JESSÉ SOUZA

Cenas de transtornos e indignação se repetem na Travessia do Passarão

Com a balsa do Passarão quebrada, moradores das comunidades indígenas fazem travessia em embarcções pequenas (Imagem: Reprodução)
Com a balsa do Passarão quebrada, moradores das comunidades indígenas fazem travessia em embarcções pequenas (Imagem: Reprodução)
Com a balsa do Passarão quebrada, moradores das comunidades indígenas fazem travessia em embarcções pequenas (Imagem: Reprodução)

Comunidades indígenas e a população em geral que precisam utilizar uma balsa sob responsabilidade do Governo do Estado, para fazer a Travessia do Passarão, enfrentam recorrentes transtornos e humilhação, uma vez que não há manutenção adequada dos equipamentos nem outro para fazer a substituição em caso de pane. Novamente o motor da balsa quebrou, na semana passada, repetindo a cena de indignação de populares.

Como ainda segue em estudo a construção de uma ponte sobre o Rio Uraricoera na região do Passarão, na extensão da RR-319, então o mínimo que o governo estadual pode fazer é um serviço de manutenção constante ou um equipamento sobressalente para evitar os recorrentes problemas com a interrupção do serviço de travessia, que provoca não só transtornos, mas prejuízos nas atividades das comunidades indígenas, prestação de serviços públicos e atividades econômicas da região.

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Aquela balsa é essencial para a vida dos povos Macuxi, Taurepang e Wapichana das terras indígenas São Marcos e Serra da Moça, além das comunidades Anzol e Lago da Praia. Quando o equipamento quebra, as pessoas precisam se submeter ao preço cobrado por pequenas embarcações, enquanto quem está de ônibus ou em veículos grandes ficam impossibilitados de seguir viagem.

Em agosto passado, houve uma reunião na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) com representantes do Governo de Roraima, em Brasília, para tratar sobre a implantação de uma ponte na Travessia do Passarão. A obra deverá ser construída com recursos de emendas parlamentares junto com recursos federais do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR).

O alento é que já foram apresentados à Funai o Plano de Trabalho referente à elaboração dos estudos do Componente Indígena e o Plano Básico Ambiental Indígena. Esses documentos irão identificar e analisar os impactos da construção da ponte sobre as terras e povos indígenas. Para se ter uma ideia da importância desse acesso, o serviço da balsa é imprescindível para interligar Boa Vista e a Vila do Passarão a mais de 13 comunidades indígenas localizadas na Região do Baixo São Marcos.

A Funai já respondeu às autoridades estaduais que tem interesse na realização da obra, reconhecendo a importância da travessia para as comunidades indígenas, as quais precisam ser consultadas sobre a obra e aprovar o empreendimento. Mas até que tudo seja definido, o governo local precisa ao menos manter um serviço de manutenção adequado da balsa.

O problema é que, até aqui, a prioridade desta administração tem sido o agronegócio, deixando populações indígenas e pequenos produtores sempre em segundo ou último plano. E a Travessia do Passarão não foge a essa regra.

*Colunista

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