O chamado “inverno roraimense” — período de chuvas entre abril e setembro, segundo o Zoneamento Ecológico-Econômico de Roraima (ZEE-RR) — segue desafiador em 2025. Dados da FEMARH e do INMET apontam que, após volumes expressivos em abril e maio, o mês de junho registrou chuvas abaixo da média histórica em várias regiões, interrompendo o ritmo natural da estação chuvosa e afetando diretamente o planejamento de agricultores e pecuaristas.
Segundo o Boletim Hidrometeorológico nº 3193 da FEMARH, Boa Vista acumulou 342,2 mm de chuva em junho, com registro de 17 dias chuvosos, contra 23 dias chuvosos de 2024 que garantiram 471,6 mm. Já em julho, até o dia 7, o acumulado é de 75,4 mm, com previsão de pancadas isoladas e tendência de redução ao longo do mês — a média móvel de precipitação mensal em julho na capital é de 259 mm no início do mês e 202 mm ao final, conforme o portal WeatherSpark.
Fonte: Dados meteorológicos FEMARH
Desde abril, o Pacífico Equatorial entrou em fase neutra, ou seja, sem a presença de El Niño (aquecimento) ou La Niña (resfriamento). Essa condição, segundo o CPTEC/INPE, costuma dificultar a formação de padrões climáticos bem definidos. A ausência de correntes de vento consistentes e a influência de sistemas regionais, como frentes frias e zonas de convergência (ZCAS), tornam o regime de chuvas mais irregular e imprevisível.
Embora o trimestre julho-agosto-setembro tenha previsão de chuvas acima da média no norte do estado, a distribuição irregular e os episódios de seca fraca (S0) no sudoeste, conforme o Monitor de Secas da ANA, indicam que o produtor deve agir com cautela. Essa oscilação de extremos — ora excesso, ora deficiência — torna o manejo agrícola mais arriscado e exige estratégias adaptativas no campo.
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Recomendações para o setor agropecuário
– Gestão hídrica eficiente: construção de reservatórios, barragens e sistemas de irrigação pontual para garantir segurança produtiva em períodos secos.
– Técnicas de conservação do solo: como cobertura morta, plantio direto e cultivos consorciados, que ajudam a reter a umidade.
– Monitoramento constante: seguir boletins da FEMARH, INMET e CENSIPAM para decisões mais seguras e localizadas.
Apesar da expectativa de melhoria no regime de chuvas nos próximos meses, a realidade do inverno roraimense de 2025 tem sido marcada por imprevisibilidade. Planejar com base em dados atualizados e adotar práticas sustentáveis será essencial para garantir a produtividade e mitigar os impactos da irregularidade pluviométrica que desafia o campo em Roraima.