Opinião

Opiniao 08 11 2018 7203

Política, crise e TI

Eduardo Borba*

A situação macroeconômica, que começou a se agravar em 2014 e atingiu seu ápice em 2016 com inflação, desemprego, aumento da taxa de juros e crise fiscal, mostra os primeiros sinais de melhora e, ao que tudo indica, a economia volta a se fortalecer.

A crise chegou por conta da insuficiência do governo, que não fez sua parte. O efeito foi duro, mas talvez positivo. A Lava Jato, por exemplo, resultou na mudança de comportamento das empresas, transformando o modelo de se fazer negócio para operações mais transparentes, sem perder o foco na especialidade daquilo que se oferece. As empresas estão aprendendo a nova regra do jogo.

A falta de previsibilidade da crise segurou os projetos e o mercado aprendeu a conviver com esse paradigma, mas agora o que vemos é o governo lançando medidas para conter os gastos, como a PEC 241, a terceirização, a reforma do INSS, entre outras iniciativas, que devem incentivar a retomada da economia.

Os investimentos serão mais cautelosos por conta do contexto que estamos vivendo e ainda vemos certa inércia das empresas. Os gestores sabem da necessidade de iniciar novos projetos em áreas como a de Tecnologia da Informação, por exemplo, porém, atualmente, qualquer investimento terá peso para a operação. Fazer uma manobra é algo custoso, tanto em relação ao aporte financeiro quanto em relação às consequências do legado que já existe e que um dia consumiu outros investimentos.

Porém, ainda há uma luz neste túnel. Alguns setores nos mostram sinais de movimentação. O setor financeiro deve ser o primeiro a prosperar, pois ele se move à medida que a economia começa a aquecer, haja vista que para se investir é preciso emprestar dinheiro das instituições financeiras.

Depois da pior recessão da história, estamos começando a prosperar, mesmo que paulatinamente. Em TI, vemos um mercado preocupado com os investimentos já feitos para o legado atual, que não poderá ser desperdiçado. No segundo semestre de 2017, os investimentos foram pequenos e isso abriu brechas para projetos pontuais.

Em 2018, surgir uma nova onda com o aumento de volume nos contratos por conta da demanda da terceirização dos processos. As empresas estão entendendo que ao invés de investir em projetos, é melhor terceirizá-los. O Blackbook da IDC confirma que o Brasil terá uma maior demanda de terceirização de infraestrutura se comparado com a demanda de terceirização de serviços. Isso porque estamos carentes de infra para evoluir para novos serviços.

A recuperação econômica do Brasil já está em andamento. Ainda que devagar o momento seja de estabilização e para aproveitar o início deste crescimento a chave é a adaptação ao cenário. Além disso, não dá para as empresas ficarem experimentando novos projetos. O momento é de assertividade para conter riscos, investindo de forma fracionada.

*Presidente da SONDA, maior companhia latino-americana de soluções e serviços de tecnologia.

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Mais um aumento na energia. Onde iremos parar?

Flamarion Portela*

O aumento médio de 38,50% para a tarifa de energia para o Estado de Roraima, autorizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) no último dia 30 de outubro, é mais um duro golpe no já combalido povo roraimense.

É o terceiro ano consecutivo que a Aneel autoriza aumentos na energia para o povo roraimense, sempre na média de 40%, mas é o primeiro aumento depois que a Boa Vista Energia foi privatizada recentemente.

Não custa lembrar que Roraima é o único estado totalmente isolado do Sistema Interligado Nacional (SIN). Ficamos à mercê da energia que vem da hidrelétrica de Guri, na Venezuela, e do que é gerado pelas quatro usinas termelétricas existentes no Estado.

As alegações da Aneel para mais esse reajuste é o aumento do gasto com compra de energia da Venezuela e também o aumento do consumo do óleo diesel para a produção nas termelétricas. Some-se a isso um reajuste que deveria ter sido aplicado em 2017, mas só está sendo computado em 2018.

O novo Presidente da República tem como um dos grandes desafios barrar a escalada da tarifa de energia que, na avaliação de especialistas, deve passar pela redução dos encargos, além de  um maior equilíbrio da matriz elétrica, com investimentos em outras fontes de energia como a solar e a eólica, e também um trabalho de conscientização do Congresso, para evitar medidas que afetam diretamente o custo final para o consumidor.

Em Roraima, é preciso também que possamos ter uma energia mais segura e confiável, com a vinda do Linhão de Tucuruí, que até hoje está travado devido a questões ambientais. Não podemos ficar eternamente dependentes de uma energia importada, cara e inconstante, ou mesmo das termelétricas, que além de caras, são altamente poluentes. O povo de Roraima não pode ser penalizado com esses sucessivos reajustes na energia elétrica.

É necessária a união de toda a classe política para tentar reverter esse aumento e pressionar o Governo Federal a agilizar o processo de liberação do Linhão de Tucuruí. Mas, é preciso que a população também se mobilize para cobrar seus representantes e mostrar sua indignação com esse problema que atinge a todos nós, independente de classe social.

Estamos no começo de um verão que, de acordo com especialistas, deverá ser um dos mais quentes dos últimos anos. Isso, por si só, já causa um aumento no consumo de energia, devido a maior frequência do uso de centrais de ar e ar condicionado. Mesmo antes do reajuste, a população já havia percebido um aumento no valor mensal de seu consumo, devido o forte calor. Com o reajuste, a tendência será piorar ainda mais.

É preciso uma medida urgente. Nosso povo não aguenta mais tanta exploração.

