O Sistema Único de Saúde (SUS) vai ampliar a oferta de tratamentos para mulheres com endometriose com a incorporação de dois novos métodos hormonais: o DIU com levonorgestrel (DIU-LNG) e o desogestrel. A medida foi anunciada pelo Ministério da Saúde após recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), com publicação nas Portarias SECTICS/MS nº 41 e nº 43, de 2025.
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que afeta cerca de 10% das mulheres e meninas em idade reprodutiva em todo o mundo. No Brasil, o SUS já oferece tratamento clínico e cirúrgico.
Como funcionam os novos tratamentos
O DIU-LNG atua suprimindo o crescimento do tecido endometrial fora do útero. É indicado, principalmente, para mulheres que não podem usar contraceptivos orais combinados. Por ter efeito prolongado – com troca recomendada a cada cinco anos – pode favorecer a adesão ao tratamento.
Já o desogestrel é um anticoncepcional hormonal que inibe a ovulação e bloqueia a atividade hormonal responsável pelo crescimento do endométrio fora da cavidade uterina. Ele poderá ser usado como primeira linha de tratamento, mesmo antes da confirmação diagnóstica por exames, desde que avaliado clinicamente.
Para que os dois tratamentos estejam disponíveis na rede pública, o Ministério da Saúde ainda precisa atualizar o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose.
“Mais do que inovação, estamos falando de garantir cuidado oportuno e eficaz para milhares de mulheres que convivem com a dor e o impacto da endometriose em seu dia a dia. A oferta desses dois tratamentos representa, acima de tudo, qualidade de vida para as pacientes e um avanço relevante na atualização tecnológica do SUS”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Dados do Ministério da Saúde mostram que os atendimentos na Atenção Primária para diagnóstico da endometriose aumentaram 30% nos últimos dois anos: foram 115 mil registros em 2022 e quase 145 mil em 2024. No total, entre 2023 e 2024, o SUS realizou mais de 260 mil atendimentos.
Na Atenção Especializada, o crescimento foi ainda maior: 70%. O número de atendimentos passou de 31,7 mil em 2022 para 53,7 mil em 2024. As internações pela doença também subiram 32%, com 14,7 mil em 2022 e 19,5 mil em 2024. No total, o SUS registrou 34,3 mil internações por endometriose entre 2023 e 2024.
O que já está disponível na rede pública
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Atualmente, o SUS oferece tratamento clínico com terapia hormonal (como contraceptivos orais, análogos do GnRH e progestágenos), além do uso de analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor. As pacientes também recebem acompanhamento multidisciplinar.
Nos casos em que há indicação cirúrgica, são ofertados procedimentos como:
- Videolaparoscopia – técnica minimamente invasiva para diagnóstico ou remoção dos focos da doença;
- Laparotomia – cirurgia aberta para quadros mais complexos;
- Histerectomia – remoção do útero, indicada apenas em situações específicas, após avaliação médica rigorosa.
A endometriose ocorre quando um tecido semelhante ao que reveste o útero cresce em outras partes do corpo, como ovários, bexiga ou intestino, provocando inflamação. Os principais sintomas incluem cólica menstrual intensa, dor pélvica crônica, dor durante relações sexuais, infertilidade e alterações intestinais ou urinárias com padrão cíclico.