Dados sobre pecuária são de pesquisa do IBGE (Foto: Reprodução)
Dados sobre pecuária são de pesquisa do IBGE (Foto: Reprodução)

O mais recente relatório “Estatística da Produção Pecuária – 2º trimestre de 2025”, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o Brasil manteve o ritmo de crescimento no abate de bovinos e que Roraima teve papel relevante nesse avanço. Ainda que o estado apresente números menores em volume, a tendência de expansão se repete, acompanhando o cenário nacional.

De acordo com o IBGE, foram abatidas 10,46 milhões de cabeças de bovinos em todo o país entre abril e junho de 2025, um aumento de 3,9% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 5,5% na comparação com o trimestre anterior. Trata-se do segundo maior resultado da série histórica, ficando atrás apenas do terceiro trimestre de 2024. O mês de maio foi o de maior atividade, com 3,59 milhões de cabeças abatidas.

A Região Centro-Oeste segue como a principal produtora, responsável por 36,3% de todo o abate nacional, seguida pela Região Norte, que respondeu por 23,7% do total. Dentro desse contexto, Roraima teve 33.346 mil bovinos abatidos no 2º trimestre de 2025, em comparação com 25.709 mil no 2º trimestre de 2024, ou seja, uma variação de 29,7%. Na análise do peso das carcaças em toneladas, o volume foi de 6.173 em 2024 e 8.296 em 2025, com uma variação de 34,4%.

Embora ainda com participação modesta em volume absoluto, o Estado aparece inserido na rota de crescimento do Norte, impulsionado pelo avanço da pecuária extensiva e pelo aumento da demanda por carne na fronteira norte do país.

Segundo o IBGE, o aumento geral no abate foi motivado pela expansão das exportações de carne bovina in natura, que atingiram 700,68 mil toneladas, um recorde histórico para um segundo trimestre, puxado pela China e pelos Estados Unidos. Esse movimento ajudou a valorizar a arroba do boi gordo, que atingiu média de R$ 315,09, cerca de 39% superior ao mesmo período de 2024.

Em Roraima, o comportamento do mercado local segue essa tendência de valorização, mas o desafio está na baixa capacidade industrial para o processamento da carne. A maior parte do abate ainda ocorre em pequenos e médios estabelecimentos, que operam sob fiscalização municipal ou estadual.

O relatório nacional aponta que apenas 7% dos estabelecimentos brasileiros têm capacidade para abater mais de 500 bovinos por dia, mas concentram quase metade do abate nacional (49,9%), um contraste marcante com a realidade roraimense, onde o volume é bem mais reduzido.

Outro dado relevante é o aumento do abate de fêmeas, que pela primeira vez superou o de machos, chegando a 50,3% do total nacional. Esse dado indica uma possível redução no ritmo de reposição de rebanho, algo que pode afetar a produtividade a médio prazo, especialmente em estados com crescimento recente da pecuária, como Roraima.

Enquanto os estados de Mato Grosso, São Paulo e Goiás lideram o ranking nacional, com 16,7%, 10,9% e 10,1% da produção respectivamente, os estados do Norte, incluindo Roraima, Acre e Rondônia, vêm ampliando gradualmente sua participação. Em Roraima, o avanço no abate é reflexo direto da expansão das áreas de pastagem e da consolidação de novas rotas de escoamento, que permitem maior integração com frigoríficos da Região Norte e, em alguns casos, com o mercado externo via Amazonas e Pará.

O IBGE destaca que “o abate de 395,9 mil cabeças de bovinos a mais no 2º trimestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano anterior, foi impulsionado por aumentos em 20 das 27 Unidades da Federação”, reforçando que o crescimento tem sido generalizado, ainda que desigual entre as regiões.