Falando de Negócios

Essencial importante e acidental 13953

Essencial, importante e acidental

 inversão de prioridades é um dos grandes problemas que levam a perda de foco nas organizações e na vida pessoal. Lembre-se de como você era quando criança.

Esses dias estava falando com o meu filho mais novo de 4 anos e 10 meses e no seu comportamento me veio o despertar de muitas coisas que com o passar do tempo vamos abandonando. Sempre digo que a palavra que mais caracteriza a criança é o PIQUE. Uma sigla formada pelas iniciais das palavras PAIXÃO, INICIATIVA, QUESTIONAMENTOS, URGÊNCIA E ENTUSIAMO. A palavra é tão usual, mas quando olhamos para a criança vemos muito simbolismo.

As crianças são apaixonadas por tudo que fazem, por mais rápido que seja o desapego a um brinquedo ela o trata como a maior conquista daquele momento. Nós quando vamos crescendo, entramos em muitos desafios já sem apego algum, evitamos criar vínculos e passamos chuvas onde deveríamos fincar raízes.

A criança tem iniciativa sempre. Você diz a ela: NÃO FAÇA, ela dá uma volta pelo canto e vem como força total e faz. Nós vamos crescendo e mesmo sabendo de nossas responsabilidades preferimos deixar de lado e não fazer.

A criança usa o “por que” como a terceira palavra por ela preferida de maneira mais frequente junto as palavras “pai e mãe”. A criança quer saber de tudo, questionar a todos em especial os pais. Nós quando crescemos deixamos de perguntar para pré-julgar o outro. Isso mesmo, jogamos para as nossas interpretações o perfil e a personalidade dos outros, correndo um sério risco de cometer grandes injustiças e colocar a prova nossa capacidade de distorcer fatos.

A criança vê urgência em tudo. Pedi o presente de Natal na festa junina. E nós vamos crescendo e protelamos tudo, jogamos tudo para amanhã, deixamos de fazer porque achamos que teremos uma segunda oportunidade no dia seguinte, na semana seguinte ou no próximo ano e as vezes nem vemos o amanhecer do próximo dia.

A criança é entusiasmada por natureza. Vive intensamente tudo, é fervorosa, intensa e se interessa em executar tarefas. E nós quando crescemos? Infelizmente o tempo passa e a determinação, foco, sentimento de pertencimento e tantos outros vão dando espaço a coisas ruins e sem funcionalidade alguma em nossas vidas.

A analogia com o PIQUE da criança serve perfeitamente para ilustrar esse texto. A criança pode não ter a capacidade de determinar o que é essencial ou importante ou mesmo o que acidental em sua vida, mas uma coisa não podemos dizer que ela não tem: VONTADE DE FAZER SEMPRE.

Posso dizer a vocês que o ser humano pode APRODECER antes de AMADURECER e é por suas precipitações que há perda na definição das prioridades. Em um livro de Mario Sergio Cortella com o título: POR QUE FAZEMOS O QUE FAZEMOS? ele diz que um questionamento deve ser feito sempre ao amanhecer: Afinal de contas, por que fazemos o que fazemos? Acrescentaria ao questionamento que o escritor e filósofo nos orienta, acrescentaria apenas mais algumas perguntas: “O que fez, você fez por quê?” “O que não fez, você não fez por quê?” “O que fez e você não deveria ter feito, por que o fez?” “O que você não fez e deveria ter feito, por que não o fez?”. São tantas perguntas, muitas das quais, alguns fogem, outros se escondem e a vida vai passando sem descobrirmos o que devemos fazer que potencialize nossos resultados e nos coloquem mais perto dos nossos objetivos.  

Essa inversão de prioridade nasce no total desconhecimento de nós mesmos. Não sabemos quem somos, de onde viemos, aonde queremos chegar e as ferramentas que temos para alcançar nossos objetivos. É importante entender que o start ou play em nossas vidas só pode ser dada por nós mesmos e não esperar que outra pessoa venha fazer o que só nós temos capacidade e devemos fazer.

