JESSÉ SOUZA

Levantamento aponta um acidente de trânsito por dia, com motos e bicicletas elétricas no topo

Mês de junho registrou sete acidentes com bicicletas elétricas, um no interior, com uma morte (Imagem: Reprodução)

O mês de junho fechou com a média de 1,3 acidente de trânsito por dia, na Capital e no interior, escancarando a grave situação no Estado diante da imobilidade das autoridades. Esses dados não são oficiais, uma vez que não há informações consolidadas sobre o total de acidentes, mortes ou causas específicas para todo o ano de 2025. Nem há interesse de que essas estatísticas sejam divulgadas.

Um levantamento feito por esta Coluna, junto a perfis das redes sociais de socorristas e da polícia, aponta 23 acidentes de trânsito em todo o Estado, cujos campeões foram aqueles envolvendo motos e bicicletas elétricas, alguns deles com mortes. O levantamento inclui apenas os de ampla repercussão, que exigiram a presença de socorristas e policiais. Mas houve de tudo, inclusive motorista perdendo o controle do carro, que caiu nas águas do rio na Balsa do Passarão, na zona rural de Boa Vista, no dia 6.

A morte mais recente foi a de um motoboy no dia 28, profissional este que passou a ser não apenas vítima, mas algoz principalmente pela forma como esses motociclistas agem no trânsito, muitas vezes de forma imprudente, em alta velocidade e ultrapassagens irresponsáveis. Exemplo disso é que, no dia 21, um motoboy atropelou um pai e suas duas filhas pequenas na calçada, ocasionando uma fratura exposta na perna da vítima.

Mas os motoboys são apenas uma face dessa realidade, uma vez que, em geral, a imprudência é generalizada quando se trata de conduzir motos, a exemplo do que ocorreu no mesmo dia 28, quando duas motos colidiram, deixando três feridos no cruzamento das avenidas Mário Homem de Melo e São Sebastião, na divisa dos bairros Santa Teresa e Tancredo Neves. Sim, a imprudência é tão grave que motos andam colidindo com moto!

No dia 18, um motociclista atropelou um pedestre que invadiu a pista da Avenida Princesa Isabel, no bairro Buritis. No dia 6, uma moto de alta cilindrada atropelou um ciclista em frente ao Parque Anauá. A situação é tão surreal que, no dia 25, até um ciclista foi atropelado por uma moto da Policia Militar (PM) que fazia escolta da carreata feita pelo governador Antonio Denarium para desfilar na cidade e mostrar viaturas que foram entregues à Polícia Civil e à PM.

O mês também foi marcado por seguidos acidentes com bicicletas elétricas em colisão com carros. Foram sete acidentes desse tipo, sendo um no Município do Bonfim, com uma grávida de cinco meses, e os demais na Capital, onde uma jovem morreu no hospital após ser atropelada por um carro.  A situação requer providências, além das apreensões feitas pela Receita Federal desse tipo de veículo em loja suspeita de importação ilegal.

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Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, no dia 15 de junho foi preso o agente municipal de trânsito Adelson Carneiro Santana, 54, que confessou ter sido o autor do acidente de trânsito na RR-205 que matou um corredor de rua no mês anterior. O infrator já tinha antecedentes, envolvido em pelo menos outros três acidentes e até prisão por embriaguez ao volante. Ou seja, quem deveria agir para proteger e fazer valer as leis de trânsito é o principal algoz.

Os reflexos dessa guerrilha no trânsito roraimense podem ser vistos na saúde pública, com denúncias de mal atendimento no setor de ortopedia, em que pacientes estariam sendo largados à própria sorte, além de servidores de enfermagem, que são impactados pelo grande número de acidentados, que fizeram um protesto, no dia 18 de junho, em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, pedindo revisão geral de seus proventos.

Esse é um pequeno resumo do que estamos assistindo no trânsito, mediante a passividade de todas as autoridades, em que a saúde pública e seus profissionais são impactados inclusive com falta de segurança no Pronto Atendimento Cosme e Silva, onde um motorista de ambulância foi agredido. Enquanto isso, as pessoas estão perdendo a vida ou ficam sequeladas com graves fraturas. Não há outra forma de denominar isso: estamos em uma guerrilha urbana!

*Colunista

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