casa está vazia. Hoje eu me encho de outras coisas, me farto de um pouco de tudo, me sinto até feliz. Agora eu já nem me importo mais.
*Articulista
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A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER!
Dolane Patrícia*
É impressionante o aumento da violência contra a mulher em todo país e em Roraima não é diferente. Alguns homicídios simplesmente chocam, pelo requinte de crueldade. Uma mulher de 22 anos foi encontrada morta em seu apartamento, deixando uma filha de cinco meses de idade, o marido a matou e se suicidou depois.
Não é fácil falar sobre isso, mas é necessário!
Vários Estados da Federação estão desenvolvendo projetos para o combate da violência contra a mulher, até porque, o número de mulheres mortas com requinte de crueldade tem aumentado em todo país.
A mulher que foi agredida com ácido no rosto e no tórax, em julho, perto de um ponto de ônibus no bairro de Paripe, em Salvador, morreu. Ela estava internada há mais de um mês na UTI do Hospital do Subúrbio. O motivo da agressão teria sido por ciúmes do motorista, de acordo com os principais jornais do país.
Segundo a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), cerca de 2 milhões de mulheres são espancadas por ano no Brasil, o que equivale a 15 mulheres por segundo. Mas ela lembra que esse número pode ser bem maior, pois a maioria dos casos de espancamentos não é levada às autoridades e não consta das estatísticas.
Em 1994, o Brasil assinou o documento da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará. Este documento define o que é violência contra a mulher, além de e explicar as formas que essa violência pode assumir e os lugares onde pode se manifestar. Foi com base nesta Convenção que a definição de violência contra a mulher constante na Lei Maria da Penha foi escrita.
O caso nº 12.051/OEA, de Maria da Penha Maia Fernandes, foi o caso homenagem à lei 11.340. Ela foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la, tamanho o ciúme doentio que ele sentia. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento. Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa. Anos atrás, em Fortaleza, o corpo de uma mulher queimada pelo marido foi enterrado, no Cemitério do Iguape, em Aquiraz, Região Metropolitana. De acordo com a Polícia, João Lopes Filho, 42, teria jogado combustível em sua ex-esposa e ateado fogo.
O Tribunal de Justiça do Tocantins chegou a sediar o seminário de lançamento da campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha: a Lei é mais Forte. Fruto de parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a campanha fomentou o combate à violência doméstica no Brasil. Uma das ações visa sensibilizar magistrados de todo o País para que tribunais do júri priorizem o julgamento dos processos criminais que envolvem assassinatos de mulheres.
A Lei nº 11.340/2006, Lei Maria da Penha, alterou o Código Penal Brasileiro e possibilitou que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada. Essa legislação define que são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher todas às agressões de caráteres físico, psicológico, sexual, patrimonial e moral.
Segundo a ONU, “cerca de 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida. As mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de sofrer estupro e violência doméstica do que de câncer, acidentes de carro, guerra e malária, de acordo com dados do Banco Mundial.”
A forma mais comum de violência experimentada pelas mulheres em todo o mundo é a violência física praticada por um parceiro íntimo, em que as mulheres são surradas, forçadas a manter relações sexuais ou abusadas de outro modo.
Um est
udo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 11 países constatou que a porcentagem de mulheres submetidas à violência sexual por um parceiro íntimo varia de 6% no Japão a 59% na Etiópia. Diversas pesquisas mundiais apontam que metade de todas as mulheres vítimas de homicídio é morta pelo marido ou parceiro, atual ou anterior.
Precisa matar? Não seria melhor seguir a vida? É como diz uma publicação muito compartilhada no facebook:
“Lindo, é quando um pássaro pousa ao seu lado, podendo voar, quando, mesmo sabendo que existem outros ninhos e que pode procurar, resolve ficar.”
É o que todos nós devemos pensar. Tirar a vida? Espancar? Queimar? Esfaquear? Só vai causar mais feridas, às vezes no coração de pessoas que não tem nenhuma culpa, como no caso da criança de 5 meses que foi deixada órfã, em razão da morte brutal da sua mãe pelo seu amante.
“Quem bate na mulher, machuca a família inteira!”
*Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade Brasileira e Personalidade da Amazônia, Mestranda em Desenvolvimento Regional da Amazônia.
Acesse dolanepatricia.com.br
WhatsApp: 99111-3740
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Presente nada natalino
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Democracia é o regime que garante: não seremos governados nada melhor do que merecemos.” (Bernard Shaw)
Vamos parar de ficar ranzinzando como crianças adultas? Afinal somos todos responsáveis pelo que somos. Se fizemos o que deveríamos fazer no que queríamos fazer, fizemos o certo. Se não fizemos, ou fizemos o que os outros disseram para fazermos, fizemos o pior. Porque não fizemos de acordo com nossos pensamentos, mas de acordo com o pensamento dos outros. E você nunca vai progredir na vida se não souber o que você realmente quer, e realizar. Deixe a marola deslizar na praia dos acontecimentos. Preocupe-se mais com a onda que você pode evitar.
A torrente na política nacional está chegando à praia. Então vamos observá-la e aprender com seus movimentos. Mas temos que fazer a nossa parte. E o início deve ser na observação, não do barulho, mas do movimento das águas na areia. Então, fique na praia e acompanhe os movimentos. Está havendo mudanças na política? Não sei. Ainda não sou capaz de observar mudanças. Mas vamos observar os esforços dos que estão empenhados em mudar. Já sabemos que não há progresso sem mudanças.
Todo o entrave na política é produto do despreparo proveniente do desconhecimento. E quando não conhecemos não somos capazes de escolher os que conhecem. Então vamos aprender, para não voltarmos à estaca zero da nossa política. Comecemos buscando conhecimento na política para que não elejamos políticos que não entendem nada de política. E são precisamente os que veem a política como o maior meio de enriquecimento. E são exatamente os que veem a política como um balaio de maracutaias. E acabam levando para o balaio os que, por ignorância, pensam exatamente como eles.
Depois de todo esse carnaval, que a Polícia Federal está desmascarando, ainda há uma população enorme, dos que ainda dizem: “Eu voto nele porque ele rouba, mas faz.” E são precisamente os que vão para as ruas esbravejar e quebrar, como protesto pelos desmandos que eles mesmos provocaram. Saia desse grupo. Procure se informar. Você ainda não é um cidadão verdadeiro. Nem será enquanto não tiver o conhecimento de que não há democracia com obrigatoriedade do voto. Numa democracia se vota por dever e não por obrigação. E o cidadão sabe que tem o dever e responsabilidade na política. E cada um de nós deve saber disso. E porque sabemos, não devemos contrariar a cidadania. Todos nós somos responsáveis pelos maus políticos que temos. Eles foram eleitos por nós. Não foram nomeados nem indicados, mas eleitos por nós. Todos nós somos responsáveis pela má política que temos. Pense nisso.
*Articulista
99121-1460