O presidente estadunidense Donald Trump confirmou neste sábado (21) que o País realizou um ataque “muito bem-sucedido” contra três instalações nucleares iranianas, o que marca a entrada formal dos Estados Unidos no conflito iniciado por Israel em 13 de junho.
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“Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares do Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan. Uma carga completa de bombas foi lançada sobre a principal instalação, Fordow”, escreveu Trump na rede social Truth Social. Veículos de imprensa do Irã também confirmaram a ofensiva sobre Fordow, atribuindo os ataques a “bombardeios inimigos”.
Os três locais mencionados são considerados cruciais para o programa nuclear iraniano. Fordow e Natanz funcionam como os principais centros de enriquecimento de urânio, sendo que Natanz já havia sido atingido por forças israelenses dias antes. Já o complexo próximo a Isfahan seria, segundo especialistas, o principal depósito de urânio enriquecido a níveis próximos ao grau militar.
Inspeções recentes apontaram que, até algumas semanas atrás, o material enriquecido a 60% ainda estava armazenado em barris dentro de laboratórios subterrâneos no local. Entretanto, há dúvidas se o Irã teria transferido parte desses estoques, como sugeriram autoridades do país nos últimos dias.
A operação americana teria contado com a participação de bombardeiros B-2, que partiram da base aérea de Whiteman, no Missouri. As aeronaves estavam equipadas com bombas “bunker buster” de 13,6 toneladas, projetadas para penetrar instalações subterrâneas fortificadas.
Apoios, recuos e pressão política
Apesar da resistência inicial de setores republicanos anti-intervencionistas, Trump viu parte de seus apoiadores mudarem de posição nas últimas 48 horas, defendendo uma resposta limitada mas direta aos avanços nucleares iranianos.
A decisão de Trump contrasta com sua postura crítica a intervenções militares passadas, como a Guerra do Iraque. Ainda assim, ele vinha insistindo que “não era aceitável que o Irã tivesse uma arma nuclear”, argumento que se alinhou ao desejo de setores mais conservadores do Partido Republicano, tradicionalmente favoráveis a ações ofensivas.
Especialistas alertam que a medida abre um novo capítulo na instável geopolítica do Oriente Médio.
“É uma nova fase, potencialmente problemática”, disse Ray Takeyh, pesquisador sênior do Conselho de Relações Exteriores. Para ele, os líderes iranianos “foram muito humilhados de todas as maneiras possíveis, e isso os torna vulneráveis à sua população e às críticas internas”. Takeyh conclui: “Eles teriam que essencialmente restaurar o orgulho de alguma forma.”
O ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, expressou apoio à decisão americana, destacando: “o presidente Trump tomou uma ‘decisão ousada pelos Estados Unidos, por Israel e por toda a humanidade’”. Gallant, demitido por Netanyahu em 2023, vinha pressionando por maior envolvimento dos EUA na guerra contra o Irã e o Hamas.
Cresce o temor de escalada
A principal dúvida agora é a reação do Irã. Especialistas acreditam que, se Teerã entender os ataques como limitados aos complexos nucleares, poderá conter sua resposta. Mas se a ofensiva for vista como ampla, há risco de retaliações significativas, inclusive contra bases americanas no Oriente Médio.
“Então, estamos diante de uma espiral de escalada significativa que pode sair do controle rapidamente”, alertou Jonathan Panikoff, diretor da Iniciativa Scowcroft de Segurança no Oriente Médio, no Atlantic Council.
Na sexta-feira (20), Trump havia dado ao Irã um prazo de duas semanas para evitar os ataques, sugerindo que poderia agir antes mesmo do fim do período estipulado. Também descartou qualquer possibilidade de sucesso nas negociações entre o Irã e países europeus, iniciadas na Suíça.