Afinal vivemos em um mundo em transformação, mas viemos de um universo e entramos em um mundo. Acho que por isso ainda não conseguimos evoluir para a racionalidade. Tudo indica que estamos vivendo o início de um mundo habitado por irracionais. E o mais difícil é acreditarmos que somos de origem racional. Ainda não aprendemos, a dar valor à vida. Continuamos, e cada vez mais, a nos preocuparmos com coisas e acontecimentos que deveriam ser esquecidos ou ignorados. Continuamos achando que é fantasia quando nos dizem que somos capazes para dirigirmos nossas vidas. E continuamos deixando que os outros nos dirijam. Há um dito popular que diz: “A vida é como um espelho, quando sorrimos para ela, ela sorri para nós”. E por que ficamos a vida toda sorrindo para os males, sem perceber que eles riem de nós.
Quando acreditamos no poder que temos em nossas mentes, somos mais protegidos, mesmo sem a necessidade de nos defendermos. Pouca gente acredita que a esmagadora maioria das pessoas que são assaltadas nas ruas, são exatamente as que saem de casa se benzendo para não serem assaltadas. Que mais cedo ou mais tarde elas irão topar com o assaltante, na esquina. Quando você coloca uma cerca elétrica no seu muro, como proteção, na verdade você está chamando a ladrão. Você fica o tempo todo pensando em roubos e assaltos.
O que nos falta realmente, é uma educação que nos eduque para que sejamos realmente seres humanos ligados à racionalidade. E isso sem direção religiosa. Porque na religião continuamos dirigindo para o bem, mas sem orientar. Já falei pra você, sobre um auxiliar que tive, em São Paulo, no setor de Controle de Qualidade. Ele acabara de sair do serviço militar e começava no seu primeiro emprego. Era um jovem muito ativo e prestativo. Mas eu ficava olhando-o sempre que ele me falava: “Seu Afonso, o homem para ser safo tem que ser safado”. Cerca de dez anos depois, eu já morava em Boa Vista, quando um dia, a Salete me chamou assustada:
– Sinho… vem ver quem está aqui na televisão!
Era ele, o Denis da Rocinha, meu jovem e eficiente auxiliar, agora preso, como o quarto maior traficante de drogas da Rocinha. Senti pena do ex-garoto eficiente no trabalho, mas que esboçava um pensamento altamente negativo em relação ao seu futuro. Eu nunca imaginaria que aquele garoto, um dia pudesse cair no mundo do crime. Mas dez anos depois, sem nenhum contato com ele, vi que tudo é possível no poder da mente. Vamos dar menos atenção ao crime. Ele envaidece o criminoso. Pense nisso.
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