Grupo resgata História da Serra de Tepequém e revitaliza Ruínas da Vila Cabo Sobral  
Placas com informações históricas foram instaladas nas Ruínas da Vila Cabo Sobral

Abandonado por anos pelo poder público e tomado pelo matagal, o local que é considerado o berço histórico da Serra do Tepequém, que é a Vila Cabo Sobral, começou a ser revitalizado por iniciativa voluntária do Grupo Amigos de Tepequém, que é composto por guias de Turismo formados pelo Instituto Federal de Roraima (IFRR) no ano passado, condutores locais e moradores antigos e atuais. O trabalho de resgate histórica resume seis anos de pesquisa feita junto a moradores, antigos garimpeiros e estudo sobre o garimpo em Tepequém.

O projeto de revitalização das Ruínas da Vila Cabo Sobral, povoação que surgiu a partir do início da corrida pelo diamante na década de 1940, nasceu de um trabalho de grupo da disciplina Geografia do Brasil e da América do Sul Aplicado ao Turismo, que idealizou a limpeza do local onde estão as ruínas de antigas habitações e a instalação de placas com informações históricas sobre o início do garimpo e a chegada de pessoas em busca do sonho de ficarem ricas com a exploração mineral.

A ideia saiu do papel e a revitalização começou na segunda semana do mês de setembro passado, com a limpeza do terreno onde estão os restos de construções do antigo Destacamento da Polícia Militar, erguido mais recentemente, no fim da década de 1990, quando a atividade garimpeira com maquinários começou a ser proibida, necessitando da presença da PM para garantir a ordem e o cumprimento da decisão do Governo Federal de não mais permitir entrada de garimpeiros.

Nesta segunda-feira, 13 de outubro, foram instaladas oito placas, das quais sete com informações históricas e mais uma de identificação das Ruínas. As placas narram a chegada dos primeiros garimpeiros em 1937, passando pelo auge da exploração manual de diamantes, de 1940 a 1950, bem como a compra da concessão da lavra da Serra de Tepequém, em 1953, por uma empresa belga, que provocou profundas transformações do local, ao desviar o curso das águas dos igarapés com detonação de dinamite, a fim de facilitar a garimpagem.

Constam ainda dados sobre a formação da Vila Cabo Sobral, que chegou a ter uma população de até 5 mil habitantes, com cinema e pista de pouso de avião, entre as décadas de 1950 e 1960, além de fatos históricos sobre as fases finais do garimpo com maquinários, na década de 1970, até o início da exploração do turismo, no início da década de 2000. É um passeio histórico para quem quer saber da fascinante história de um local que foi o principal garimpo de diamantes a céu aberto da América do Sul até se tornar o principal ponto turístico consolidado de Roraima.

Paralelamente a este trabalho de revitalização, com resgate histórico da Vila Cabo Sobral, o Grupo Amigos de Tepequém também vem realizando ao mesmo tempo a conscientização ambiental, com instalação de placas alertando sobre a questão do lixo, pichação e poluição sonora nos atrativos, os quais são os principais problemas enfrentados pela comunidade, fato este também ignorado por todas as esferas do governo, especialmente a Prefeitura do Amajari e o Governo do Estado.

A próxima ação do grupo será buscar o tombamento das Ruínas da Vila Cabo Sobral como Patrimônio Histórico e Cultural, como forma de garantir que o local seja preservado e que a História da Serra do Tepequém seja um legado para as futuras gerações, passando a servir também ao Turismo Histórico e Cultural, uma vez que a vila ainda é habitada por antigos garimpeiros e que praticam o garimpo artesanal.

Nesse momento, a limpeza das Ruínas e a instalação das placas históricas vão proporcionar à comunidade, aos guias e condutores mais um atrativo turístico para os visitantes, garantindo o resgate histórico, a preservação do patrimônio histórico e cultural, além do ressurgimento do orgulho dos remanescentes do auge e da decadência do garimpo de diamante que hoje vivem exclusivamente das atividades turísticas.   

*Colunista

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