Os mais de 3.200 enfermeiros do Estado devem cruzar os braços a partir desta sexta-feira, dia 29, por tempo indeterminado, segundo informou o presidente do Sindicato dos Profissionais em Enfermagem de Roraima (Sindiprer), Melquisedeque Menezes. Ele afirmou que a paralisação vai atingir todas as unidades de saúde da capital e dos 14 municípios do interior, que atuarão com apenas 30% de profissionais para atender a população, como previsto em lei.
“Estamos paralisando as nossas atividades por direitos e não por privilégios e essa mobilização vai atingir todos os servidores da Capital e nos 14 municípios do interior e estaremos falando e informando a população os motivos de nossa paralisação por tempo indeterminado”, disse.
A ação se faz necessária, segundo o sindicalista, para chamar a atenção da pauta de reivindicação entregue à Secretaria Estadual de Saúde, Casa Civil e Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado.
“Iniciamos em 13 de novembro com as tratativas e como não houve respostas satisfatórias no atendimento de nossas reivindicações até o momento a grave permanece e agora legalizamos os trâmites normais para deliberar a paralisação por tempo indeterminado”, afirmou.
Entre as reivindicações feitas, ele citou as condições de trabalho que são desumanas dentro das unidades de saúde, principalmente nas unidades de referência no Estado, como HGR, Maternidade, Policlínica Cosme e Silva na Capital, além do Hospital Regional Otomar de Souza Pinto, em Rorainópolis e Hospital José Guedes Catão, em Mucajaí.
“Todas estas unidades estão sem segurança para o profissional. Faltam insumos, medicamentos e equipamentos de proteção individual, como gorro, máscaras, pró-pé e avental. Não temos um projeto de saúde do trabalhador, que quando adoece vai enfrentar as mesmas vias de um paciente normal, e isso já resultou em 23 óbitos de 2015 a 2019, sendo que só este ano já foram sete mortes da categoria. Foram registrados, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem. Todas estas mortes foram relacionadas ao adoecimento do trabalhador devido ao fato das condições do trabalhador nestes últimos anos”, afirmou. “Além das questões trabalhistas que desde 2016 os servidores estão sem revisão geral anual, e isso é garantido por lei, e o salário do servidor da enfermagem é o mais defasado do Governo do Estado”, disse.
Melquisedeque elencou ainda pagamento das progressões, o retroativo (passivo de anos anteriores) e o plano de carreira, cargos e remuneração da categoria.
“A categoria de enfermagem é a menos valorizada no Governo do Estado, e a que mais trabalha”, afirmou. “Fizemos greve em 2016 reivindicando as mesmas pautas de agora e nenhuma ação foi feita por parte do Governo”, disse. “Fizemos uma paralisação de advertência por 24 horas em 23 de outubro.”
Ele citou que hoje, para um profissional fazer uma cirurgia, tem que fazer cotas entre os amigos e familiares e buscar doações por meio de feijoadas e rifas.
“Temos vários colegas que estão dessa forma e isso culminou na decisão de ter que fazer essa greve geral. É porque a situação está muito séria e já levamos ao conhecimento de todos os poderes do Estado, e queremos algo efetivado. E a solução de nossa demanda, que há muito tempo que estamos batendo de porta em porta, e ninguém resolve”, afirmou. (R.R)