JESSÉ SOUZA

Do tempo do ‘se espremer, sai sangue’ e os desafios que Roraima enfrenta

Fim de semana com sete mortos em acidentes de trânsito e crimes por acertos de conta (Imagem: Reprodução)

Na era dos jornais em papel, havia uma expressão clássica para momentos de notícias sobre mortes violentas: “Se espremer, sai sangue”. Obviamente que existiam alguns veículos sensacionalistas que viviam de tragédias e crimes. No entanto, havia momentos em que eram inevitáveis as notícias de mortes, a exemplo do que ocorreu no fim de semana marcado por acidentes de trânsito fatais e crimes relacionado ao tráfico de drogas, tanto na Capital quanto no interior.

Foram sete mortes registradas no sábado e até o início da noite de domingo, em que as notícias refletem os principais desafios em Roraima: violência no trânsito, principalmente devido à imprudência e irresponsabilidade dos condutores; e o tráfico de droga mantido por uma facção venezuelana, que tem agido com extrema violência em seus acertos de conta na Capital. Pelo silêncio mantido pelas autoridades, é possível medir o tamanho do desafio para enfrentar esses sérios problemas que estamos enfrentando.  

Os acidentes de trânsito resultaram em pelo menos quatro mortes por imprudência, no domingo: a de um rapaz que fazia uma manobra arriscada, chamada de “grau”, no bairro Alvorada, em Boa Vista, além de três pessoas na violenta colisão entre dois carros na BR-401, no Município de Bonfim, que ainda deixou sete feridos, sendo dois em estado grave. E ainda teve outro acidente na BR-174 envolvendo um táxi intermunicipal de Pcaraima e outro carro de passeio que capotou após a colisão, mas sem vítimas fatais.   

Fora o caso de homem assassinado a facadas por causa de uma dívida, em São João da Baliza, no Sul do Estado, dois homens foram assassinatos em Boa Vista por envolvimento com tráfico de droga, cujas execuções a tiro têm sido a forma de atuar de uma facção venezuelana, inclusive foi dessa forma que um casal foi morto dentro de um carro, na terça-feira passada, crime este já esclarecido pela Polícia Civil.

É visível que a escalada da violência não tem recebido a devida resposta por parte das autoridades, em que as omissões do governo permitiram o avanço do crime organizado, que não teve respostas extremas por meio de uma política de enfretamento planejado. É como se as autoridades policiais tivessem adotado um modelo de segurança que tem como premissa não enfrentar as facções, para que os bandidos dominem tudo e tenham hegemonia do território, como forma de os próprios bandidos fazerem o controle entre eles.

Da forma que os crimes têm ocorrido, é possível afirmar a existência de um grupo de extermínio montado pelas facções diante da ausência por parte das autoridades. Quando isso ocorre, a tendência é o surgimento de um poder paralelo, o qual se fortalecerá se não houver um enfrentamento adequado e que passará a fustigar a população a partir do controle do tráfico de droga na Capital e interior. Por enquanto, as vítimas têm sido somente venezuelanos em acertos de conta.

O fim de semana trágico precisa ser analisado com seriedade no que diz respeito à violência no trânsito e ao avanço do tráfico de droga mantido por faccionados venezuelanos, os quais já mostraram que não temem as autoridades, inclusive montaram um cemitério clandestino a poucos metros da sede da Polícia Federal e aos fundos do quintal da Polícia Militar, onde está sendo construído um batalhão, no bairro Pricumã, sem que ninguém tenha sido punido até aqui.

*Colunista

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