Culpamos a falta de motivação. Mas onde nasce a motivação? Dentro ou fora de nós? Nasce dentro de nós e quando não sabemos disso criamos o desânimo e jogamos em cima dele a nossa incapacidade de decidir. Começamos a protelar e a perder grandes oportunidades. A atitude deixa de ser um ativo para ativar o modo ZONA DE CONFORTO ou melhor, as pessoas começam a esperar que tudo vá cair do céu.

Identificar a necessidade de encontrarmos nossos motivos para agir, ou nossa motivação (MOTIVO + AÇÃO) faz parte do ordenamento e equilíbrio de nossas vidas. Precisamos de propósito, isso mesmo nosso PROPÓSITO DE VIDA, aquele mapa de orientação que tem como grande tesouro nosso objetivo, seja ele o mais exequível ou não. Quem dará o tom de possibilidade ou não seremos nós por meio de nossas decisões e escolhas.

Uma vida com propósitos nos leva a saber o que é essencial em nossas vidas e transformar isso, não em um sofrimento e sim no prazer a cada novo amanhecer. Cada tarefa feita em cima de um propósito nos traz a leveza de decidir, de priorizar e ordenar melhor cada ação, avaliando e dimensionando cada reação. Uma vida sem propósitos nos leva a vivermos dando grandes loops, repetindo erros, insistindo em projetos e pessoas que não valem a pena. Quem de vocês no final do ano já disse: “Terei o melhor ano de minha vida no ano que está chegando”. Espere um pouco, você lembra que está falando a mesma coisa nos últimos 10 anos que ficaram para trás?   

Não podemos passar um dia após o outro sem arrumar nosso principal capital que é a nossa capacidade de pensar e agir. Deixar claro que o que é essencial é o que deve dormir e acordar ao nosso lado e dominar nossos pensamentos. O importante é algo próximo ao essencial, mas pode esperar um pouco mais. E o acidental é algo que toma o nosso tempo, nossa atenção e nos coloca como grandes reféns de um volume de informações que interessam a muita gente, menos a nós mesmos.

Voltando ao exemplo da criança, nossos pais quando vivemos essa fase, nos enchem de conselhos, orientações, exemplos e tantas outras coisas, que muitos preferem considerar o OUVIR como algo ACIDENTAL ou desnecessário e com o passar do tempo descobrimos o quanto era ESSENCIAL tê-los ouvido. Nossos pais nos dizem: “Meu filho somente se case quando você tiver condições de manter sua família” e olhem qual a importância que alguns dão a isso: “engravidei uma menina ali, mas vou assumir e dar conta de tudo”. Esqueceram que no projeto de Deus e de seus pais tinham algo que deveria ter sido feito antes, que deveria ter sido levado em consideração como um propósito que era estudar enquanto seus pais poderiam mantê-lo sem trabalhar, buscar qualificação continuada para que sua empregabilidade fosse cada vez maior e pudesse, aí sim, dá um futuro digno a uma esposa e a um filho.   

Mas existem também aqueles que fizeram essa parte na vida, estudaram, se qualificaram, mas esqueceram que teriam que “desmamar”, ou seja, andar com suas próprias pernas. E aí o que acontece com esses seres que optam por viver no ACIDENTAL?  Deixam o amor de pai e mãe falar mais alto e esquecem que suas responsabilidades e seu futuro era para ser tratado como ESSENCIAL e construído pelas suas escolhas e decisões. Mas para que, se tem tudo sem precisar se esforçar? A resposta está no tempo. Isso mesmo, no tempo perdido e que resultará em um filho pobre em todos os sentidos, pois quando faltar
seus pais, também lhe faltará a capacidade de pensar o básico que é como sobreviver.

Por isso, digo a vocês, tenham como balizadores essas três palavras com a seguinte construção: FAÇA O ESSENCIAL PARA QUE NÃO FALTE O BÁSICO, AVALIE COM CARINHO O IMPORTANTE PARA QUE TENHA O ESSENCIAL SEMPRE NA SUA FRENTE E SE LIVRE DO ACIDENTAL PARA QUE NÃO O TRANSFORME EM UM MODELO DE VIDA E/OU MODELO MENTAL E VIRE UM REFÉM DA SUA MEDIOCRIDADE NA FILA DOS QUE NÃO PRIORIZAM SEUS PROPÓSITOS”.

Por: Weber Negreiros

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