AFONSO RODRIGUES

Ação e felicidade

“A ação nem sempre traz felicidade, mas não há felicidade sem ação”. (Benjamin Disraeli)

Depende de como você encara as duas coisas: a ação e a felicidade. A ação depende de sua capacidade de agir, a felicidade depende de sua capacidade de pensar e encarar o efeito das ações. Tomara que os entendidos no assunto concordem comigo. Mas acho que é isso mesmo. Porque foi assim que me senti ainda há pouco. Acordei, fiz o café da manhã, botei a mesa e fui acordar a dona Salete. E foi aí que a jiripoca piou. Ela estava a cordada, mas com cara de quem preferia não ter acordado. E como já conheço a manha há nada mais, nada menos, do que sessenta e cinco nos, fiquei na minha. O bom-dia foi meio rasteiro. E o começo da ação foi eu não perguntar qual seria o problema. Finalmente ao se sentar à mesa, ela reclamou:

– Eu estou precisando de ir a um médico. Estou realmente com um problema sério. Não estou conseguindo os movimentos nos dedos. E isso está me incomodando, e ninguém tá nem aí pra isso!

Enquanto ela falava sobre não conseguir os movimentos dos dedos, movia os dedos com um tipo de euforia. Aí explodi. E quando eu explodo à mesa, as moscas voam e não voltam mais. Aí as discussões se prolongaram, e levou todos ao riso. Só ela não ria. Aí o Alexandre foi ao quarto, pegou o celular, colocou-o sobre a mesa e iniciou uma procura infindável por um neurologista. O primeiro que ele encontrou, a consulta custava exatamente o dobro do meu salário. Nos desculpamos e desistimos. Foi aí que resolvi sair, depois do café, e marcar consulta no primeiro neurologista que eu encontrasse.

Eu já estava na caminhada quando o carro parou. Era um dos meus filhos, militar e do tipi que resolve tudo em segundos. Quando parou o carro, ele perguntou:

– Pra onde tá indo?

Já sabendo qual a resposta, respondi, e ele falou a seu estilo:

– Não senhor! Nada disso. Já estamos procurando um médico pra ela. Mesmo porque na PM temos neurologistas. Já verifiquei e a consulta mais cômoda que encontrei custa quinhentos reais. Um absurdo. Deixe que eu resolvo isso.

Já estou acostumado a tais reações, esbocei um sorriso e voltamos para casa. Quando entramos todos sorriram. O clima anterior, de aborrecimentos, voou para o espaço, dando lugar à alegria de todos, enquanto eu, satisfeito com o resultado, corri para o quarto para tirar os sapatos e trocar de roupa. O assunto encerrou-se aí, a alegria voltou e com ela a felicidade. Ação e felicidade estão à nossa disposição. E podem muito bem, estarem em momentos simples e até corriqueiros. O importante é que não nos deixemos levar pelos maus momentos.  Pense nisso.

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