Fogo provoca tragédias anuais no lavrado roraimense, a exemplo do que ocorre no Município do Amajari

Cientistas de vários países que monitoram a questão do clima mundial divulgaram que o aquecimento global poderá transformar o fenômeno El Niño definitivamente nas próximas décadas, tornando-o mais intenso e regular. Significa secas e chuvas mais severas em várias partes do mundo, a exemplo do Brasil, com estiagens mais fortes na região Norte e chuvas mais intensas no Sul.

A conclusão desse estudo foi publicada por cientistas dos Estados Unidos, Coreia do Sul, Alemanha e Irlanda na revista científica Nature Communications, apontando que, em um mundo mais quente que estamos vivenciando, o Pacífico tropical poderá atingir um “ponto de inflexão” passando de um comportamento estável para oscilações mais fortes e frequentes.

Esse é um alerta que deveria preocupar as autoridades da Amazônia, especialmente do Estado de Roraima, onde períodos de seca e de chuvas costumam provocar tragédias anualmente. Nesse exato momento, não fosse o reflexo do La Niña, com chuvas em várias regiões, incêndios e queimadas controladas já estariam dominando o cenário em alguns municípios, especialmente na região Norte do Estado.

No entanto, não há uma política de governo que trate a questão do clima com seriedade, limitando-se a ações tardias e desorganizadas para mitigar os efeitos da seca, no período de verão roraimense, e dos alagamentos, no período de inverno, tornando um ciclo vicioso em que a culpa é colocada no clima, e não na imobilidade de nossas autoridades.

Os autores do estudo já assinalaram o alerta: “Os impactos amplificados exigirão estratégias mais robustas de planejamento e mitigação”. É exatamente isso o que as autoridades nunca fizeram, que é assumir uma postura política de governo. Em Roraima, é clássico esse comportamento  de tratar as questões de secas severas seguidas de incêndios e dos alagamentos com descaso e omissão.

Secas, incêndios e alagamentos, com estradas destruídas, não dizem respeito somente a tragédias localizadas ou setorizadas. Atingem produções agrícolas e escoamento, especialmente na agricultura familiar, que é a que realmente coloca comida na mesa da população. Também impactam na saúde da população, atingida for fumaça e doenças.

As tragédias ambientais ainda provocam reflexos diretos na disponibilidade de recursos extraordinários para mitigar os estragos nos municípios, dinheiro este que acaba alimentando a corrupção, que é o pai de todos os males, em vez de estar sendo direcionado para melhorar a infraestrutura dos municípios e na qualidade de vida das pessoas.

E aqui é entra a grande questão. Basta ler os noticiários sobre corrupção na política para saber onde tudo isso irá descambar…

*Colunista

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