Por mais imagem e som: museu, memรณria e futuro โ€“ Parte 2 โ€“ ร‰der Rodrigues* Compreender os processos e os agentes de socializaรงรฃo รฉ atribuiรงรฃo das Ciรชncias Sociais, atividade impossรญvel de se realizar se nรฃo estiver atrelada a disciplinas como a Sociologia e a Histรณria. Com elas, รฉ possรญvel refletir sobre o espaรงo-tempo em que se dรฃo os processos sociais. Da mesma forma, registros audiovisuais sรฃo importantes testemunhos e documentos de uma รฉpoca. Instrumentos รบteis para reflexรฃo destes processos.

O arquiteto Darcy Romero Derenusson, ministrou a aula magna no segundo semestre de 2016 da Universidade Federal de Roraima (UFRR), tratando da construรงรฃo do plano radial concรชntrico da cidade de Boa Vista (RR), nos anos 40, sob o governo local do capitรฃo Ene Garcez, na era Vargas. Na aula, o pรบblico fez uma viagem imaginรกria por meio das fotografias daquela รฉpoca feitas pelo pai do arquiteto. Um acervo importante.

Antes disso, em 1924, o mรฉdico e geรณgrafo americano Alexander Hamilton Rice viajou para o extremo norte do Brasil trazendo um hidroaviรฃo e um barco a motor. Dentre inรบmeras e belas fotografias aรฉreas, registrou o que seria a cidade de Boa Vista. Seu trabalho de pesquisa, como escrito no livro dele โ€œExploraรงรฃo na Guiana Portuguesaโ€, foi um dos motivos para se criar o Instituto de Geografia e Estatรญstica da

Universidade de Harvard (EUA). Um acervo importante.

Antes disso, o etnรณgrafo alemรฃo Theodor Kock Grรผnberg, em 1911, quase duas dรฉcadas depois da criaรงรฃo do primeiro experimento cinematรณgrafo na Franรงa pelos irmรฃos Lumiรจre, trouxe um exemplar o equipamento para o extremo norte do Brasil e filmou os รญndios locais. Muitas fotografias tambรฉm foram feitas e algumas publicadas na obras seriada em trรชs tomos โ€œDo Roraima ao Orinocoโ€, que sรณ chegou na versรฃo portuguesa em 2006, pela Editora da UNESP. Um importante acervo fรญlmico e fotogrรกfico.

Muito antes disso, de 1783 a 1792, o naturalista luso-brasileiro, Alexandre Rodrigues Ferreira e seus pintores, no estilo renascentista, registraram em telas aspectos sรณcio-ecolรณgicos da regiรฃo Amazรดnica, publicados nos tomos da obra โ€œViagem Filosรณficaโ€.  Para alรฉm desta โ€œAmazรดnia Caribenhaโ€, muitos outros personagens contribuรญram com seus registros fotogrรกficos e fรญlmicos por toda a Amazรดnia, sobretudo, na virada do sรฉculo XIX para XX. Dentre eles: Ermanno Stradelli, Albert Frisch, Walter Hunnewell, Felipe Augusto Fidanza, George Hรผebner, Henri Anatole Coudreau, Marechal Rondon e, talvez, o que mais se destaca pela sua obra fรญlmica: Silvino Santos.

Tais registros estรฃo espalhados em vรกrios lugares do mundo, em centros culturais, bibliotecas pรบblicas e privadas pelo Brasil. Sรฃo mais que registros. Sรฃo importantes documentos histรณricos que, acessados, contribuem para educar o olhar de estudantes e pesquisadores sobre esta regiรฃo.

Os meios de comunicaรงรฃo sรฃo, sem dรบvida, os agentes de socializaรงรฃo que mais โ€˜educamโ€™ (alรฉm da famรญlia e escola) na contemporaneidade. Presentes em espaรงos pรบblicos e privados, o cinema, vรญdeo, televisรฃo, fotografia, rรกdio, internet, telefones celulares e impressos sรฃo os meios mais eficazes e persuasivos da nossa sociedade ocidentalizada. A histรณria รฉ contada neles e por eles, assim como as opiniรตes sรฃo formadas a partir deles.

