JESSÉ SOUZA

Indústria do Turismo amazonense a todo vapor, enquanto por aqui sequer existem dados

Lago do Robertinho, próximo da Capital, é um dos inúmeros atrativos turísticos que o Estado de Roraima dispõe (Foto: Tripadvisor/Divulgação)

Enquanto o Estado de Roraima não tem números a apresentar porque inexiste uma política de governo que, de fato, tenha o Turismo como um fator de desenvolvimento, então é bom olharmos para o Estado do Amazonas, que em 2023 registrou a maior receita direta gerada por turistas após o período da pandemia, realidade esta que também impactou o turismo roraimense com o fechamento dos atrativos turísticos.

Não há segredo nem mágica para o saldo positivo amazonense. Lá, o governo investiu na promoção do destino Amazonas em feiras nacionais e internacionais, além de ter proporcionado a qualificação de profissionais do segmento por meio de cursos e workshops. A entrega de infraestrutura turística também pesou muito nessa nova realidade, mostrando que, quando o poder público faz sua parte, as coisas andam.

Em Roraima, quando existem promoções de destino, ela na maior parte é destinada a divulgar o Monte Roraima, cujo acesso é pela Venezuela, sem se preocupar com pontos turísticos locais e efetivamente consolidados. Toda propaganda visual é feita com a foto do Monte Roraima, inclusive quando Roraima tem algum estande em feiras nacionais. É como se não houvesse outros atrativos e que o turismo local se resumisse a receber e enviar turistas para a Venezuela.  

Foi incluso na estratégia amazonense o desenvolvimento de programas de incentivo ao uso de energia limpa, entregando kit de painéis solares para comunidades indígenas, garantindo que essas comunidades não apenas proporcionem melhor estrutura para os turistas, como também os indígenas consigam ter internet, em mundo que exige que todos estejam conectados, possibilitando ainda que eles sejam protagonistas na busca de informações e na divulgação de seus atrativos.

Em Roraima, há muita propaganda institucional de incentivo ao turismo em comunidades indígenas, mas o poder público não cumpre com sua parte básica de garantir trafegabilidade das estradas e outras infraestruturas, nem se preocupa se na localidade há estrutura suficiente para receber bem o turista ou de promover energia limpa como mais uma garantia de preservação do meio ambiente.  

No Amazonas, a ampliação da malha aérea com novas rotas internacionais e nacionais, saindo da capital do Amazonas, também podem ter contribuído para o aumento de turistas. Em Roraima, a questão de voos é um problema crônico e a população mal consegue viajar de avião devido ao preço estratosférico da passagem e o limitado número de voos. E isso impacta negativamente para turistas que queiram vir para o Estado.

Trocando em miúdos, a indústria do Turismo no Amazonas está funcionando a pleno vapor, com uma receita total gerada ultrapassando a cifra dos R$ 942 milhões na economia em 2023, que representa um aumento de 29,03% em comparação com 2022, ano que registrou uma receita de R$ 730,2 milhões, o melhor índice para o setor desde o fim da pandemia da Covid-19.

Esses dados são do levantamento feito pela Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), o qual aponta que a maior parte dos turistas do exterior que vão para o Amazonas tem como origem os Estados Unidos (24,08%), Alemanha (9,65%), Colômbia (9,59%), Espanha (6,53%), França (4%) e Inglaterra (3%).

Enquanto por aqui a população roraimense sequer sente-se incentivada a prestigiar o turismo local, especialmente pela qualidade das estradas, falta de transporte público e de infraestrutura básica. E isso pode ser sentido na pesquisa amazonense, que apontou que Roraima é o terceiro Estado de onde parte a maioria dos turistas brasileiros (7,33%), ficando atrás apenas de São Paulo (29,93%) e Pará (11,06%).

*Colunista

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