*Ex-governador de Roraima

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Angústia interminável

Ranior Almeida Viana*

Na noite do último domingo (04/11/18) eu rabiscava um possível texto para o dia de hoje, quando meu telefone toca e do outro lado da linha, era meu irmão a me dizer bem objetivamente – “a Rayssa, (uma pausa ensurdecedora) falec…”O quê fazer nesta ocasião? – pensei.

Eu, sem acreditar no que ouvia, e sem conseguir dizer uma palavra, desliguei o telefone. Já era tarde da noite quando tentei fazer contanto via messenger com Rayssa e nada. Notícia que foi dada para suas irmãs.

Falo de minha sobrinha, uma menina de 22 anos, mãe de dois meninos e a segunda filha mais velha de minha única irmã biológica. Há mais de um ano ela foi convidada a se aventurar em um garimpo na Guiana. Teve Malária. Entre outros desafios, se envolveu com um garimpeiro e com ele, seguiu para outro garimpo passando pelo Suriname e chega à Guiana Francesa.

A única informação que se tinha foi dada através de uma brasileira
que vive naquela região que a conhecia. Ouvi a conversa telefônica da senhora com o pai de Rayssa, que acompanhou o internamento em um hospital de Saint-Laurent-du-Maroni que é uma cidade do departamento ultramarino francês da Guiana Francesa situado próximo à foz do rio Maroni, junto à fronteira com o Suriname, a Nordeste do continente sul-americano.

Segundo a senhora que trouxe informação, devido o estado ser grave de saúde, Rayssa foi levada de helicóptero à Caiena que é a capital da Guiana Francesa, departamento ultramarino francês no norte da América do Sul.

Ainda no diálogo, a senhora afirmou: – “Olhe moço, lhe digo de coração, não tem ninguém que esteja sofrendo tanto com a situação dessa criança do que eu (…) eu vi aquela moça ali no hospital e ela me falou dos dois filhos dela, que o senhor é separado da mãe dela. Perguntei pra ela, mas tu não tem (sic) família no Brasil minha filha? Pra quê tu foi engravidar? Ela responde: Eu já me arrependi tanto, mas Deus me deu então vou ter, eu tenho um filho que meu pai cria, tenho outro que os avós paternos cria, e eu só queria trabalhar pra comprar uma casa e juntar meus filhos no Brasil.”.

Angústia interminável por essa menina está passando por tudo isso sozinha em outro país e os familiares aqui deste lado sem saber o que fazer. Este era o tipo de notícia que torcemos para não passar de um grande “fake news” e a nossa Rayssa esteja viva! Nossa última conversa foi no dia 19/10/18 no dia em que ela completou 22 anos. Deixei com suas irmãs, a sua camisa do Grêmio A. S. com número 96 (ano de seu nascimento) e seu nome nas costas, ela me agradeceu pelo presente, disse que gostou e que estava com muita saudade de casa e que se encontrava na Guiana Francesa.

*Sociólogo – CRP 040/RR.

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Brasil esse colosso imenso

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Gosto de ver um homem orgulhar-se de seu país, mas gosto também de vê-lo viver de tal maneira que seu país se orgulhe igualmente dele.” (Abraham Lincoln)

Nunca iremos nos orgulhar do nosso país se não lhe dermos condições para que ele se orgulhe de nós. E o Brasil nunca se orgulhará de nós se não nos prepararmos para ele. Então vamos nos preparar para um país à nossa altura. Porque até agora não tivemos feito o que devemos fazer como deve ser feito. Vá refletindo sobre isso. Temos vivido um período político contraditório. E nunca nos organizaremos enquanto não mudarmos nossos pensamentos e, consequentemente, nossas atitudes políticas. Acabamos de entrar numa nova vereda, a caminho das mudanças. E estas vão depender da nossa maturidade. Já está na hora de pensarmos e agirmos como uma nação civilizada.

Ainda navegamos na canoa furada da política do rouba, mas faz. E não estou nadando. Ainda recentemente ouvi isso, numa conversa de corredor de hospital. Mas vamos deixar de blá-blá-blá, e fazer nossa parte para o desenvolvimento no aprimoramento da nossa política. E todos, e cada um de nós, têm o poder de mudar. Mas primeiro precisa definir o que é política. Infelizmente a maioria da população ainda define a política como uma maracutaia. Quando na verdade a política é muito importante para o crescimento de uma nação. Sem ela não seríamos nem mesmo cidadãos.

Bem, vamos mudar o rumo da prosa. Sei que estou ficando chato com esse papo. Mas ele é necessário e indispensável para o nosso desenvolvimento. Eduque seu filho para o futuro que ele vai viver. E educar não significa dirigir. Mantenha a ordem na orientação, para não cair no círculo da direção. Quando orientamos nossos filhos não temos por que nos preocuparmos com desorientações na vida deles. Sabemos e lhes transmitimos que os erros fazem parte do aprendizado. Mas não devemos continuar errando. Os trancos fazem parte da vida. Mas temos que aprender a contorná-los. E podemos aprender isso com um lobinho-escoteiro: “Eu pulo pu riba.”

Vamos relaxar, mas sem relaxamento. Sabemos da responsabilidade que temos para o aprimoramento da nossa educação. Porque sem ela nunca seremos um povo nem uma nação civilizados. E cuidar da educação não significa apenas reformar prédios e melhorar salários. Há muito mais e mais importante a fazer. E isso requer muito tempo. E é por isso que devemos iniciar a batalha o mais rapidamente possível. Vamos fazer nossa parte. Comecemos respeitando os governantes eleitos para fazerem a parte deles, que é nossa. Nada é feito gratuitamente. Nós pagamos pelo trabalho. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460