INTERNACIONAL

Fim do apoio dos EUA pode causar milhões de mortes por AIDS no mundo

Com suspensão de repasses, mundo pode enfrentar nova onda de infecções e mortes evitáveis por AIDS

Programas de testagem, prevenção e tratamento já enfrentam paralisações em países da África (Foto Divulgação)
Programas de testagem, prevenção e tratamento já enfrentam paralisações em países da África (Foto Divulgação)

O corte no financiamento do PEPFAR (Plano Emergencial do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS) pode causar um retrocesso dramático no combate à epidemia de HIV/Aids, segundo estimativas de organismos internacionais e universidades. Lançado em 2003, o programa é considerado a maior iniciativa global para enfrentamento da AIDS e já salvou mais de 25 milhões de vidas. Agora, diante do congelamento dos recursos, o mundo pode enfrentar uma nova onda de infecções e mortes evitáveis.

Estimativas alarmantes

A UNAIDS, agência das Nações Unidas para a resposta global ao HIV, estima que mais de 4 milhões de pessoas podem morrer de AIDS entre 2025 e 2029, caso o financiamento norte-americano não seja substituído. Além disso, o número de novas infecções pode ultrapassar 6 milhões no mesmo período.

O cenário se torna ainda mais grave caso outros países doadores, como Reino Unido, França, Alemanha e Holanda, também reduzam seus repasses. Projeções ampliadas indicam entre 2,9 milhões e 6,3 milhões de mortes por AIDS até 2030, segundo dados reunidos por entidades internacionais.

Impacto em crianças

Estudo da Universidade de Oxford aponta que a suspensão total do PEPFAR na África Subsaariana pode causar quase 500 mil mortes entre crianças até 2030. Além disso, mais de 1 milhão de novas infecções pediátricas podem ocorrer, caso os programas de prevenção de transmissão vertical (de mãe para filho) sejam interrompidos.


Efeitos imediatos já são sentidos

Países da África Oriental, como Etiópia, Quênia, Malawi, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue, que dependem fortemente do financiamento norte-americano, estão entre os mais afetados. Um estudo conduzido por especialistas em saúde pública aponta que o congelamento de recursos por apenas 90 dias pode resultar em 60 a 74 mil mortes adicionais por HIV até 2030.

Além disso, muitas clínicas estão fechando, profissionais de saúde estão sendo demitidos e programas essenciais, como testagem, prevenção com PrEP e distribuição de antirretrovirais, estão sendo reduzidos ou suspensos.


Risco de novo colapso global

Especialistas alertam que, sem tratamento contínuo, há risco de aumento da resistência ao HIV e o surgimento de cepas mais difíceis de controlar. Com isso, o mundo corre o risco de reviver parte da crise sanitária das décadas de 1980 e 1990, quando o acesso ao tratamento era escasso e o número de mortes crescia de forma exponencial.

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