A pergunta que fazemos, portanto, รฉ: como reunir este material, classificar, socializar e permitir um olhar mรบltiplo, plural e crรญtico? A importรขncia da criaรงรฃo de espaรงos institucionais adequados ร  difusรฃo deste conhecimento รฉ latente em nosso estado. Nossa proposiรงรฃo, jรก exposta em textos anteriores, รฉ a necessidade da implantaรงรฃo de um Museu da Imagem do Som, experiรชncia exitosa de longas dรฉcadas no Brasil.

No entanto, pensar uma polรญtica para o patrimรดnio cultural, com vistas a manter a memรณria acessรญvel a todos precisa estar na pauta dos gestores pรบblicos e de profissionais e pesquisadores em uma dimensรฃo interdisciplinar e pedagรณgica. Um futuro que necessita de conhecimento deste โ€œpassadoโ€ e, fundamentalmente, de aรงรฃo no presente.

 *Jornalista, sociรณlogo, especialista em Marketing e Linguagem Audiovisual, presidente da Associaรงรฃo Curta Roraima, membro da Rede Audiovisual de Roraima e servidor da UFRRโ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€”โ€“Um passeio pelo alรฉm โ€“ Afonso Rodrigues de Oliveira*โ€œNรฃo se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, mas pela maneira de ele executรก-laโ€. (Swami Vivecananda)Ocasionalmente, abri algo no computador e dei de cara com algo que falava sobre a Indรบstria Tosi. Ou mais precisamente, sobre a Coldex Tosi. A Coldex รฉ uma das maiores indรบstrias paulistas. Foi criada em mil novecentos e cinquenta e quatro. E foi nela que iniciei minha atividade na indรบstria. Afastei-me dela, quatro anos depois. Fui para o Rio de Janeiro e, em sessenta e um, voltei a Sampa e reiniciei as atividades na Coldex. Permaneci na empresa durante dez anos, em sete dos quais chefiei o Controle de Qualidade. A Coldex foi uma faculdade para mim. O presidente e proprietรกrio da empresa, Josรฉ Daniel Tosi, era um cara extraordinรกrio e nos dรกvamos muito bem. Foi ele quem disse, naquela reuniรฃo de chefias, que o gerente transferisse aquele faxineiro da portaria, para o setor de mecรขnica. Jรก falei disso e porque, pra vocรชs.

Foi na Coldex que me preparei para as Relaรงรตes Humanas no Trabalho e na Famรญlia. Vivi exemplos notรกveis de atuaรงรฃo dentro do controle de qualidade. Foi onde aprendi que mais importante do que o que vocรช faz, รฉ como vocรช faz. E o que parece jogo de palavras รฉ o mais importante para aprendermos a fazer o que devemos fazer como deve ser feito. Aquele momento foi um dos mais importantes de minha vida no รขmbito profissional. Dez anos depois de atividades na Coldex voltei para o Rio de Janeiro, onde debulhei toda minha experiรชncia nas atividades de grandes estaleiros, como o primeiro onde atuei, o Estaleiro Mauรก, heranรงa naval do Barรฃo de Mauรก.

Mas nรฃo estamos querendo escrever romance com derramamento de sentimentalismo. Apenas senti saudade e lembrei-me dos ensinamentos adquiridos naqueles ambientes. Ambientes de experiรชncias fundidas.

Argamassa necessรกria e indispensรกvel para o engrandecimento profissional. Uma notรญcia, ontem, pela televisรฃo, incentivou-me a falar disso, agora. Catadores de lixo mostrando o quanto nos valorizamos pelo que fazemos, independentemente do que fazemos. O importante รฉ que faรงamos o que devemos fazer como deve ser feito. E sรณ quando nos amamos de verdade, mostramos o que somos, e o valor que temos no que fazemos. Demonstre seu valor no valor que vocรช dรก ao que faz.

Nunca se julgue inferior a ninguรฉm. E como somos todos iguais, tambรฉm nรฃo se julgue superior a ninguรฉm. Estamos todos num nรญvel de evoluรงรฃo. Cada um no seu nรญvel. Cada um fazendo o que deve fazer dentro da sua racionalidade. Viva cada momento de sua vida, como ele deve ser vivido dentro da racionalidade. Pense nisso.

*Articulistaafonso_rr@hotmail.com99121-1460        

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