Parabólica

Os homens nunca sentem remorsos por coisas que estao habituados a fazer 18

“Os homens nunca sentem remorsos por coisas que estão habituados a fazer” – Voltaire Olha ele aí de novo. Quando imaginávamos que algumas punições exemplares aos mensaleiros, conduzidas pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa fossem reveladoras dos bastidores corrompidos da política tupiniquim, eis que o Brasil acorda estarrecido com as revelações do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Paulinho, para lembrar a carinhosa maneira como o ex-presidente Lula o chamava, foi o instrumento para repassar dos cofres da petroleira brasileira cerca de R$10 bilhões para o bolso de partidos e políticos corruptos da chamada base de apoio do governo. Vamos repetir: até agora já se sabe que foram desviados cerca de R$10.000.000.000,00 (mostrado em numerais para dar uma pálida dimensão das falcatruas), e pode ainda ser muito maior. Perto da descoberta deste novo dreno da corrupção, o chamado mensalão do PT virou fichinha. Para se ter uma visão aproximada do rombo até agora revelado, essa montanha de dinheiro equivale a três anos do orçamento total do Estado de Roraima. Como sempre, os matreiros e corruptos políticos envolvidos no imbróglio estão tentando desviar a atenção da opinião pública alegando que receberam dinheiro para financiar campanhas eleitorais, como se o crime por essa versão foi menos imoral. Claro, parte dele financiou campanhas cuja única finalidade é perpetuá-los no poder. Mas, é apenas uma pequena parte. O grosso do dinheiro desviado serviu para aumentar exponencialmente o patrimônio desses metralhas, de seus familiares e laranjas, já sobejamente denunciados pela imprensa. O que até agora restou impune. A oposição quer chamar o novo escândalo de Mensalão 2 do PT. É um equívoco, afinal, dos poucos detalhes revelados até agora, pelo menos outros dois partidos dos que compõem o governo de coalização montado por Lula e continuado por Dilma estão metidos até as raízes nas falcatruas. E eles não podem sair impunes dessa vez.

CASSAÇÃO 1 Não precisa ser gênio para saber que a Polícia Federal, e mesmo a Justiça Federal, só vão revelar os detalhes das falcatruas denunciadas por Paulo Roberto da Costa depois das eleições. Se é que revelarão, algum dia. Sendo otimista, quando isto ocorrer, os cerca de 50 deputados governistas denunciados já terão cumpridos seus mandatos, se não se reelegerem.  Nesse caso, seus processos, se abertos, começarão na primeira instância da Justiça Federal, o que equivale a dizer que décadas ainda os protegem de alguma punição. CASSAÇÃO 2 Há, no entanto, o caso dos senadores denunciados, segundo a revista Veja. Eles são poderosos um é presidente do Senado Federal (Renan Calheiros –PMDB) e outro (Eduardo Alves-PMDB), preside a Câmara dos Deputados. De qualquer forma, não custa ter esperança, afinal, Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães foram cassados por falta de decoro parlamentar quando ocupavam a Presidência do Senado Federal. CASSAÇÃO 3 André Vargas, o deputado que era do PT, já está quase cassado depois de usar um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef, parceiro de Paulo Roberto Costa nas falcatruas da Petrobras. Além de Renan Calheiros, outros cinco senadores estão envolvidos nas denúncias de Paulinho, inclusive o de Roraima. Será que conseguirão evitar abertura de processo por falta de decoro na Comissão de Ética do Senado Federal? É uma pergunta que muita gente está fazendo desde o último fim de semana.           NOTÍCIA O Estado de Roraima foi novamente notícia (de forma negativa, obviamente) na manhã desta segunda-feira no telejornal Bom dia Brasil, da Globo. Desta vez, trata-se de uma denúncia feita por um condutor que teve seu carro apreendido pela empresa terceirizada do Departamento Estadual do Trânsito (Detran). Mas o veículo foi visto e filmado circulando em Boa Vista dirigido por um policial militar. O caso já havia sido denunciado pela Folha, na semana passada. OUTROS Não se trata de um caso isolado, conforme o denunciante, pois havia outros semelhantes. Veículos apreendidos com placas de outros estados, que aparentemente são abandonados por problemas na documentação, são os preferidos desse esquema. No caso da vítima que procurou a Folha e foi assunto na Globo ontem, ele estava tentando desenrolar a documentação com a primeira proprietária, que mora no Amazonas, por isso demorou a regularizar a situação junto ao Detran. CAUTELAS 1 O curioso é que um policial militar foi flagrado usando o veículo e, na entrevista à Folha, o argumento apontado era que se tratava de uma “cautela”. Na verdade, esse tipo “cautela” não passa de autorizações irregulares muito comuns, geralmente na Polícia Civil, para que veículos apreendidos sejam utilizados por servidores ou até mesmo seus familiares.   CAUTELAS 2 Era procedimento rotineiro, no passado, carros objetos de processos judiciais ficarem nas mãos de agentes ou delegados sob a justificativa de que seriam usados em investigações sigilosas. Só que, com o passar dos anos, essas “cautelas” se tornaram uma farra para que veículos apreendidos fossem utilizados por servidores como carros particulares (alguns até com gasolina do governo). Até hoje tem veículo circulando desta forma e que fogem ao controle das autoridades. AFONSO Um de nossos articulistas mais antigos, Afonso Rodrigues, que escreve diariamente na Editoria de Opinião da Folha, precisou fazer uma cirurgia de emergência, por isso deve se ausentar por no mínimo 10 dias enquanto se recupera. Mestre Afonso, como é conhecido, passa bem e está fora de qualquer perigo. A direção do Grupo Folha e sua equipe de profissionais desejam que ele fique bem logo e esteja de volta o mais breve possível. RORAINÓPOLIS O Desfile de 7 de Setembro, no Município de Rorainópolis, Sul do Estado, terminou com um protesto feito por estudantes e pais de alunos da rede pública, em frente ao Palanque Oficial, na noite de ontem. Eles desfilaram com velas na mão e indagando em coro: “Cadê a energia prefeito?”. O protesto foi contra a falta de iluminação pública na cidade, inclusive a avenida principal onde ocorria o desfile estava na escuridão.