Opinião

Opinião 01/06/2023

A (difícil) arte de ficar só, parte 2

Na semana passada fiz uso do nobre espaço deste jornal para falar de solitude e solidão. Dei o título de “A (difícil) arte de ficar sozinho”.

Comecei falando sobre o medo que a maioria das pessoas tem de ficar só;  afinal de contas somos seres sociais: gostamos de reunir, aglomerar, ajuntar, tudo junto e misturado. Durante a pandemia do coronavírus aumentou muito o número de ansiosos por ficarmos isolados, imposição dada pelas medidas sanitárias. Hoje, quase ninguém se lembra, mas foram dias punk.

Com o artigo, recebi vários depoimentos de pessoas amigas e de algumas que não conheço. Retomo o tema. Muitas afirmando que têm medo de ficar só, não gostam de solidão, gostam de estar cercadas de gente. Outras, entretanto, gostam de estar só, sem ter que dar satisfação de sua vida, das atitudes que tomam; que amam sua companhia.

Estudos recentes mostram que permanecer por algum tempo só, ajuda a melhorar a concentração.

“Pesquisadores definem a solidão como um sentimento de angústia que sentimos quando não temos, ou não somos capazes de obter, os tipos de conexões ou relacionamentos sociais que desejamos. A solitude é diferente.

Embora as definições de solitude das pessoas possam variar, o que é interessante é que, para muitos, ser solitário não significa necessariamente que não há mais ninguém por perto”.

A querida Ilvene, solteira por opção, enviou mensagem dizendo “que adora morar só, tem o apto só pra ela, sem dar satisfação a ninguém”.

O amigo Augusto Pantoja, casado, pai, avô, residente na tórrida Manaus, disse: “O que é a solitude? Não ter medo do silêncio, do estar sozinho. A solitude é gostar de estar com você mesmo”.

“Acho que a pessoa deveria ter medo de estar em má companhia, e não na própria, então essa pessoa não gosta dela”, escreveu minha querida Débora, divorciada, sem filhos, mãe bichológica, de SP.

Débora é mulher de papo reto, sem firulas, cujo lema é “Ou soma ou some”. A quantidade de relacionamentos que já teve é numerosa, e a fila continua andando.

Ouvi de Débora certa vez, em devaneios noturnos, que ela não é mulher de se sujeitar a homem. Da mesma forma como se apaixona perdidamente, “Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres, que só dizem sim. Por uma coisa à toa, uma  noitada boa. Um cinema, um botequim….”

De desapaixona: “Mas na manhã seguinte, não conta até vinte, te afasta de mim, pois já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim”, parafraseando Chico Buarque, mestre em alma feminina.

Logo, Débora descartou mais um, já pensando no próximo. E, arremata, é bíblico: “Amai o próximo, pois esse já faz do passado”.

Mas a melhor de todas foi a mensagem de Ana, querida amiga cearense radicada na Austrália. Ela, também especialista em fazer a fila andar.

“Você acorda com você, trabalha com você, toma café da manhã com você, faz cocô por você. Almoça, lancha, janta, toma banho, canta, chora, ri, tudo com você. Chega em casa com você, assiste TV, lê um livro, e vai dormir com você. Por mais que tenha muita gente com você ao seu redor, a única pessoa que está com você o tempo todo é você mesma. Portanto se ame, se cuide, se valorize. Porque se você que passa o tempo todo com você não fizer isso, não vai ser outra pessoa que vai fazer”.  Viva Ana, que matou a charada da vida.

Conviver com o outro, dividir a vida, sonhos, planos, a cama, o aparelho sanitário é tarefa árdua, que requer sabedoria, construção permanente.

Viver solitário em um relacionamento a dois é algo desgastante e doentio, que muitas pessoas pagam um preço altíssimo para ter uma companhia.

E, meu amigo Ricardo, descasado, sem filhos, escreveu: “Isolamento é ficar preso em um leito de hospital, lutando pela vida. Ficar em casa é uma benção”.

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. E-mail: [email protected]

Tire de letra

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Há uma só máquina gigantesca operada por pigmeus: é a burocracia”. (Arthur Schopenhauer)

Não vamos ficar mastigando este assunto, porque ele é indigesto. E não vamos iniciar o novo mês com indigestão mental. Mas você nem imagina o quanto estou sofrendo uma indigestão mental com a burocracia. Eu e minha família, lutando na justiça, com um problema rural bem simples. Vou repetir: deixe isso pra lá e vamos falar de nós mesmos. Das coisas simples que podem nos tirar e livrar dos aborrecimentos. Por que chorar se podemos sorrir? E nem sempre basta sorrir. Quanto mais nos libertamos, mais rimos. Você já imaginou quantas vezes as pessoas já riram de mim, por eu rir à toa? Se isso acontecer com você, não se preocupe. Acredite, seu riso lhe fez muito bem. Então ria, sorria e seja feliz.

Já contei isso pra minha família, mas eles não acreditaram, embora tenham rido. Mas foi um caso simples e inacreditável, mas verídico e que deve ser observado. Eu estava ali na varanda, à noitinha, nas palavras cruzadas. A pergunta na cruzada era o nome da Torre Inclinada. Puxa, eu sabia a resposta, mas não me lembrava do nome da torre. E nessas horas eu paro, imaginando como estou me esquecendo das coisas mais simples. De repente parou uma moto no meu portão, e o motoqueiro buzinou. Gritei para os de casa:

– Alguém pediu alguma coisa?

Meu neto respondeu:

– Fui eu, vô! É uma pizza!

Não resisti ao riso. Ri bastante e eles não entenderam o porquê do riso. Estava ali o nome da Torre: PISA.

Você já imaginou quantos momentos simples você já perdeu e que poderiam fazer você feliz, por não prestar atenção? Fique mais atento ou atenta, a momentos que lhe pareçam insignificantes e que na verdade não são. Você é que está desvalorizando os momentos da vida que está jogando fora. Estamos iniciando o último mês do primeiro semestre do ano. O que indica que estamos correndo enquanto nadamos em piroga furada. Então vamos ser mais cautelosos e procurar viver a vida que está acelerada. Vamos nos divertir em vez de reclamar. O dia hoje, não tem mais vinte e quatro horas. A correria que estamos vivendo não é por causa da tecnologia, mas por causa da aceleração da Terra. E esta aceleração vem da inclinação do eixo da Terra. E ele continua inclinando e não percebemos.

Vamos iniciar nosso mês com muita alegria e esperanças para o futuro. Mesmo porque o futuro depende do que fazemos hoje. Sorria e viva a vida em vez de apenas viver na vida. Nada de tristezas nem aborrecimentos. Os dois são um casal que só nos prejudica. E o melhor é que podemos e devemos ser superior a eles. Ame e viva feliz. Pense nisso.

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99121-1460

    

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