
Quantas vezes, por medo de sofrer, acabamos afastando aquilo que mais desejávamos viver? Quantas vezes a insegurança foi mais forte do que a vontade de conquistas? Da vontade de crescer e por que não dizer da vontade de amar? E, quando a poeira baixa, percebemos que não era o outro que nos ameaçava, mas sim nossos próprios fantasmas, criados por nós mesmos ao longo de boas ou más experiências.
Há situações em que a resistência não é sinônimo de força, mas de bloqueio. Fugir não é prudência, é medo. E o medo, quando governa nossas decisões, não nos protege: nos limita.
O texto que inspirou esta reflexão é um desabafo profundo, cheio de dor, arrependimento, mas também de reconhecimento e esperança. Uma jovem que pede desculpas por ter erguido barreiras emocionais, por afastar alguém que só queria cuidar. Mais do que uma carta aberta, não só ao outro, mas a si mesmo.
Todos nós precisamos admitir que o medo nos sabota em silêncio. A insegurança é traiçoeira. Ela sussurra ao nosso ouvido: “Se entregue e vai se machucar. É melhor manter distância.” E então nos tornamos frios com quem mais nos acolhe, ríspidos com quem só quer nosso bem. Quantos relacionamentos terminam não por falta de amor, mas por excesso de medo?
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Podemos pegar um exemplo prático: um casal que se ama, mas toda vez que se aproximam demais, um deles sabota a relação com brigas, indiferença ou distanciamento. Não por maldade, mas porque aprendeu a se proteger assim. E sabe qual o resultado? O outro se cansa, e o que era amor vira mágoa. Oportunidades perdidas por falta de coragem emocional.
É disso que fala o trecho de um desabado com o seguinte tom:
“Quero te pedir desculpas pela minha insegurança, minha barreira, minhas tentativas de te afastar…”
Essa sinceridade é rara. E preciosa. Porque só quando reconhecemos o que nos impede de viver plenamente é que temos chance real de mudança e começamos a acreditar mais na gente do que nos outros.
O Amor exige coragem, mas também responsabilidade emocional. Amar é um risco, sem dúvida. Mas é também um salto necessário. Fugir do amor por medo de perder é o mesmo que morrer de sede com medo de afundar o copo na água.
No dia a dia, isso aparece de formas simples. Recusar um convite para um jantar a dois com medo de criar expectativas. Evitar dizer “eu te amo” para não parecer vulnerável. Ou até mesmo terminar um relacionamento saudável só porque tudo estava “bom demais para ser verdade”.
Essas atitudes são comuns, mas carregam um custo alto: o arrependimento.
Amor não é controle, mas cuidado. Em um ponto do texto, o autor reconhece que confundiu zelo com ciúmes. Essa confusão é comum, especialmente em um mundo onde as relações estão cada vez mais líquidas e superficiais.
“Hoje, esse cuidado que você tem comigo é o que eu sempre precisei e quis.”
É aí que entra a maturidade: saber diferenciar quem quer controlar de quem quer proteger. O cuidado sincero se manifesta em ações pequenas do dia a dia: lembrar de você durante o dia, querer saber se chegou bem em casa, se está se alimentando, se está feliz. Quem só vive relações rasas pode interpretar isso como “controle”, mas quem já sentiu falta de amor de verdade entende o valor dessas pequenas demonstrações.
Família é um sonho que exige construção. Outro ponto marcante da reflexão é o desejo de lar, de aconchego, de vínculo familiar.
“Sempre fui família, sempre sonhei ser cuidada, amada, valorizada…”
E como é comum ver pessoas que sonham com isso, mas sabotam qualquer tentativa de construir esse cenário. Por quê? Porque têm medo de que acabe como acabou com os outros. Porque se machucaram antes. Porque ninguém as ensinou a receber amor sem desconfiar.
Mas como bem escreveu o autor Rubem Alves:
“Ostra feliz não faz pérola.”
É da dor que se criam os vínculos mais preciosos — desde que estejamos dispostos a tratá-la, não a esconder.
O tempo ensina, mas também leva, esse trecho que diz:“Vejo que tudo foi um preparo pra te receber e saber valorizar.” traz uma sabedoria profunda. Às vezes, só entendemos o valor de alguém quando ele se vai. Mas nem sempre é tarde demais. O risco é repetir esse padrão a vida inteira, até não haver mais ninguém disposto a ficar.
Por isso, a reflexão é urgente: o que você está resistindo por medo de viver? Quem você está afastando por não saber receber amor? Quantas oportunidades você já perdeu tentando não se machucar?
Nossa reflexão fecha com esperança: “A volta vai ser o nosso recomeço, um próximo nível, uma próxima etapa.”
A vida nos dá, às vezes, essa chance: de recomeçar com mais sabedoria. Mas isso só é possível quando reconhecemos o que erramos, e mais do que isso, quando estamos dispostos a agir diferente.
O amor só vale quando é construído por dois. E para isso, não basta amar: é preciso cuidar, respeitar, aprender, e acima de tudo, permanecer. Fugir pode parecer mais fácil no começo, mas fica mais difícil com o tempo. E algumas voltas, infelizmente, não acontecem duas vezes.
Que essa reflexão sirva de alerta para todos nós: nem sempre o medo é um bom conselheiro. Às vezes, é só um ladrão de possibilidades.
Se você tem alguém que te ama, que te cuida, que deseja crescer ao seu lado — não fuja. Fique. Enfrente os medos juntos. Porque o que realmente vale a pena dá frio na barriga mesmo.
E como diz aquela velha sabedoria popular:
“Quem tem medo de se molhar, nunca aprende a nadar.”
Que a gente aprenda a se entregar, com maturidade, com limites, mas também com verdade. Porque, no fim, não é sobre quem erra menos. É sobre quem tem coragem de amar mais — mesmo depois dos erros.
Por: Weber Negreiros
W.N Treinamento, Consultoria e Planejamento
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