Neste domingo (5), Roraima celebra 37 anos como unidade federativa do Brasil. Mais jovem entre os estados, carrega em sua trajetória a harmonia entre a rica biodiversidade e a diversidade cultural de seu povo, marcada por raízes indígenas, ciclos migratórios e transformações sociais que moldaram sua identidade.
Localizado no extremo Norte do país, Roraima tem sua história ligada a diferentes povos originários e às primeiras incursões portuguesas no século XVII, quando o explorador Pedro Teixeira nomeou o principal rio do estado de “Branco”. Com o passar dos séculos, vieram os europeus em busca de recursos naturais e mão de obra indígena. A partir de 1741, o governo português passou a incentivar a pecuária e atrair migrantes, especialmente nordestinos.
Em 1943, a região foi transformada em Território Federal e, apenas em 1988, conquistou o status de estado. Desde então, Roraima se firmou como um mosaico de culturas, recebendo pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo.
Crescimento populacional: mais de 800% em 37 anos
Em 1980, Roraima tinha apenas 79 mil habitantes, concentrados em dois municípios: Boa Vista e Caracaraí. Três décadas depois, o estado deve atingir 738 mil habitantes em 2025, segundo estimativas do IBGE, consolidando um crescimento proporcional superior a 800%.
Boa Vista concentra a maior parte da população, com 485.477 habitantes, enquanto municípios do interior e da fronteira, como Rorainópolis (37.787) e Pacaraima (23.112), também se destacam. A densidade demográfica segue baixa, com apenas 2,85 habitantes por km², distribuídos em 223.505 km², refletindo a grande extensão territorial e a concentração de moradores nos polos urbanos.
O crescimento é impulsionado por migrações internas e internacionais. Pacaraima, principal porta de entrada terrestre para migrantes e refugiados da Venezuela, registrou o maior crescimento percentual entre os 15 municípios em 2024: 14,49%. Segundo o IBGE, a população estimada da cidade em 1º de julho de 2024 era de 22.104 pessoas, contra 11.667 habitantes há dez anos – um aumento de 89,45% desde 2014.
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O impacto das migrações se reflete no cotidiano: Boa Vista e Pacaraima enfrentam maior demanda por serviços públicos, mas também experimentam dinamismo econômico, diversidade cultural e aumento da oferta de mão de obra.
Transformações territoriais e históricas
A evolução populacional caminhou junto com mudanças no mapa político-administrativo. Nos anos 1980, Roraima tinha apenas Boa Vista e Caracaraí como municípios principais. Em 1991, surgiram novos municípios, como Bonfim, Normandia, Mucajaí, São João da Baliza e São Luiz, refletindo a expansão e a interiorização da população. Hoje, são 15 municípios que dividem o território estadual, organizando o crescimento de forma mais estruturada.
O estado também passou por diferentes fases históricas: da exploração inicial dos colonizadores europeus à introdução da pecuária por Manoel da Gama Lobo d’Almada, da colonização definitiva com imigrantes nordestinos às fronteiras contemporâneas que recebem migrantes de toda a América do Sul. Cada fase deixou marcas na paisagem, na economia e na diversidade cultural de Roraima.
Desafios e oportunidades
O crescimento populacional acelerado trouxe impactos diretos em educação, saúde, mobilidade e economia. Em 2024, o estado registrou:
- 112.790 matrículas no ensino fundamental
- Rendimento domiciliar per capita: R$ 1.538
- Frota de veículos: 289.075 unidades
- Produto Interno Bruto estadual: R$ 10,57 bilhões em receitas brutas e R$ 8,57 bilhões em despesas
- Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,699 (2021)
Apesar dos desafios, Roraima segue sendo um território de oportunidades, atraindo investimentos e vivendo um processo de transformação único no país.