EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

WhatsApp na universidade: ferramenta de integração ou fonte de distração?

Pesquisadores sugerem não evitar o WhatsApp, mas usá-lo de forma mais consciente na vida universitária

Os pesquisadores defendem um uso mais consciente e estratégico do WhatsApp por universitário (Foto Divulgação)
Os pesquisadores defendem um uso mais consciente e estratégico do WhatsApp por universitário (Foto Divulgação)

Para muitos estudantes que ingressam no ensino superior, o primeiro semestre universitário é repleto de desafios: novas amizades, rotinas acadêmicas exigentes e a pressão por adaptação. Em meio a esse cenário, uma ferramenta digital amplamente utilizada tem se mostrado peça-chave nesse processo: o WhatsApp.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



De acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica Frontiers in Education, grupos no aplicativo de mensagens instantâneas têm um papel ambíguo no cotidiano de calouros: ao mesmo tempo em que promovem acolhimento e integração social, também podem intensificar distrações e dificultar o foco nas atividades acadêmicas.

A pesquisa acompanhou estudantes de primeiro ano de uma universidade britânica e revelou que grupos de WhatsApp criados logo nas primeiras semanas do curso ajudaram muitos alunos a se sentirem mais confiantes e conectados. Mensagens rápidas, memes e dúvidas compartilhadas contribuíram para a criação de vínculos e reduziram o isolamento comum nos primeiros meses da vida universitária.

“Esses grupos funcionam como uma extensão da sala de aula e também como uma rede de apoio emocional. O estudante percebe que não está sozinho em suas dúvidas e inseguranças”, explica uma das autoras do estudo.

No entanto, o mesmo canal de integração pode se transformar em um fator de estresse. Segundo o levantamento, uma parte significativa dos participantes relatou sentir-se sobrecarregada pela quantidade de mensagens recebidas, muitas vezes irrelevantes ou fora do contexto acadêmico.

Além disso, o hábito de verificar constantemente o celular, estimulado por notificações incessantes, foi associado a uma menor capacidade de concentração, especialmente durante aulas, estudos e provas.

“As conversas que começam com dúvidas sobre uma disciplina facilmente escorregam para assuntos paralelos, como festas, piadas e polêmicas”, alerta o estudo.

Os pesquisadores não sugerem que o WhatsApp deva ser evitado, mas que seu uso entre universitários seja mais consciente e estratégico. Uma das recomendações do artigo é a criação de códigos de conduta digital para grupos acadêmicos, com moderação clara e foco nos objetivos educacionais. Além disso, educadores e instituições podem promover discussões sobre saúde digital e oferecer alternativas que combinem conectividade com produtividade.

O estudo reforça também um ponto central das transformações educacionais contemporâneas: a adaptação ao ambiente universitário hoje vai além da presença física nos campi. Envolve também a forma como os estudantes se conectam virtualmente, constroem vínculos e lidam com a avalanche de informações que chegam pelo celular. Nesse cenário, o WhatsApp é um aliado poderoso, mas que, se não for bem gerenciado, pode se tornar um obstáculo invisível à aprendizagem.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.